Apesar do discurso favorável à agricultura familiar por parte do governo federal como maneira de combate ao desemprego, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) manterá limitada sua participação como financiador de pequenos agricultores. "É uma pena", lamenta o presidente da instituição, Carlos Lessa, que não aprova o modelo agrícola atual baseado em latifúndio exportador.
A explicação dada por Lessa para a pequena presença da instituição no financiamento do pequeno produtor agrícola é de ordem técnica. Ele informa impotência do BNDES está nas di-ficuldade impostas pelas "técnicas bancárias". Segundo Lessa, o banco do governo depende de bancos agentes para repassar o crédito e estes, por sua vez, não o fazem.
Agricultura de exportação
O banco de fomento nada pode fazer "se os empresários se fixam no mercado externo em vez de se voltarem para a demanda interna", onde há de 50 a 60 milhões à espera de alimentação adequada, declara o presidente do BNDES.
A manutenção dos "latifúndios" voltados para o mercado internacional como dominante no campo foi bombardeada pelo coordenador do Movimento dos Sem Terra (MST), João Pedro Stédile. Para ele, o modelo agrícola impede a inclusão social e a geração de empregos. Juntamente com outros economistas, Lessa e Stédile participaram ontem do seminário "Inclusão Social pelo Trabalho Decente e o Sistema de Fomento", na sede do BNDES.