Biotecnologia pode impedir a extinção do cacau
Cultura sofre com maior temperatura global, erosão e contaminação do solo
O avanço da biotecnologia e as pesquisas de melhoramento genético são as grandes esperanças para impedir a extinção do cacau. Fatores como o aumento da temperatura global, a erosão, a contaminação do solo e a crescente demanda pelo chocolate fazem cientistas acreditarem que o cacau será tão raro e caro quanto o caviar nos próximos anos.
O cenário negativo faz com que pesquisadores invistam no melhoramento genético e na biotecnologia a fim de criar plantas mais resistentes ao clima e as pragas. Segundo Adriana Brondani, diretora executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), a transgenia é uma das formas mais poderosas de garantir a biodiversidade da planta. “Por meio dela podemos identificar e transferir genes que permitiriam a sobrevivência de espécies em condições antes inviáveis”, afirma.
O Brasil, que é um dos maiores produtores de cacau, está utilizando a ciência para desenvolver sementes que não sejam sensíveis ao fungo causador da vassoura-de-bruxa, praga que dizimou lavouras no fim dos anos 1980 e fez a produção despencar de 320 mil toneladas para 190 mil toneladas em 1991. Um estudo do Instituto de Biologia e do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) descobriu que essa sensibilidade se deve a origem das sementes, que em sua maioria é da variedade forasteiro. Isso é importante porque tornou possível a identificação de árvores resistentes à doença e com maior variação genética.
Outra boa notícia é que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), prevê um crescimento de 8% do faturamento com o cacau em 2018 e a expectativa é de que a entrega da matéria-prima local à indústria aumente 10%. O Brasil pode ser imensamente beneficiado pelas pesquisas, já que o Pará, o maior produtor de cacau do país, tem uma média de 911 kg/hectare, o que já é bem maior que a média mundial de 550 kg/hectare.