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BB afirma que liberação do custeio é 10% maior até outubro


Quando puxou o extrato do banco na sexta-feira, o produtor Luciano Faria, de Sinop (MT), soltou um suspiro de desânimo. "Tinha esperanças de que o custeio agrícola tivesse saído. Apresentei minha proposta de financiamento no início de setembro e até agora nada de crédito", diz Faria, que pretende plantar 260 hectares de arroz.

O Banco do Brasil (BB), maior agente financiador da safra, afirma que entre julho e outubro terá liberado R$ 11 bilhões em crédito rural, volume 10% maior que o registrado em igual período do ano passado. "A greve bancária pode ter atrapalhado, mas apenas pontualmente. No geral, a liberação está dentro da normalidade", diz Ricardo Conceição, vice-presidente de agronegócios do BB.

Apesar do aumento de 10% na liberação, vale lembrar que para esta safra o BB vai aumentar a oferta de crédito em 24,4%, para R$ 25,5 bilhões. Ou seja, a liberação de recursos ocorreu em ritmo menor se comparada com o aumento da oferta. "De fato, houve atraso na liberação de crédito para investimento, mas foi um caso isolado que estamos tentando compensar", diz Conceição. Por investimento entenda-se linhas do Moderfrota, Moderinfra e Moderagro. Esses financiamentos estão atrasados em razão de um erro na resolução que liberava os recursos. O erro foi consertado, mas o atraso foi de quase dois meses.

"O custeio agrícola está atrasado e estão faltando recursos com juros de 8,75% ao ano", diz Luciano Carvalho, economista da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). "A situação é agravada porque as indústrias reduziram drasticamente o financiamento privado, aumentando a pressão sobre o crédito oficial".

Ele diz que nesta safra cerca de 10% da safra foi comprometida antecipadamente com a indústria. Em igual período do ano passado, a porcentagem chegou a até 45%.

Em Sinop, Faria diz que pretende começar o plantio nesta semana. Ele bancou, com recursos próprios, a compra de sementes, defensivos e adubo para o plantio de quase 60% de sua área. "Em cinco dias, utilizo todo o adubo. Espero que o BB libere os recursos até lá". Caso o banco não libere o financiamento, ele diz que deve tentar obter recursos com a indústria, que cobra juros de cerca de 15% ao ano, quase o dobro dos 8,75% do crédito oficial.

Faria, médico de formação, resolveu se aventurar na agricultura na safra passada. "Vi que a agricultura estava indo muito bem e resolvi arriscar", diz. "Tenho esperanças que tudo dê certo no final".

"De fato houve um atraso na liberação do crédito, mas a grande maioria dos agricultores já recebeu os recursos", diz Antônio Sérgio Rossani, presidente do Sindicato Rural de Sinop. No ano passado, os recursos foram liberados a partir de julho. Neste ano, eles saíram somente a partir do final de agosto.

Para acelerar a processo de recepção e aprovação de propostas, o BB contratou mil funcionários extras para atender a área agrícola.

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