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Argentina surpreende com forte crescimento econômico



Qual é o país da América Latina que cresce a taxas superiores a 6,0 por cento ao ano? Não é o México nem o Chile. É a Argentina que, para surpresa de muitos, se expande em um ritmo que nem o governo achava possível.

Enquanto o México reduz suas previsões, o Brasil tenta sair de um período econômico ruim e Uruguai e Venezuela retraem-se, o governo argentino e analistas locais elevam a cada mês seus prognósticos de crescimento da Argentina após a contração de 10,9 por cento em 2002.

"Houve duas grandes surpresas: como está baixa a inflação na Argentina e como está alto o crescimento", disse à Reuters o diretor de mercados emergentes do ABN-Amro Bank, Arturo Porzecanski.

Analistas acreditam que a principal razão da recuperação são as crescentes exportações de produtos primários e um maior consumo dos setores mais ricos de um país em que a metade da população vive na pobreza.

A Argentina iniciou a saída do colapso econômico do ano passado no primeiro semestre de 2003, quando registrou um crescimento de 6,6 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Em julho, a economia avançou 8,8 por cento contra igual mês de 2002.

"O 8,8 por cento de julho foi surpreendente. Já não sei qual é o teto. Ainda é possível prever 6,5 por cento para o ano, mas pode ser 7 por cento", afirmou o diretor do MVA-Macroeconomia, Manuel Sánchez Gómez.

Ao prever o futuro da economia argentina, no entanto, os analistas advertem que sem um retorno dos investimentos será difícil o país manter esse ritmo.

"A Argentina caiu para o sétimo subsolo, recuperou-se para o terceiro subsolo e quem sabe, em alguns anos, chegará ao térreo. Mas para adiante, creio que vair ser muito mais difícil. Sem investimento vai ser muito difícil passar do térreo para cima", disse Porzecanski.

Para o economista de uma das principais centrais trabalhistas argentinas, Claudio Lozano, a recuperação não surpreende. "Viemos de um poço muito fundo. A economia caiu 20 pontos desde meados de 1998. Ainda estamos em uma fase de recuperação do perdido, não em uma fase de crescimento."

Após crescer 3,9 por cento em 1998, a Argentina iniciou uma queda livre, com contrações de 3,4 por cento em 1999, de 0,8 por cento em 2000 e de 4,4 por cento em 2001.

Em dezembro de 2001, uma revolta popular alimentada pelos níveis recordes de desemprego e pobreza derrubou um presidente, abrindo caminho para duas semanas de total caos institucional e um ambiente de protestos permanentes.

Em janeiro de 2002 o então presidente Eduardo Duhalde desvalorizou a moeda local --que perdeu mais de 60 por cento de seu valor frente ao dólar-- e manteve o "default" da dívida declarado por seu antecessor, que havia ocupado o poder por apenas uma semana.

A depreciação da moeda resultou em uma escalada de preços no varejo de 41 por cento em 2002, o que duplicou a pobreza e a indigência. O desemprego atingiu 16 por cento da população em idade de trabalhar. Para este ano, a previsão de inflação é de 3 por cento.

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