Dificuldades burocráticas na liberação dos financiamentos e o contingenciamento de recursos do Programa de Modernização da frota de Tratores, Colheitadeiras e Implementos Agrícolas Associados (Moderfrota) brecam, até o momento, a reação do setor de máquinas agrícolas automotrizes. A avaliação é do vice-presidente da Associação Nacional dos fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Pérsio Luiz Pastre.
De janeiro a julho, as vendas internas de máquinas agrícolas automotrizes — tratores e colheitadeiras — recuaram 2%, para 22,3 mil unidades. Pastre afirma que há processos de financiamento já aprovados, mas parados há mais de 60 dias no setor responsável pelo programa de Financiamento de Equipamentos Novos (Finame) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo ele, isso gera dificuldades para a indústria e para os distribuidores, que vêem acumular-se um estoque de equipamentos já vendidos.
O Moderfrota, por sua vez, teve um montante de recursos de R$ 2 bilhões aprovado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para o plano de safra agrícola 2003/2004, mas apenas R$ 470 milhões foram liberados para financiamentos até outubro. Segundo Pastre, o montante atende apenas à demanda de um mês e meio do setor e tanto os entraves burocráticos do Finame quanto o contingenciamento das verbas do Moderfrota estão sendo discutidos entre a Anfavea e o governo.
Ontem (06-08), durante a reunião que anunciou a redução do IPI para automóveis, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, teria garantido que irá rever o contingenciamento do Moderfrota. A interrupção de recursos do programa já foi responsável por uma queda de 35% das vendas do setor no início do ano. A redução acumulada de 2% das vendas ainda carrega consigo os seus efeitos. A expectativa da Anfavea era superar o acumulados das vendas do ano passado a partir do mês de julho, mas foi frustrada pelos novos entraves.
As projeções para o final do ano, no entanto, continuam mantidas. De acordo com a Anfavea, o setor poderá aumentar as vendas em 8%, a produção em 15%, e superar o recorde histórico de exportações, com 11 mil unidades vendidas no exterior. O setor também gerou 303 novos postos de trabalho no último ano, um crescimento de 2,9%. Para atingir estes resultados, a manutenção do fluxo de vendas neste momento é fundamental, porque, de acordo com Pastre, as máquinas e implementos usados para o plantio são comprados até o mês de setembro.