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Análise do mercado do milho

As cotações do milho em Chicago também recuaram nesta semana, seguindo a tendência geral



Foto: Eliza Maliszewski

As cotações do milho em Chicago também recuaram nesta semana, seguindo a tendência geral. O bushel do cereal, para o primeiro mês cotado, bateu no dia 26/05 em US$ 6,24, consolidando, em 10 dias, do 11 ao 25 de maio, uma perda de US$ 1,39. Todavia, na quinta-feira (27) houve correção altista, com o bushel fechando o dia em US$ 6,64 e ficando no mesmo valor de uma semana antes.

Dentre os fatores de baixa está a chuva nas regiões produtoras dos EUA, as quais favorecem o desenvolvimento do grão já semeado. Neste sentido, até o dia 23/05 cerca de 90% da área esperada estava plantada, contra a média histórica de 80% para o período. Cerca de 64% das lavouras semeadas já haviam germinado. Enquanto isso na Argentina a colheita da safra 2020/21 chegava a 40% da área total até o dia 20/05, estando seis pontos percentuais atrasada em relação ao mesmo período do ano anterior. O rendimento médio no país tem sido de 123,3 sacos/hectare, prevendo-se, agora, uma produção de 58 milhões de toneladas.

Na safra anterior, o país vizinho iniciou o ano comercial com estoques em 4,75 milhões de toneladas e colheu 58,5 milhões. Diante de um consumo industrial de 3,82 milhões de toneladas, somado a 17,25 milhões destinadas ao consumo animal e outras 36,3 milhões de toneladas exportadas, sobrou como estoque de passagem para o ano 2021/22 um total de 5,88 milhões. Assim, para o atual ano comercial, iniciado em 1º de março passado, diante da produção projetada e de consumo industrial, consumo animal e exportações pouco diferentes do ano anterior, projeta-se estoques finais em 6,03 milhões de toneladas.

Já no Brasil, os preços igualmente recuaram. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 88,35/saco, o que significa um recuo de R$ 3,39/saco em relação a semana anterior. Nas demais praças nacionais o preço médio do cereal oscilou entre R$ 80,00 e R$ 96,00/saco, com o CIF Campinas (SP) caindo para R$ 100,00/saco. Por sua vez, na B3 o contrato julho/21 abriu a quinta-feira (27) em R$ 92,72 saco, enquanto setembro ficava em R$ 92,57, novembro a R$ 93,59 e janeiro/22 a R$ 94,50/saco. Houve recuo de preço no Paraná e Mato Grosso do Sul igualmente, diante da melhoria do clima, com o retorno das chuvas em regiões da safrinha. Já em São Paulo os preços permaneceram mais firmes. A liquidez continua baixa, com os produtores vendendo pouco o produto. Diante disso, muitos consumidores preferem consumir os estoques existentes, apostando que as chuvas melhorem as condições das lavouras. 

Com isso, o volume produzido poderá aumentar e os preços recuarem um pouco mais. Além disso a valorização do Real permite importações mais baratas nestes últimos tempos. Soma-se a isso a proximidade da colheita da safrinha em algumas regiões, apesar de a mesma estar atrasada, sendo que seu forte acontecerá em julho. Já a colheita da safra de verão, no país, chegava a 97% do total no dia 21/05, faltando particularmente Minas Gerais para concluir a atividade.

No que diz respeito às importações, em Paranaguá (PR) o navio Aurora SB atracou neste semana para descarregar 35.279 toneladas procedentes da Argentina. O produto será destinado especialmente para a indústria nacional de amido. Ao total serão quatro navios programados para descarregar milho em Paranaguá. Diante da quebra consolidada da safrinha, mesmo com o retorno das chuvas, mais importações deverão ocorrer até o final do ano, além de nossas exportações ficarem menores. Muitas agroindústrias nacionais estão importando milho aproveitando-se de benefícios fiscais. Os principais problemas de abastecimento de milho estão em Santa Catarina e Rio
Grande do Sul, estados onde houve forte frustração na safra de verão do cereal. 

Por outro lado, no Mato Grosso a perda na produtividade da safrinha será superior a 20% segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho daquele Estado. Com 45% da safrinha plantada fora da janela ideal, mais a falta de chuvas por mais de 45 dias, a estimativa de perdas pode piorar, mesmo com o retorno das chuvas. Para a Associação, a realidade nas lavouras é bem pior do que está sendo indicado nas estimativas de produção pelas consultorias privadas. Atualmente, 80% das lavouras mato-grossenses estão em fase de florescimento e enchimento de grão.

Enquanto isso, no Paraná, 51% da safrinha está em floração, 29% em frutificação e 6% em maturação. Já o índice de qualidade das lavouras voltou a piorar, sendo que somente 22% das mesmas se encontram em boas condições, contra 47% em condições médias e 31% ruins. (cf. Deral) Paralelamente, no Mato Grosso do Sul a produtividade média continua sendo mantida em 75 sacos/hectare, fato que, se confirmado, levaria a produção final para 9 milhões de toneladas. No entanto, o clima seco pode ter prejudicado muito certas regiões, e este volume deve se alterar. O retorno das chuvas nesta semana estanca os prejuízos, por enquanto, mas não reverte o que já está perdido. Assim, neste momento apenas 5% das lavouras sul-matogrossenses estão em boas condições, contra 78% em situação regular e 17% ruins. Os preços locais igualmente recuaram, com a média passando de R$ 93,63/saco no início de maio, para R$ 88,63/saco em 24/05. Todavia, em relação a média de maio de 2020, o preço médio atual é 137,3% superior. (cf. Famasul)

Enfim, em Goiás, após 50 dias sem chuvas, as perdas da safrinha local estão contabilizadas em torno de 35% em relação a produtividade média esperada, que era de 120 sacos/hectare. Com isso, a projeção atual de produtividade desta safrinha caiu para 78 sacos/hectare, especialmente na região de Jataí. (cf. Ifag) Em termos de exportações, segundo a Secex, nos primeiros 15 dias úteis de maio o Brasil exportou apenas 12.598 toneladas de milho. A média diária de embarques está 32,6% menor do que a média de maio de 2020. O preço da tonelada exportada ficou em US$ 264,10, sendo quase US$ 5,00 mais baixo do que em igual período do ano passado.

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