Análise de mercado do milho
As cotações do milho, em Chicago, igualmente recuaram neste início de setembro
As cotações do milho, em Chicago, igualmente recuaram neste início de setembro. O bushel do cereal, para o primeiro mês cotado, fechou a quinta-feira (02) em US$ 5,16, contra US$ 5,52 uma semana antes. A média de agosto acabou fechando em US$ 5,52/bushel, perdendo 8,8% sobre julho e registrando seu terceiro recuo consecutivo mensal. Em agosto de 2020 a média foi de US$ 3,25/bushel. Nos EUA, as condições das lavouras, às vésperas da colheita do cereal, ficaram em 60% entre boas a excelentes no dia 29/08, outras 26% estavam regulares e 14% ruins a muito ruins.
O retorno da chuvas na região produtora estadunidense, em boa parte graças ao furacão Ida, foi positivo para boa parte das lavouras semeadas mais tardiamente nos EUA. Com isso, as cotações do milho cederam, acompanhando as da soja. E aqui no Brasil, os preços se estabilizaram, apresentando viés de baixa sob pressão da colheita da safrinha, mesmo que esta venha com enormes quebras. A média gaúcha ficou em R$ 90,28/saco, enquanto nas demais praças nacionais os preços oscilaram entre R$ 78,00 e R$ 94,00/saco, sendo que o CIF Campinas (SP) ficou em R$ 95,00. Já na B3, após quatro dias consecutivos de queda, os preços do milho iniciaram o pregão de quinta-feira (02/09) com leves altas. O vencimento setembro/21 estava em R$ 90,76/saco, enquanto novembro ficava em R$ 90,79, janeiro/22 em R$ 93,00 e março em R$ 93,14/saco. Os produtores da safrinha estão procurando vender rapidamente o milho colhido, visando fazer caixa para pagar despesas e aproveitar os elevados preços. Essa maior oferta acaba puxando para baixo os preços do cereal.
De fato, a colheita do milho segunda safra, no Centro-Sul brasileiro, atingia a 89% da área total até o dia 26/08, superando o patamar de igual período do ano anterior. A mesma está encerrada no Mato Grosso e São Paulo, e quase finalizada em Goiás. O Estado mais atrasado é o Paraná. Já o plantio do milho de verão 2021/22 chegava em 5,3% da área esperada no Centro-Sul brasileiro, contra 8% no mesmo período do ano passado. O Rio Grande do Sul, graças as chuvas da semana anterior, é o que mais avançou neste plantio. (cf. AgRural) Espera-se neste Estado um crescimento de área em 5% para o milho, embora no Centro-Sul geral o aumento de área esteja projetado em apenas 0,7%, passando a mesma para 4,38 milhões de hectares. (cf. Safras & Mercado e Fecoagro) No geral, há uma indefinição ainda entre os produtores, em torno dos custos de produção, na comparação do milho com a soja. No Sul do país, igualmente o receio com a incidência da cigarrinha preocupa os produtores e deixa dúvidas quanto a área a ser semeada com o milho. Esta praga vem provocando muitos estragos no cereal nos últimos tempos. Mesmo assim, a expectativa é de que a safra de verão de milho atinja a 25,5 milhões de toneladas em 2021/22, contra 21,6 milhões neste último ano. Em clima normal, e já considerando a futura safrinha 2021/22, projetada em 84,8 milhões de toneladas, espera-se uma produção final no novo ciclo produtivo ao redor de 110,4 milhões de toneladas. (AgRural) Isso sigificará um aumento de 33% sobre a frustrada safra atual, a qual deverá ficar um pouco acima de 80 milhões de toneladas. Por sua vez, analistas mais otimistas esperam uma colheita total de milho em 2021/22 ao redor de 122 milhões de toneladas. (cf. Safras & Mercado).
Em relação à escolha entre semear soja ou milho, na maioria dos casos, neste momento, no Sul do país a vantagem é do milho. No Paraná, por exemplo, neste início de setembro, “o milho a cerca de R$ 90,00/saco, para entrega entre fevereiro e abril de 2022, gera uma rentabilidade de 9 mil reais por hectare ao produtor, enquanto no caso da soja ele ganha 6.500 reais por hectare ao preço atual” (cf. AgRural). Mas é uma decisão difícil, pois além das pragas, há o fato de que a soja é mais resistente ao clima seco do que o milho.
Ainda no Paraná, segundo o Deral, a colheita da safrinha teria atingido a 82% da área nesta virada de mês, enquanto o plantio da safra de verão chegava a 3% da área esperada no dia 30/08. Já no Mato Grosso do Sul, a colheita chegava a 70% da área, com a produtividade média sendo mantida em 52,3 sacos/hectare. Entre o início da safrinha e o momento atual, o volume a ser produzido neste Estado já foi reduzido em mais de 3 milhões de toneladas. Por sua vez, no Rio Grande do Sul a Fecoagro atualizou seus cálculos de custo de produção do milho. Os números atuais, considerando uma safra normal, indicam um aumento de 52% no custo total deste ano, sobre o ano anterior. O custo total passou a ser de R$ 7.653,15/hectare. Com isso, o produtor gaúcho do cereal terá que produzir 85,1 sacos/hectare para pagar o custo total, desde que o preço fique em R$ 89,90/saco. A este preço, ainda assim o custo total de produção ficaria cerca de 22% por hectare menor do que o praticado na safra anterior. Todavia, se o preço recuar, a situação muda proporcionalmente para pior.
Em termos de mercado externo, segundo a Secex, o Brasil aumentou suas exportações de milho no final de agosto, alcançando um total de 4,3 milhões de toneladas no mês. Este total representa 119,3% acima do exportado em julho, porém, 30,6% abaixo do exportado em agosto de 2020. Na importação, incluindo agosto, o Brasil já teria comprado 1,23 milhão de toneladas no corrente ano. A Conab continua estimando importações totais em 2,3 milhões de
toneladas para este ano, enquanto a iniciativa privada chega a avançar um volume de 4 milhões.
Enfim, em setembro iniciam os leilões públicos de compra ou de remoção de estoque de milho realizados pela Conab. A proposta é de aquisição de até 110.000 toneladas, que seriam suficientes para atender a demanda do Programa de Venda em Balcão (ProVB) até o final do ano. O programa beneficia pequenos criadores de animais, inclusive os aquicultores. Enquanto isso, no Rio Grande do Sul, a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR) emitiu alerta fitossanitário para a ocorrência da cigarrinha do milho nas lavouras locais. O alerta é baseado em estudo desenvolvido pela Secretaria da Agricultura e pela Emater, sob a coordenação do Mapa, que juntas fizeram o monitoramento das lavouras de milho afetadas. E também nos relatos de ocorrência recente da cigarrinha nas lavouras já nos estágios iniciais desta safra, no histórico de infestações da safra anterior e na previsão de poucas chuvas para o próximo período.