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ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS PARA A PECUÁRIA NA AMAZÔNIA


Em Rondônia, o crescimento da pecuária, associado à expansão do setor industrial (com a perspectiva de instalação de curtumes e novos frigoríficos, conforme assinalou na abertura do evento o governador do estado, Ivo Cassol), propicia o surgimento de alternativas viáveis de desenvolvimento sustentável. O estado possui mais de 9 milhões de cabeças de gado e produz diariamente 1,8 milhão de litros de leite.

“Nossa região tem o diferencial do denominado ‘boi verde’ e podemos explorar esse potencial, intensificando a atividade nas áreas onde a atividade já ocorre e recuperando áreas degradadas, sem agredir mais o meio ambiente”, acentuou o pesquisador Newton de Lucena Costa, chefe geral da Embrapa Rondônia. Segundo ele, para preservar a Amazônia e desenvolver a pecuária, deve-se promover a intensificação racional do processo produtivo, fortalecendo os pequenos e médios produtores.

“Enquanto 1 hectare de pastagem gera R$ 98 de renda para o produtor, a rentabilidade de 1 hectare de soja é de R$ 561. A soja é um atrativo e pode ser implantada na reforma de pastagens degradadas, devolvendo ao produtor a área novamente com capim plantado”. A associação atende à necessidade de integração entre agricultura e pecuária nas propriedades rurais, mantendo-se a fertilidade do solo e o próprio sistema produtivo. Após a colheita de soja, as pastagens podem ser formadas na mesma área, otimizando a renda do produtor. De autoria da pesquisadora Esther Cardoso, da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS), essa indicação foi expressa no Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia: Produtividade com Qualidade Ambiental, promovido pela Embrapa Rondônia, o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e o Programa Cooperativo de Investigação e Transferência de Tecnologia para os Trópicos Sul-Americanos (Procitropicos), realizado no período de 15 a 18 de julho de 2003, em Porto Velho, RO, no ILES/ULBRA, sob os auspícios da SEAPES, IDARON, Sebrae Rondônia, FIERO, CREA Rondônia e Emater Rondônia.

Segundo comunicados divulgados pela Embrapa a respeito do seminário, ao justificar a recomendação, a pesquisadora frisou ser frágil o ecossistema da Amazônia, já havendo, entretanto, o consenso de que é possível produzir mais e melhor sem provocar novos desmatamentos. A seu ver, uma série de atividades sustentáveis pode ser implementada, gerando melhoria da qualidade de vida. Ainda acerca do desenvolvimento da pecuária na Amazônia, a pesquisadora disse que o produtor deveria, por exemplo, cuidar melhor do couro bovino, agregando-lhe valor. A antecipação da produção de bovinos, propiciando giro mais rápido de capital é mais um caminho a ser percorrido pelos pecuaristas da região. Analisando a cadeia produtiva, insistiu na necessidade de manutenção de barreira contra a aftosa, mediante o controle sanitário e o estabelecimento de parcerias entre produtores, frigoríficos e indústrias. “Políticas públicas devem andar em conjunto com as necessidades delineadas por associações de produtores, assim como projetos implementados por instituições, como o Sebrae, por exemplo, que investem na cadeia produtiva”, acrescentou.

Por sua vez, a assessora da diretoria da Embrapa, Júnia Rodrigues Alencar, assessora da direção da Embrapa, no mesmo sentido, insistiu na necessidade de agregar valor à produção, adequando-as às exigências de proteção do meio ambiente. A seu ver, deve-se aumentar a produtividade nas áreas existentes, recuperando áreas degradadas e substituindo a atividade extensiva pela intensiva. Insistiu na necessidade de a tecnologia para o desenvolvimento sustentável da pecuária na Amazônia ser “limpa, economicamente viável e socialmente justa”.

Durante o seminário, pesquisadores de países da região traçaram breve perfil da atividade em seus países, enumerando as possibilidades de desenvolvimento sustentável da pecuária e as principais dificuldades para o reflorestamento das áreas já desmatadas.

Na Colômbia, a pecuária de corte e leite ocupa a segunda posição na economia do setor primário e representa 5% do PIB. O governo proporciona incentivos fiscais para a intensificação da atividade, conduzida, em sua maioria, por pequenos produtores. Ainda não existe uma política definida de preservação ambiental no país, de acordo com o pesquisador Jorge Medrado. Quanto ao seminário, salientou a importância do evento para a integração entre os países da região, existindo situações similares na maioria deles.

Também no Peru a pecuária de leite e corte ocupa a segunda posição entre as atividades do setor primário, atrás somente da produção de banana. Produtores associados, em sua maioria, exercem a atividade de maneira intensiva, alternando entre áreas degradadas e sistemas agrossilvopastoris. A evolução da atividade foi iniciada a partir dos anos 80, com incentivo tecnológico de instituições de pesquisa. De acordo com o pesquisador Antonio Vera Sambrano, o primeiro seminário a discutir o tema pode vir a contribuir para definir estratégias com vista ao exercício do livre comércio entre os países amazônicos.

Na Bolívia a pecuária representa 17% do PIB nacional e, segundo o coordenador da Federação dos Produtores da Província de Beni, Wolfgang Roth, o rebanho bovino do país ultrapassa 6 milhões de cabeças, dos quais 400 mil compõem rebanhos leiteiros. A atividade é exercida de maneira extensiva e apresenta baixa produtividade. Referiu-se à necessidade de estabelecer uma integração tecnológica entre os países que compõem a bacia amazônica.

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