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AgroBrasil amplia cobertura agrícola



Após apenas cinco safras de atuação, a AgroBrasil Administração e Participações Ltda., de Porto Alegre, se tornou uma das líderes no seguro agrícola do País, disputando o mercado com as tradicionais Aliança do Brasil, ligada ao Banco do Brasil (BB), e Companhia de Seguros do Estado de São Paulo (Cosesp). Conforme números do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), que centraliza os dados no País, a AgroBrasil passou na última safra da terceira para a segunda posição, chegando a R$ 11,674 milhões em arrecadação de prêmio – atrás apenas da Cosesp (R$ 16,506 milhões) e ultrapassando a Aliança do Brasil (R$ 8,805 milhões).

As garantias, segundo a empresa gaúcha, atingiram R$ 165 milhões. Ao contrário das concorrentes, porém, a AgroBrasil não é uma seguradora, mas uma operadora de seguros. Com isso, as apólices são emitidas por parceiras - Porto Seguro na safra 2001/02 e, desde o ano passado, pela Seguradora Brasileira Rural (SBR).

A AgroBrasil ingressou no mercado segurando pomares de maçã contra granizo no Nordeste Gaúcho e, para a safra 2003/04, avança no Centro-Oeste cobrindo os riscos de culturas como a soja e o milho, tanto no custeio da lavoura quanto na expectativa de resultado, que poderia ser frustrada em virtude de eventos como seca ou excesso de chuvas.

O presidente da AgroBrasil, Ronaldo Neves, estima que, na safra em curso, as garantias chegarão a R$ 400 milhões, um salto em grande parte creditado ao novo produto, batizado de Multirisco Agrícola. Para o próximo ano, a empresa prepara o lançamento de seguros para as culturas de café e trigo.

Além de soja, milho e maçã, a AgroBrasil também trabalha com seguro para as culturas de alho, cebola, batata, figo, goiaba, nectarina, pêra, pêssego, tomate e uva. Para a cultura de maçã, a empresa gaúcha cobre hoje cerca de 60% da área no Brasil, num total de 30 mil hectares em pomares.

O custo do seguro depende da cultura e da região, mais ou menos susceptíveis a eventos climáticos. Para a uva, por exemplo, o valor médio no Rio Grande do Sul é de 5,04% do faturamento esperado. Para a soja, no Cerrado, a menor taxa é de 1,93%. Para o trabalho a campo, a AgroBrasil conta com 250 agrônomos terceirizados, cobrindo do Centro-Oeste ao Rio Grande do Sul.

Outra novidade protagonizada pela AgroBrasil é uma parceria com o Banco CNH Capital, lançada há cerca de dois meses, ainda em fase de piloto, ofertando o seguro em concessionárias de várias regiões produtoras de grãos do País. Neves lembra que, quando o produtor toma um financiamento para adquirir um trator ou uma colheitadeira, conta com o resultado da safra para pagar a dívida. E, ao segurar a lavoura, tem garantias de que conseguirá honrar o negócio em caso de uma grande quebra.

"A empresa (que vendeu a máquina agrícola) não terá problemas de inadimplência em caso de uma catástrofe e o agricultor, que vai ter de dar algum tipo de garantia, não precisará colocar o seu patrimônio em risco" diz Neves.

O gerente comercial do Banco CNH Capital, Carlos Nóbrega, também avalia que o seguro leva o produtor a ter uma "posição mais confortável" e diz que, em um mês, terá uma avaliação completa do resultado da oferta do seguro. "Mas os dados preliminares indicam que o produto está tendo uma excelente acolhida do cliente", diz Nóbrega. "A tranqüilidade do seguro faz com que o empresário possa apostar com maior segurança no negócio dele, investindo mais em tecnologia", acrescenta Neves, também defensor da tese de que, com seguro, fica mais fácil obter financiamento.

O pioneirismo na cobertura da expectativa de faturamento se repetiu no seguro agrícola subsidiado, criado em parceria com o governo gaúcho em 1999. O programa protege as lavouras de pequenos agricultores que têm como principal meio de subsistência a suinocultura, a avicultura e a pecuária de leite, criações alimentadas pelo milho plantado em seus minifúndios. Na safra 2000/01, foram vendidas apenas 62 apólices. No ano seguinte, o número passou para 25 mil. Com a estiagem que castigou as principais regiões produtoras do Rio Grande do Sul na safra 2001/02, foram indenizadas 17,6 mil famílias, somando um valor de superior a R$ 4,2 milhões.

"Em alguns anos teremos grandes perdas, mas estamos preparados para isso", diz Neves. Na última safra, o número de apólices vendidas chegou a 38 mil, o equivalente a R$ 28,4 milhões de valor segurado, para uma área de 80 mil hectares. O produto acabou premiado este ano pela Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP). Segundo Neves, a AgroBrasil negocia agora a ampliação da venda de seguro subsidiado para outros estados.

Neves lembra que a grande dificuldade inicial da AgroBrasil foi conseguir parcerias com empresas de resseguro no País por considerarem a agricultura um atividade de alto risco, sujeita a grandes perdas. Com isso, também tinha dificuldades de acertar parcerias com as seguradoras para que emitissem as apólices da AgroBrasil. Quem abriu as portas para a empresa gaúcha, em 1998, foi a suíça Partner-Re, uma das maiores resseguradoras agrícolas do mundo. Hoje, mantém negócios com a também suíça Swiss-Re, a alemã Hannover-Re e o próprio IRB, o maior do ramo na América Latina.

kicker: Companhia gaúcha entrou no mercado com maçã e ampliou para coberturas de soja e milho

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