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Agricultura familiar será prioridade para Embrapa



Os pequenos produtores rurais devem ser o novo foco da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A instituição vai criar parcerias com organizações não-governamentais para financiar estudos relevantes ao setor que tenham sido escolhidos pelos próprios agropecuaristas. O novo modelo de gestão começa a ser im-plantado com o diretor-presidente Clayton Campanhola, que tomou posse ontem em Brasília.

Campanhola destacou três vertentes de atuação da empresa: as atividades de pesquisa direcionadas aos pequenos agricultores e assentados rurais, àquelas voltadas para o agribusiness e temas estratégicos, como o meio ambiente. Ele disse que, na atual administração, por meio de conselhos que irão reunir a sociedade civil e pesquisadores, os agricultores vão definir quais são suas necessidades e realizarão os experimentos em suas unidades. "Esta é a grande mudança que pretendemos introduzir", disse.

Para cumprir essa meta, o novo presidente acredita que terá de buscar recursos em fontes alternativas, como ONGs brasileiras e estrangeiras, uma vez que o orçamento da Empresa é de R$ 700 milhões - inicialmente o mesmo de 2002, mas no ano passo houve cortes no decorrer do exercício.

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, destacou no entanto que, apesar dessa ênfase, o Brasil não vai ficar a reboque das modernas tecnologias, como a biotecnologia, por exemplo. Campanhola destaca que a empresa deve estudar formas de garantir a segurança da saúde e do meio ambiente no uso dos transgênicos. "Deve-se adotar o princípio da precaução."

Inserção no programa

Com maior ênfase aos pequenos produtores, Campanhola acredita que a Embrapa estará integrada ao Programa "Fome Zero". O ministro extraordinário da Segurança Alimentar, José Graziano da Silva, sugeriu à empresa cinco ações de inserção no programa. A primeira delas é um balanço da produção e consumo de grãos, por região, a ser finalizado na próxima semana.

Para Graziano, é preciso que, assim como fez com o cerrado - permitindo à região ser o maior celeiro de grãos do País -, a Embrapa encontre alternativas no Semi-Árido e na Amazônia, de modo sustentável. Ele quer ainda que a instituição estude novas formas de agregação de valor dos produtos agropecuários, as perdas pós-colheita e os valores nutricionais de alimentos regionais.

Neila Baldi

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