Agricultura argentina enfrenta desafios hídricos
Entenda a situação do país vizinho
Durante a última semana, as lavouras de trigo na Argentina receberam baixos acumulados de chuvas, com precipitações variando entre 14 mm e 55 mm, principalmente nas regiões da Patagônia e Pampeana.
Segundo análise do balanço hidrológico do Instituto Nacional de Tecnología Agropecuaria (INTA), ao final de junho, observou-se que em diversas provincias argentinas, como Santiago del Estero, San Luis, Córdoba, Santa Fé, Entre Ríos, La Pampa e Buenos Aires, o conteúdo de água útil no solo estava entre 40 e 90% de sua capacidade máxima. No entanto, em outras áreas, esse percentual ficou abaixo de 30-40%, com destaque para a zona oeste, onde o conteúdo de água no solo chegou a menos de 10%.
Outro fator que vem acelerando a perda de água no solo é, um cenário atípico de inverno do hemisfério-sul, o país experimentou temperaturas muito elevadas, com máximas médias acima do normal em grande parte do território. Destaca-se o noroeste do país, com temperaturas que superaram os 24-28°C, em média (até 9°C acima do histórico). As temperaturas mínimas também foram mais quentes que o normal, superando os valores históricos na maior parte da Argentina.
De acordo com os dados de umidade do solo, amplas regiões do país apresentam percentuais preocupantes de água útil no perfil, sendo inferior a 10% em áreas-chave como a região Pampeana, Cuyo e Patagônia. Esses baixos níveis apresentam desafios para os agricultores, especialmente para aqueles em áreas que tradicionalmente possuem bons níveis de umidade no solo.
Por outro lado, na região da Patagônia (noroeste) e sudeste de Buenos Aires os percentuais de água útil atingem 100%. Esta situação é positiva para as atividades agrícolas dessas regiões, contrastando com outras áreas do país. Além disso, o leste do país e o sudeste da Patagônia têm percentuais superiores a 50%, o que pode resultar em condições mais favoráveis para as culturas.
Quanto à água total no perfil, o panorama é irregular. Grande parte do centro e norte do país possui um percentual acima de 60%. No entanto, regiões como Cuyo e áreas específicas da Patagônia e da região Pampeana, além do norte de NOA, mostram valores preocupantes, abaixo de 40%.
Milho: As variedades de plantio precoce já foram totalmente colhidas, marcando o fim de um ciclo. As variedades plantadas mais tardiamente tiveram um avanço significativo, especialmente na última semana. A mudança se deve, em parte, ao fato de que a logística, que estava focada na colheita de soja, agora se voltou para o milho. A nível nacional, 88% da área com presença da cultura já foi colhida.
Trigo: O plantio de trigo está quase concluído em nível nacional, com apenas 2% pendente. Buenos Aires é a província mais atrasada, com 95% de sua área de intenção de plantio já finalizada. Ainda há trabalho a ser feito em áreas do sul da província, onde serão plantadas variedades de ciclo curto. Enquanto isso, o trigo já plantado está em pleno crescimento vegetativo, mostrando sinais promissores para a temporada.
Material elaborado pelo metereologista, Gabriel Rodrigues com revisão de Aline Merladete