Açúcar: queimadas podem gerar perdas de mais de 50% dos canaviais afetados
Canavial atingido pela estiagem e queimada não deve rebrotar
As temperaturas extremas e as mudanças climáticas têm gerado preocupação entre agrônomos e agricultores, especialmente no setor sucroenergético, base econômica do estado de São Paulo. Após um período de estiagem severa e queimadas intensas, a retomada das chuvas trouxe novos desafios aos produtores de cana-de-açúcar: a recuperação do solo e a avaliação da germinação das soqueiras no início da safra.
Pesquisadores da Massari Fértil, em parceria com o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), investigam as causas dos incêndios e buscam soluções para restaurar a eficiência do solo e repor nutrientes perdidos. "A seca foi tão intensa que canaviais novos, de 2º, 3º e 4º cortes, simplesmente não brotaram. Estimamos que teremos uma área representativa de canaviais com mais de 50% de falhas de brotação, não sendo viáveis economicamente o replantio e tratos culturais. Em resumo, perda do canavial”, avalia Cláudio Monteiro, químico da Massari.
Um dos principais desafios é a restauração do solo, já que a palha que protegia as plantas foi transformada em cinzas, eliminando nutrientes essenciais. Como alternativa, os especialistas sugerem priorizar o plantio de cana sobre cana utilizando o sistema MEIOSI fase 1 (Método Interrotacional Ocorrendo Simultaneamente), com início previsto para novembro de 2024 e projeção até abril de 2025.
No entanto, Monteiro alerta que o preparo do solo em meio a chuvas intensas pode causar erosão. Práticas sustentáveis, como o preparo reduzido e a aplicação de corretivos micronizados, são apontadas como medidas essenciais. “Esses produtos são aplicados diretamente na superfície e utilizam as chuvas para alcançar e corrigir o perfil completo do solo”, explica.
Dados do IAC mostram que, desde 1980, as temperaturas máximas e mínimas aumentaram mais de 1ºC no estado de São Paulo, um cenário que, segundo Monteiro, compromete o desenvolvimento das culturas e a produtividade. “Esse cenário é preocupante, pois limita o desenvolvimento das culturas e, consequentemente, a produtividade”, alerta Monteiro.
Diante do cenário climático adverso, o setor sucroenergético busca soluções que unam tecnologia, práticas sustentáveis e manejo adequado para enfrentar os impactos das mudanças climáticas e garantir a produtividade no longo prazo.