“Comércio entre real e yuan é um sonho utópico”, diz Antônio Sartori
Iniciativa é uma tentativa de fortalecer as relações sino-brasileiras, na intenção de desviá-las do poder da moeda dos Estados Unidos

O anúncio de que Brasil e China poderão fazer transações comerciais diretamente em suas moedas, sem passar pelo dólar causou alvoroço nos últimos dias. Brasil e China vão criar uma instituição bancária que permitirá que as transações bilaterais entre os dois países não precisem passar pelo dólar. A iniciativa é uma tentativa de fortalecer as relações sino-brasileiras, na intenção de desviá-las do poder da moeda dos Estados Unidos.
Por isso, o diretor da Brasoja, Antônio Sartori, fez uma análise da situação para explicar o motivo de acreditar que não há possibilidade da Bolsa de Chicago passar a não ter mais referência.
“A China só irá comprar do Brasil fora da Bolsa de Chicago se for mais barato, pense que vai acontecer um comércio entre Brasil e China – ou vice e versa – com moedas locais é um sonho utópico. A China precisa e vai continuar comprando e sendo o maior importador de soja do mundo, principalmente do Brasil. Os Estados Unidos têm pouca fronteira agrícola, a sua produtividade está no limite, com toda tecnologia e biotecnologia que estão utilizando. A Argentina, que normalmente colhe uma safra em condições normais de clima, um total de 50 milhões de toneladas, este ano vai colher a metade. A nível Brasil, em 2022, colhemos 125 milhões de toneladas, e este ano chegaremos a 155 milhões de toneladas, são 30 milhões de toneladas a mais. Os compradores têm informação e tem clara consciência do grande volume excedente da safra recorde que o Brasil está colhendo, sendo o Brasil o maior produtor de soja do mundo. Um ano após a pandemia, a China importou 100 milhões de toneladas de soja, aumentou as suas importações pois , de uma hora para outra, precisou produzir proteína animal com controle sanitário. E para isso acontecer é preciso de soja e milho. Em 2022, por uma questão estratégica, as importações de soja caíram de 100 milhões para 92 milhões de toneladas. Este ano, o relatório do USDA projetou importações de 96 milhões de toneladas. Ou seja, chance zero da Bolsa de Chicago desaparecer, só se nós vendermos abaixo da cotação de Chicago", pontuou Sartori.
Clique abaixo e OUÇA NA ÍNTEGRA o comentário de Antônio Sartori.
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Nos últimos 13 anos, a China é a maior parceira comercial do Brasil - em 2022, o volume de transações entre os dois países consumidores o recorde de US$150 bilhões. Na balança comercial, o Brasil tem superávit de US$ 29 bilhões, embora as vendas para a China sejam de commodities, enquanto o país asiático exporta ao Brasil produtos de maior valor agregado. Os chineses querem diminuir a distância.