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Introdução
O zinco no solo
Fatores que influenciam a disponibilidade de zinco no solo
- pH do solo
- Adubação nitrogenada
- Adubação fosfatada
- Adsorção de zinco em óxidos de ferro e alumínio
- Interação entre o zinco e outros nutrientes
- Adsorção do zinco pela matéria orgânica
- Quantidade e tipo de argila
- Desmatamento
- Inundação do solo
O zinco na planta
Sintomas de deficiência nutricional de zinco
Fertilizantes com zinco
Aplicação de fertilizantes com zinco
- Aplicação no solo
- Aplicação foliar
- Aplicação junto com o adubo
- Aplicação nas sementes
O zinco nas culturas
- O zinco no cafeeiro
- O zinco na soja
- O zinco no arroz
- O zinco no milho
- O zinco na cebola
- O zinco no morangueiro
Introdução
O zinco é um micronutriente essencial ao desenvolvimento das plantas, sendo absorvida por estas na forma Zn2+, sendo 33% a 60% do nutriente absorvido através da difusão, 20% a 33% através do fluxo de massa e 20% a 33% através da interceptação radicular.
Este nutriente é pouco móvel no solo e nas plantas. Quando aplicado nas folhas, pode chegar às regiões de crescimento e aos frutos, porém, nem sempre em quantidade suficiente para a necessidade da cultura.
Apesar de ser exigido em pequenas quantidades, é um nutriente que possui igual importância aos outros mais conhecidos. Para se alcançar altas produtividades, é fundamental que o zinco esteja disponível no solo. Algumas culturas exigem mais o nutriente que as outras, como no caso do morangueiro e do milho. O zinco é fundamental para o desenvolvimento das partes florais, produção de grãos e sementes, maturação das plantas e síntese de proteínas.
O zinco no solo
A presença do zinco no solo depende da composição geoquímica do material de origem, intemperismo da rocha, da atividade agrícola e da poluição ambiental. É comum no Brasil ocorrer deficiência do nutriente devido à pobreza mineral do material de origem do solo. Em alguns casos os teores de zinco no solo são altos, mas apenas uma pequena parte está disponível para as plantas.
Trata-se de um elemento que possui pouca mobilidade no solo, permanecendo na superfície por vários anos.
Fatores que influenciam a disponibilidade do zinco no solo:
pH do solo
Geralmente o zinco é mais disponível para as plantas em solos ácidos do que alcalinos. Estima-se que a solubilidade do zinco decresce 100 vezes para cada unidade de aumento do pH.
- pH de até 7,7: o zinco ocorre na forma Zn2+
- pH entre 7,7 e 9,1: o zinco ocorre na forma ZnOH+
- pH maior que 9,1: o zinco ocorre na forma neutra Zn(OH)20
Subentende-se que a calagem diminui a disponibilidade de zinco. Além disso, a prática forma zincato de cálcio.
Adubação nitrogenada
Como os fertilizantes nitrogenados amoniacais aumentam a acidez do solo, este processo pode aumentar a disponibilidade do zinco para as plantas.
Adubação fosfatada
Em cenários de alta aplicação de adubo fosfatado, pode ocorrer deficiência de zinco. Esta interação entre os dois nutrientes é bastante conhecida, ainda que os detalhes da relação não sejam tão esclarecidos até o momento.
Adsorção de zinco em óxidos de ferro e alumínio
Com o aumento do pH, aumenta-se as cargas negativas em óxidos de ferro e alumínio, aumentando a adsorção de zinco. Caulinita, óxidos de ferro e complexos argila-óxido de ferro que aumentam a CTC, adsorvem o zinco. Assim, entende-se que quanto maior a CTC, maior a adsorção do nutriente.
Interação entre o zinco e outros nutrientes
- Zinco, cálcio e magnésio: em solos com pH em torno de 7,6, o zinco é adsorvido às superfícies dos carbonatos de cálcio e magnésio, formando zincato de cálcio, que é insolúvel
- Zinco e boro: ocorre uma interação positiva entre os elementos
- Zinco e fósforo: em solos com alto teor de fósforo, devemos manter um alto teor de zinco também;
- Zinco e cobre: ocorre competição entre o zinco e o cobre envolvendo óxidos hidratados de ferro. Ao aplicar zinco no solo, o teor de cobre na planta diminui, apontando uma interação fisiológica.
- Zinco e ferro: a interação entre estes elementos pode ocorrer através da competição com agentes quelantes, ou devido à formação de franklinita, diminuindo a disponibilidade de zinco e de ferro.
Adsorção do zinco pela matéria orgânica
A fração húmica da matéria orgânica retém 56% do zinco, e a fúlvica 12%. A decomposição da matéria orgânica pode reduzir a disponibilidade de zinco.
Quantidade e tipo de argila
Quanto maior o teor de argila no solo, maior a capacidade de fixação do zinco, porém depende também do tipo de mineral de argila. Os do tipo 2:1 apresentam maior capacidade de retenção de zinco quando comparado a de outros cátions.
Desmatamento
O zinco possui pouca mobilidade em profundidade no solo, se concentrando na camada superficial. Como o desmatamento geralmente remove essa camada onde o zinco se encontra, a disponibilidade do elemento diminui.
Inundação do solo
Quanto mais aerado o solo, maior a disponibilidade de zinco. Já em solos inundados, diminui-se a disponibilidade através da formação de ZnS de baixa solubilidade. Além disso, em solos inundados, ocorre redução do ferro e manganês, que se tornam mais disponíveis, resultando em menor absorção do zinco devido ao antagonismo.
O zinco na planta
Como o zinco possui baixa mobilidade no solo, é importante que as plantas tenham um sistema radicular vigoroso para capturar o nutriente, que é absorvido pelas plantas na forma Zn2+ ou como molécula orgânica. O nutriente é absorvido pelas raízes e rapidamente transportado para o colmo; já quando é absorvido pelas folhas, é transportado para outras partes da planta através do floema.
O zinco desempenha funções no metabolismo das plantas relacionadas ao crescimento e maturação:
- participa na síntese do triptofano, controle hormonal e precursor do ácido indol acético (AIA), que é uma auxina (hormônio de crescimento) responsável pelo crescimento das células. Assim, estimula o crescimento e frutificação das plantas;
- o zinco desempenha papel importante na manutenção da integridade e seletividade das membranas da raiz;
- importante para a multiplicação celular, metabolismo de aminoácidos e produção do ácido nucleico;
- componente de várias enzimas, além de influenciar na permeabilidade de membranas;
- constituinte / ativador de várias enzimas, além de participar da fotossíntese, respiração, síntese de proteínas e de amido (muito importante para a formação de grãos como o milho), além de atuar na resistência à doenças.
Algumas culturas são bastante responsivas à aplicação de zinco, como o arroz, café, milho, pêssego ou cebola. Já culturas como alface, aveia, cenoura, uva e repolho são pouco responsivas.
Fageria (2000), estudando os níveis adequados de zinco (com base em 90% da produção máxima) para arroz, feijão, milho, soja e trigo em solo no cerrado, chegou aos seguintes resultados:
- Arroz: 67 mg/kg de matéria seca
- Feijão: 18 mg/kg de matéria seca
- Milho: 27 mg/kg de matéria seca
- Soja: 20 mg/kg de matéria seca
- Trigo: 19 mg/kg de matéria seca
Quando ocorre deficiência de zinco, podem ocorrer os seguintes problemas:
- diminuição da atividade da enzima presente no citoplasma e cloroplastos, alterando o metabolismo de carboidratos;
- perda de integridade da membrana celular;
- inibição da fotossíntese;
- inibição da desidrogenase de álcoois, acumulando acetaldeído nas raízes, alterando o processo anaeróbico da respiração;
- aumento dos níveis de radicais livres de O2 que destroem ligações de ácidos graxos e fosfolipídeos em membranas, aumentando o vazamento de conteúdo celular, causando necrose, atrofia e destruição de cloroplastos;
- redução do teor de proteínas e integridade de ribossomos, causada pela redução da atividade do RNA.
Sintomas de deficiência nutricional de zinco
Plantas com deficiência de zinco apresentam sintomas como:
- encurtamento dos entrenós, deixando a planta com aspecto achatado;
- problemas na formação dos grãos;
- amarelecimento internerval de folhas novas (nervuras permanecem verdes);
- folhas, flores e frutos menores (imagem abaixo).
Folíolos pequenos devido à deficiência de zinco.
Foto: Acervo da EMBRAPA Hortaliças
Fertilizantes com zinco
As fontes de zinco encontradas no mercado brasileiro podem ser classificadas quanto à sua solubilidade:
- solúveis em água: sais metálicos com sulfatos, quelatos, nitratos e cloretos. Geralmente, as fontes mais solúveis são as mais caras por unidade de nutriente;
- insolúveis em água: óxidos e carbonatos;
- solubilidade variável: oxisulfatos possuem maior ou menor grau de solubilidade em água, a depender das quantidades de H2SO4 adicionadas na produção.
Vamos conferir abaixo alguns fertilizantes fontes de zinco e seus respectivos teores:
Fonte | Teor de nutriente | Observação |
Acetato de zinco | 28% de Zinco | Zinco solúvel em água |
Borato de zinco | 29% de Zinco e 14% de Boro | Zinco teor total |
Borra de Fosfato de Ferro e Zinco | 3% de Zinco, 20% de P2O5 e 10% de Ferro | Zinco teor total |
Carbonato de Zinco | 49% de Zinco | Zinco teor total |
Cloreto de Zinco | 24% de Zinco | Zinco solúvel em água |
Formiato de Zinco | 25% de Zinco | Zinco solúvel em água |
Fosfito de Zinco | 8% de Zinco | Zinco solúvel em água |
Nitrato de Zinco | 18% de Zinco e 8% de Nitrogênio | Zinco solúvel em água |
Óxido de Zinco | 72% de Zinco | Zinco teor total |
Quelato de Zinco | 7% de Zinco | |
Sulfato de Zinco | 20% de Zinco e 9% de Enxofre | Zinco solúvel em água |
Aplicação de fertilizantes com zinco
Aplicação no solo
É o método mais comum. Quando é aplicado a lanço, ocorre um alto contato do nutriente com as partículas de solo, podendo gerar uma alta adsorção, diminuindo a efetividade do nutriente, processo que ocorre bastante em solos argilosos. Para reduzir este contato com as partículas de solo, pode-se aplicar no sulco de plantio.
Se já ocorreram sintomas de deficiência de zinco, a aplicação em cobertura não dará bons resultados, visto que o zinco é um nutriente pouco móvel em profundidade no solo, e irá demorar ou nem chegar às raízes da planta para ser absorvido.
Aplicação foliar
Nesta modalidade, o zinco pode ser aplicado após o aparecimento dos sintomas de deficiência de zinco.
Possui como vantagens a resposta imediata da planta devido à rápida absorção, menor quantidade necessária de fertilizante e a distribuição mais uniforme.
Como desvantagem, a área de absorção da planta pode ser insuficiente quando a exigência do nutriente é alta. Além disso, altas concentrações do nutriente podem queimar as folhas. Outro fator é que há pouco efeito residual na aplicação foliar, e o custo é elevado se forem feitas várias aplicações.
A aplicação via foliar exige várias operações e equipamentos, bem como um certo nível de conhecimento. Assim, é uma boa opção em culturas perenes e altamente rentáveis.
Como explicado anteriormente, o comportamento do zinco no solo depende do pH. Em áreas onde o pH está em um valor próximo a 7 ou acima disso, mesmo que o zinco seja aplicado no solo, a deficiência pode se manifestar, podendo refletir em menor produtividade. Neste caso, a única opção de aplicação é via foliar.
Aplicação junto com o adubo
Como a quantidade aplicada do zinco é pequena, visto se tratar de um micronutriente, a aplicação uniforme é difícil. Para isto, pode-se aplicar pequenas quantidades de óxido ou sulfato de Zn em misturas granuladas de NPK. Desta forma, reduz-se o custo de aplicação e facilita a uniformidade do nutriente.
Aplicação nas sementes
Trata-se de um método preventivo, usando pequenas quantidades do fertilizante.
O zinco nas culturas
O zinco no cafeeiro
Como citado anteriormente, o zinco possui funções essenciais nas plantas. No cafeeiro, adota-se, como adequado, teores de zinco de 3 mg/dm³ no solo, e 8 até 16 ppm nas folhas (teores abaixo de 4 são considerados deficiente, e teores acima de 20 ppm já são considerados tóxicos para as plantas a depender das condições, podendo causar abortamento das flores).
A aplicação do zinco pode ser feita no solo ou nas plantas. Recomendações de 6 kg/ha por ano são comuns na aplicação via solo (sempre considerando as variáveis citadas acima que alteram o teor do nutriente no solo, como o pH, textura do solo, excesso de fósforo etc.).
Época de aplicação: estudos apontam uma tendência de maior produtividade com a aplicação de zinco contínua (parcelamento), realizada nos meses de janeiro, março, setembro e novembro.
Os sintomas de deficiência de zinco no café ocorrem nas folhas em expansão, que se tornam ásperas, retorcidas e quebradiças. Ocorre também encurtamento de entrenós nos ramos e formação de rosetas. Pode ocorrer também desfolhamento severo.
Na imagem, observamos o amarelecimento internerval das folhas (nervuras permanecem verdes).
Foto: Yara Brasil
Em casos mais extremos, a deficiência de zinco no café pode deixar as folhas esbranquiçadas e em formato de lança.
Foto: Yara Brasil
O zinco na soja
Para produzir uma tonelada de grãos, a soja absorve cerca de 61 gramas de zinco, sendo 66% nos grãos.
O zinco pode ser aplicado na soja através do solo, obtendo um efeito lento e gradual. Ou também, pode ser aplicado através da folha tendo um efeito mais imediato e menos duradouro, podendo-se utilizar sulfato de zinco, em uma dosagem de 75g para cada 100 litros de água a 20ºC. Uma terceira opção é a aplicação através da semente.
Em solos deficientes de zinco, geralmente se aplica 4 a 6 kg/ha de zinco. Para culturas anuais, esta dose pode ser parcelada em 3 aplicações, com a dosagem dividida entre sulco de semeadura e cultivos sucessivos. Em solos com teor médio de zinco, pode-se aplicar 25% da dose citada acima.
Confira abaixo o que alguns autores afirmam quanto à concentração de zinco na soja (SFREDO et al., 1986).
Nível | Teor (ppm) |
Muito baixo | < 11 |
Baixo | 11 - 20 |
Suficiente / médio | 21 - 50 |
Alto | 51 - 75 |
Muito alto | > 75 |
Quando ocorre deficiência de zinco na soja, as folhas novas apresentam clorose internerval. Quando a deficiência do nutriente é muito grande, as folhas velhas apresentam áreas necrosadas.
Deficiência de zinco em folhas mais novas de soja, com clorose internerval com cor amarelo-ouro.
Foto: Embrapa Soja.
O zinco no arroz
O zinco é fundamental para a produtividade bem como para a qualidade de grãos de diversas culturas. Como citado anteriormente, o zinco tem papel fundamental na síntese do amido, presente nos grãos. Quando ocorre deficiência de zinco no arroz, esta pode estar relacionada com o aumento do pH, com a inundação, com a textura do solo, com a falta de aeração do solo irrigado, com o movimento de terra ao sistematizar o terreno etc.
Quando ocorre deficiência de zinco no arroz, surgem sintomas na base da folha, como uma cor verde esbranquiçada aos 35-45 dias, que posteriormente evolui para uma cor ferruginosa que se estende da base até a metade da lâmina, além de ocorrer encurtamento nos internódios.
Confira abaixo algumas fontes de zinco e as doses mais utilizadas para aplicação no arroz. Obs: não se tratam de recomendações, pois cada cenário de produção possui suas próprias variáveis, sendo necessária a consulta de um engenheiro agrônomo para se elaborar uma recomendação adequada.
Fonte | Fórmula | % de Zn aproximada | Solubilidade (g/100ml a 25ºC) | Aplicação do produto no solo (kg/ha)* |
Sulfato de Zn monoidratado | ZnSO4.H2O | 33-36 | 68+2 | 10-20 |
Sulfato de Zn heptaidratado | ZnSO4.7H2O | 23 | 95,6 | 18-36 |
Sulfato de Zn básico | ZnSO4.4Zn(OH)2 | 55 | - | 7-14 |
Óxido de Zn | ZnO | 78 | 0,005 | 5-10 |
Carbonato de Zn | ZnCO3 | 52 | 0,001 | 7-14 |
Zn F.T.E. (Fritas) | BR-9 | 6 | Insolúvel | 40-60 |
BR-12 | 9 | Insolúvel | 40-60 | |
BR-15 | 8 | Insolúvel | 40-60 | |
Quelatos de Zn | Na2Zn EDTA | 14 | Solúvel | 28-56 |
Na2Zn NTA | 6-14 | Solúvel | 40-80 | |
Na2Zn HEDTA | 9 | Solúvel | 40-80 |
*A aplicação também pode ser feita nas folhas, usando sulfato de zinco na concentração de 0,5%, ou 2,5 kg do produto para cada 500 litros de água.
Deficiência de zinco em arroz, com folhas com coloração ferruginosa.
Foto: EMBRAPA - CNPAF
O zinco no milho
O milho é uma cultura bastante suscetível à deficiência de zinco, sendo recomendada uma análise de solo na pré-semeadura para prevenir eventuais carências. A deficiência do zinco no milho, bem como na cana-de-açúcar, provoca sintomas como estrias brancas longitudinais, com as nervuras permanecendo verdes. Como citado anteriormente, o zinco tem papel fundamental na síntese do amido, presente nos grãos, sendo o valor de aproximadamente 2 mg de zinco por quilo de solo pelo extrator Mehlich 1, ou 1 mg pelo extrator DTPA, teores adequados para se obter boas produtividades com a cultura. Vale destacar que estes valores podem ser diferentes, devido à diversas variáveis que podem ocorrer como pH do solo, idade da planta etc. Valores de aproximadamente 90 mg/kg (Mehlich 1) ou 60 mg (DTPA) podem causar fitotoxicidade na cultura.
Já o teor de Zn na planta considerado adequado (com base em 90% da produção máxima) é de aproximadamente 27 mg/kg de matéria seca, ou 20mg/kg de matéria seca da parte aérea na fase inicial de crescimento da cultura. Os teores tóxicos são de aproximadamente 420 mg/kg de matéria seca.
Diversos estudos obtiveram alta correlação entre a aplicação de zinco no solo e aumento dos teores de produção de grãos, alguns com melhores resultados na aplicação a lanço, quando comparado à aplicação no sulco. Outros trabalhos conduzidos também obtiveram incrementos significativos de produtividade através da aplicação de zinco via foliar, e em menor proporção, em tratamento de sementes.
Sintomas de deficiência de zinco no milho incluem manchas cloróticas amarelo-brancas que aparecem paralelamente à nervura central, conferindo uma aparência listrada conforme imagem abaixo. Também ocorre encurtamento de entrenós.
Foto: Yara Brasil
O zinco na cebola
Como citado anteriormente, o zinco constitui diversas enzimas que atuam na respiração, síntese de proteínas e controle hormonal. Possui importante função na síntese de auxinas e outros hormônios envolvidos no crescimento. Cebolas com deficiência de zinco apresentam clorose e as folhas mais novas ficam retorcidas e atrofiadas.
Alguns estudos sobre o nutriente na cebola concluem que este é o terceiro micronutriente mais absorvido na cultura. O momento de maior demanda ocorreu na segunda metade do ciclo da cultura, durante a bulbificação, sendo a maior taxa aos 73 dias após o transplantio, para a parte aérea, e aos 94 dias após o transplantio para a alocação do bulbo.
Estes estudos ilustram que a adição de zinco ao solo aumentou a produtividade de bulbos, havendo um aumento médio de 11% no rendimento com a aplicação de 3,5 kg / ha de zinco. Este mesmo estudo não obteve resultados positivos com a aplicação foliar, porém em outros estudos houve o aumento de produtividade com esta aplicação. Entende-se que tanto a aplicação foliar quanto no solo tem sua efetividade influenciada por diversos fatores outros fatores no ambiente.
As tabelas oficiais de recomendação utilizadas no RS e SC mencionam que, a partir de 0,5 mg/kg de zinco no solo, a resposta da cultura à aplicação do nutriente é baixa ou nula. Porém, em estudos realizados em solos com 2,2 a 3,2 mg/kg de zinco no solo, a aplicação do nutriente aumentou a produtividade de bulbos de cebola, o que pode ser explicado pela alta exigência da cebola pelo nutriente, e pelo seu pequeno sistema radicular que explora apenas uma pequena área do solo, captando poucos nutrientes.
Recomendações de zinco para a cebola geralmente indicam a aplicação de 3 a 4 kg/ha via solo, antes do plantio / semeadura, sendo aplicado a lanço ou pulverização, com posterior incorporação, ou aplicação no sulco junto com a adubação NPK. A aplicação de zinco no solo possui um efeito residual de 2 anos ou mais. A adubação orgânica também pode contribuir com este nutriente no solo.
Em situações de deficiência do zinco durante o desenvolvimento das plantas, pode-se aplicar sulfato de zinco a 0,5%, em 2 ou 4 aplicações, com intervalos de uma a duas semanas. Em situações de ambiente quente e seco, a aplicação deve ser feita ao final da tarde para evitar danos às folhas.
Os sintomas de deficiência de zinco na cebola surgem em folhas novas, reduzindo o crescimento, formando estrias nas folhas e encurvamento com clorose. Também pode haver manchas
Deficiência de zinco na cebola.
Foto: Valter R./ EMBRAPA
O zinco no morangueiro
O nível ideal de zinco no tecido da folha de morango é de 30 a 60 mg/kg. Quando ocorre deficiência do nutriente, as folhas apresentam um halo descolorido ao longo das margens serrilhadas em folhas jovens e imaturas, junto com um amarelecimento ao longo do tempo. A deficiência pode ocorrer por diversos motivos como o pH alto do solo, aplicação de calcário ou fósforo, ausência de micorrizas nas raízes, solos leves e arenosos etc.
Clorose internerval e bronzeamento marginal em folhas de morango deficientes de zinco.
Foto: Yara UK
Crescimento atrofiado de morangueiro com déficit de zinco, apresentando flores e frutos pequenos.
Foto: Yara UK
A infrutescência do morango tem seu crescimento regulado pela auxina. Com a deficiência de zinco, haverá deficiência na auxina e a infrutescência do morango não se desenvolverá direito, reduzindo o tamanho e qualidade dos frutos.
No caso de fertirrigação, pode-se usar quelatos que são altamente solúveis em água. O agente quelante protege o nutriente enquanto estiver na solução do solo, e quando este atinge a raiz, é liberado do quelato devido à acidez da região.
Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo
Referências:
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