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Selênio - tudo o que você precisa saber sobre este adubo

Leia sobre os benefícios que o selênio proporciona para as plantas!


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Introdução
O selênio nos solos
O selênio nas plantas
Alimentação animal
Adubação com selênio

 

Introdução

Nas plantas, o selênio é um elemento benéfico, ou seja, não é considerado essencial, pois não está envolvido em qualquer função metabólica essencial ao metabolismo das plantas, contudo, seus benefícios trazem grandes vantagens, muitas vezes negligenciadas, que podem refletir na produtividade final. Nas plantas, ele confere maior resistência à diversos estresses abióticos, conforme explicado abaixo.

Em humanos, o elemento é essencial em mais de 20 proteínas humanas, e confere melhor funcionamento do sistema imunológico, se destacando na prevenção contra o câncer (Hintze et al., 2001).

 

O selênio nos solos

Na maioria dos solos, o teor de selênio é baixo, inferior a 0,2 ppm. O teor de selênio é considerado deficiente quando inferior a 0,3 ppm (Selênio, 2002).

Em solos ácidos, o selênio se encontra na forma de selenito, que pode se fixar ao ferro e formar complexos orgânicos, e dependendo da atividade microbiana e aeração, pode se apresentar em diversos estados de oxidação. A matéria orgânica do solo é uma importante reserva do nutriente, liberando este de forma gradual. Já em solos alcalinos arejados, se apresenta na forma de selenato, sendo a forma mais disponível para as plantas (Malavolta, 1980). Na forma de selenato, o nutriente compete com o enxofre pela absorção da planta, já na forma de selenito, compete com o fósforo.

O selênio é antagônico ao enxofre. O uso de fertilizantes sulfatados pode reduzir o teor de selênio absorvido pelas plantas.

 

O selênio nas plantas

Atualmente a agricultura se encontra em um momento, em que o aumento da produtividade final envolve cada vez mais a diminuição dos estresses da cultura. Em situações de altas temperaturas, déficit hídrico, grande salinidade do solo, uso de herbicidas, ou até estresses bióticos (doenças e pragas), ocorre uma alta produção de elementos corrosivos como oxigênio singleto e peróxido de hidrogênio, que corroem os lipídios da celula (responsáveis por promover passagem de água e nutrientes para dentro da célula), causando o estresse oxidativo e grandes perdas de produtividade. Esta corrosão resulta em extravasamento celular, desequilíbrio do pH e prejuízo às enzimas e ao funcionamento da planta.

Elementos como o selênio e silício diminuem esse estresse, aumentando o número de carotenóides, flavonóides, enzimas antioxidantes, que atuam reduzindo esses estresses. Além disso, o selênio possui capacidade de converter clorofila A em clorofila B (Silva, 2020). A clorofila B confere à planta maior proteção contra altas temperaturas e luminosidade. O efeito anti-oxidante do selênio também ocorre no corpo humano (Moraes, 2008).

Além disso, estudos foram feitos interrompendo a irrigação, e plantas bem abastecidas de selênio conseguiram sobreviver ao estresse. Ocorre que o selênio melhora a eficiência de aproveitamento da água na planta. Em outros estudos, plantas bem nutridas com selênio não foram prejudicadas por ocorrência de geada. Assim, percebe-se que os maiores benefícios do selênio ocorrem em situações de estresse, e não em condições adequadas de produtividade. Tais efeitos fazem também com que o tempo de prateleira de diversos produtos agrícolas seja maior por conta da menor degradação, reduzindo o desperdício de alimentos.

O selênio é absorvido através do fluxo de massa, e no solo se encontra na forma de selenato, que compete com o enxofre pela absorção, ou selenito, que compete com fósforo. Além disso, o selênio se comporta de forma muito semelhante ao enxofre, e as plantas não distinguem entre os dois nutrientes e, dessa forma, o selênio pode substituir o enxofre em muitas proteínas e enzimas da planta. Caso haja teores excessivos de selênio na planta, essa substituição pode causar alguns problemas metabólicos. 

 

Alimentação animal

Em alguns países a deficiência de selênio nas pastagens tem sido resolvida com a aplicação de selênio via fertilizante, melhorando a produtividade das forragens e a saúde animal, refletindo em ganho de peso e melhor qualidade do leite (Selênio, 2002). O selenito geralmente é a forma mais usada na alimentação animal, diferente dos fertilizantes que usualmente usam a forma selenato. O selenito no solo rapidamente é convertido em formas pouco assimiláveis pelas plantas, tendo um resultado 10 vezes menor que o selenato. No caso de forragens destinadas à alimentação animal, a forma selenito de sódio pode ser misturada com um veículo inerte e adicionada aos fertilizantes, utilizando cerca de 16g de selênio por hectare (Selênio, 2002).

Nas forrageiras, o selênio deve possuir concentração de cerca de 0,11 ppm. A toxidez aparece em concentrações de cerca de 5 ppm ou mais.

 

Adubação com selênio

O selenito não é tão solúvel, sendo pouco absorvido pelas plantas, pois o solo retém muito o nutriente nesta forma. Já o selenato possui selênio em formas mais disponíveis para a absorção pela planta. Recomenda-se usar fontes de selênio altamente solúveis, como o selenato de sódio, sendo aplicado uma vez na primavera e outra no verão, quando as chuvas estimulam o crescimento. Vale ressaltar que solos com pH mais ácido também podem indisponibilizar o selenato. Os fertilizantes com selenato podem aumentar a concentração de selênio na planta de 20 a 50 vezes mais do que o selenito.

Para fugir dessas interações que o solo pode ter com o selênio, pode-se aplicar selênio via foliar. As aplicações via foliar podem ser feitas com concentrações até 20 vezes menores do que a aplicação via solo, pois a aplicação foliar de selênio é mais eficiente, sendo a forma selenato a mais efetiva.

Conforme citado anteriormente, diversas propriedades do solo influenciam a absorção do selênio, como por exemplo as argilas, óxidos de ferro e matéria orgânica, que diminuem a absorção do nutriente. Para evitar esta perda de disponibilidade na aplicação via solo, o nutriente pode ser aplicado nas folhas e nas sementes.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

DHILLON, K. S.; DHILLON, S. K. Distribution and management of seleniferous soils. Advances-in-Agronomy, v. 79, p. 119-184, 2003.

FARIA, Letícia de Abreu. Levantamento sobre Selênio em solos e plantas do Estado de São Paulo e sua aplicação em plantas forrageiras. Orientador: Prof. Dr. Pedro Henrique de Cerqueira Luz. 2009. Dissertação de mestrado (Mestre em Zootecnia) - Faculdade de Zootecnia da Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2009.

HINTZE, K. J. et al. Areas with high concentrations of selenium in the soil and forage produce beef with enhanced concentrations of selenium. Journal of Agricultural and Food Chemistry., v. 49, p. 1062-1067, 2001.

IPNI. Selênio. Nutri-Fatos, Piracicaba, SP, n. 17, [21--].

MALAVOLTA, E. Selênio. Elementos de nutrição mineral de plantas. Ed. Agronômica Ceres, 1980. p. 211-212.

MORAES, M. F. Relação entre nutrição de plantas, qualidade de produtos agrícolas e saúde humana. Informações Agronômicas, piracicaba, n. 123, p. 21-23, set. 2008.

SELÊNIO Tradução condensada de "Fertilizer International", maio/jun 2002, por Fernando P. Cardoso. Disponível em: <http://www.abcz.org.br>. Acesso em: 21 ago. 2006.

SILVA, Vinicius Martins. CHARACTERIZATION OF GENOTYPE VARIATION AND AGRONOMIC BIOFORTIFICATION OF COWPEA WITH SELENIUM: IMPACTS ON PHYTIC ACID AND NUTRITIONAL QUALITY OF GRAINS. Orientador: Prof. PhD. André Rodrigues dos Reis. 2019. Dissertação de mestrado (Mestre em Agronomia) - Faculdade de engenharia - UNESP, Ilha Solteira, SP, 2020.

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