Cobalto nas plantas - tudo o que você precisa saber
O cobalto é essencial para a fixação do nitrogênio atmosférico.
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Introdução
O cobalto nos solos
O cobalto nas plantas
- O cobalto e a alimentação animal
- Sintomas de deficiência / excesso de cobalto
- O cobalto na soja
Fertilizantes com cobalto
Introdução
O cobalto é um nutriente essencial para as plantas, absorvido pelas raízes na forma de Co2+, e é essencial para a fixação do nitrogênio atmosférico. Na maioria dos solos, é encontrado em baixas concentrações, dependendo do material de origem.
O cobalto nos solos
O cobalto é um elemento encontrado com abundância na crosta terrestre e em baixas concentrações na maioria dos solos, a depender do material de origem, com teor que oscila entre 1 e 40 ppm geralmente. A maior parte do nutriente se encontra na forma de Co2+, participando das reações de troca de cátions no solo. Solos argilosos e com bastante matéria orgânica tendem a possuir maiores concentrações de cobalto do que solos arenosos, onde geralmente o nutriente já foi transportado para camadas mais profundas do solo.
No solo, a mobilidade de cobalto é regida por pH e disponibilidade de oxigênio. Quanto maior o pH, maior a adsorção específica e precipitação do cobalto, reduzindo o teor do nutriente na solução do solo (Ernani, 2008).
As principais adições de cobalto no solo causadas pelo homem são a aplicação de lodo contendo cobalto, aplicação de fertilizantes fosfatados e a deposição atmosférica de atividades de mineração, combustão, refino ou fundição (Lison, 2007).
O cobalto nas plantas
O cobalto é um componente essencial para várias enzimas do metabolismo das plantas. É absorvido pelas raízes na forma de Co2+, e transportado para a parte aérea através da corrente transpiratória. Como o elemento se combina com compostos orgânicos, o movimento da folha para os órgãos é limitado. Quando estas possuem pouca concentração de cobalto, um pequeno aumento no teor já estimula o crescimento dos vegetais. O cobalto é móvel no floema e parcialmente móvel quando aplicado via foliar, possibilitando a aplicação do nutriente durante o período vegetativo de algumas culturas. A concentração adequada do nutriente para se obter boas produtividades ainda não é conhecida.
Nas leguminosas, o cobalto é importante para os microrganismos fixadores de nitrogênio, que vivem em simbiose com as leguminosas. Nestes microrganismos, o cobalto é fundamental para sintetizar vitamina B12, necessária para formar hemoglobina, que é necessário para o funcionamento da fixação do nitrogênio atmosférico. Assim, entende-se que a deficiência de cobalto pode resultar em deficiência de nitrogênio em culturas importantes como a soja. No caso da cultura, as indicações técnicas atuais recomendam a aplicação de 2 a 3 g de cobalto por hectare nas sementes (Embrapa, 2006).
Em plantas não leguminosas o cobalto também é benéfico, e possivelmente essencial para diversas plantas. Alguns efeitos incluem menor senescência das folhas, sementes com maior resistência à seca e regulação do acúmulo de alcalóides (Palit et al., 1994), além de bloquear a síntese de etileno (hormônio de estresse em plantas), e estar envolvido na respiração das mitocôndrias.
O cobalto e a alimentação animal
O cobalto participa da síntese da vitamina B12 nos animais, sendo essencial para a sua nutrição. Quando ocorre deficiência deste nutriente, ocorrem problemas para a saúde dos animais. Assim, o micronutriente deve estar presente em plantas forrageiras.
Em forrageiras, geralmente o teor do nutriente oscila entre 0,01 a 0,5 ppm de matéria seca, sendo 0,1 o ideal nas misturas de forrageiras para satisfazer as necessidades dos animais. As leguminosas e arbustivas absorvem mais cobalto do que as gramíneas, e a mistura de ambos os grupos para forragem melhora o fornecimento de cobalto para os animais.
A deficiência de cobalto nos animais em pastejo pode ser corrigida adicionando sais com cobalto junto com fertilizante ou areia, e aplicando sobre as pastagens. Também podem ser feitos tratamentos de sementes ou pulverizações foliares.
Sintomas de deficiência / excesso de cobalto
Em leguminosas, o cobalto possui grande importância para a fixação de nitrogênio, e assim, a deficiência de cobalto se manifesta através de sintomas de deficiência de nitrogênio, como o amarelecimento e enfezamento da planta. Já em espécies não leguminosas, não ocorrem sintomas visuais conhecidos de deficiência de cobalto.
Já quando ocorre excesso de cobalto, causando efeitos tóxicos na planta, é reduzida a absorção de ferro, resultando em sintomas típicos de deficiência de ferro como clorose internerval nas folhas novas, seguidos de margens e pontas brancas nas folhas.
O cobalto na soja
Conforme descrito anteriormente, o cobalto possui importância fundamental para a nodulação de bactérias fixadoras de nitrogênio em plantas leguminosas. Desta forma, entende-se que o nutriente é fundamental para a cultura da soja, atuando no ciclo do nitrogênio na cultura. Estudos apontam que a aplicação de cobalto e molibdênio (outro nutriente fundamental para a nodulação) nas sementes, proporcionando distribuição uniforme e bom estabelecimento da associação do rizóbio com a soja, promoveu aumento de 7% na produtividade em relação à sementes não tratadas. Já para a aplicação foliar, houve incremento de 20% em relação à plantas sem aplicação dos nutrientes.
A Embrapa recomenda a aplicação de 2 a 3 g de cobalto por hectare nas sementes (Embrapa, 2006). Quando a aplicação é feita via sementes, deve ser feita antes da inoculação com o rizóbio, já quando é feita via foliar, é feita nos estádios V3 e V5. É importante entender que, quando a planta está bem suprida destes nutrientes no solo, a aplicação não resultará em incremento de produtividade.
Estas informações não representam recomendações de adubação. Para tal, consulte sempre um engenheiro agrônomo.
Fertilizantes com cobalto
A Instrução Normativa nº39 de 2018 do MAPA traz informações sobre os fertilizantes que possuem cobalto em sua composição, conforme podemos observar na tabela abaixo:
Fertilizante | Teor mínimo de nutriente | Observação |
Acetato de cobalto | 18% de cobalto | Cobalto solúvel em água |
Carbonato de cobalto | 42% de cobalto | Cobalto teor total |
Cloreto de Cobalto | 34% de cobalto | Cobalto solúvel em água |
Formiato Cobaltoso | 23% de cobalto | Cobalto solúvel em água |
Fosfato de Cobalto | 41% de cobalto, 32% de P2O5 | Cobalto teor total e P2O5 solúvel em citrato neutro de amônio mais água |
Fosfito de Cobalto | 7% de cobalto | Cobalto solúvel em água |
Nitrato de Cobalto | 17% de cobalto e 8% de nitrogênio | Nitrogênio e cobalto solúveis em água |
Óxido de cobalto | 56% de cobalto | Cobalto teor total |
Quelato de cobalto | 2% de cobalto | |
Sulfato de cobalto | 20% de cobalto e 10% de enxofre | Cobalto e enxofre teores solúveis em água |
Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo
Referências:
EMBRAPA. Soja: Molibdênio e Cobalto. Documentos, Londrina, PR, 2010.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUARIA EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Brasília, 2006. 412p
ERNANI PR. 2008. Química do solo e disponibilidade de nutrientes. Lages: O autor. 230p.
International Plant Nutrition Institute. Cobalto. Nutri-Fatos, Piracicaba, SP, n. 15, [21--].
LISON D. 2007. Cobalt. In: NORDBERG GF et al. (Eds.). Handbook on the Toxicology of Metals. San Diego: Elsevier. p. 521-528
Marcondes, José Alfredo Prestes e Caires, Eduardo Fávero. Aplicação de molibdênio e cobalto na semente para cultivo da soja. Bragantia [online]. 2005, v. 64, n. 4 [Acessado 5 Setembro 2022] , pp. 687-694. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0006-87052005000400019>. Epub 06 Fev 2006. ISSN 1678-4499. https://doi.org/10.1590/S0006-87052005000400019.
Meschede, D. K., Braccini, A. de L. e, Braccini, M. do C. L., Scapim, C. A., & Schuab, S. R. P. (2008). Rendimento, teor de proteínas nas sementes e características agronômicas das plantas de soja em resposta à adubação foliar e ao tratamento de sementes com molibdênio e cobalto; - DOI: 10.4025/actasciagron.v26i2.1874. Acta Scientiarum. Agronomy, 26(2), 139-145. https://doi.org/10.4025/actasciagron.v26i2.1874
PALIT, S.; SHARMA, A.; TALUKDER, G. Effects of cobalt on plants. Botanical Review, New York, v. 60, no. 2, p. 149-181, 1994. doi: 10.1007/BF02856575.