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Cloro nas plantas - tudo o que você precisa saber

Leia sobre o cloro e seu comportamento no solo e nas plantas.


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Introdução
O cloro no solo
O cloro nas plantas

      - Deficiência de cloro nas plantas
      - Excesso / toxicidade de cloro nas plantas
      - Como diminuir o estresse salino em plantas?
      - Relações do cloro com outros nutrientes
Adubação com cloro

 

Introdução

O cloro é um dos micronutrientes essenciais para o desenvolvimento das plantas, e está amplamente distribuído na natureza, sendo mais comum ter problemas com excesso do nutriente do que com a carência. É encontrado no solo na forma iônica de Cl-, que é disponível para ser absorvido pelas plantas. Já nas plantas possui grande solubilidade, atuando na regulação osmótica, movimento de nutrientes com cargas positivas e transpiração.

 

O cloro no solo

No solo, o cloro é encontrado na forma de Cl-, e a maioria do nutriente está na solução do solo e consegue se mover livremente junto com a água no solo. Como a mobilidade é junto com a água, o cloro pode ser facilmente lixiviado, ficando fora do alcance das raízes. Além disso, a sua disponibilidade depende também do pH: quanto maior o pH do solo, maior a disponibilidade de cloro.

O cloro é adicionado ao solo por meio de chuvas, emissões vulcânicas, fertilizantes, água de irrigação etc. As chuvas em locais perto de oceanos podem adicionar grandes quantidades de cloro, excedendo as necessidades da cultura. Já em locais longe da costa marítima, como por exemplo na região central do Brasil, as chuvas carregam pouco cloro. Assim as plantas podem apresentar maior resposta à adição de cloro em áreas sem histórico de uso de fertilizantes com cloro.

Como é comum o uso de fertilizantes com cloro, como por exemplo o cloreto de potássio, é incomum ocorrer deficiências deste nutriente, sendo mais comum o excesso, causando toxicidade. Neste caso, uma das alternativas é substituir o cloreto de potássio por silicato de potássio

 

O cloro nas plantas

O cloro desempenha diversas funções importantes nas plantas, como por exemplo:

  • Transporte de nutrientes com cargas positivas como por exemplo o potássio, magnésio e cálcio;
  • Hidratação e turgescência das células vegetais, auxiliando o movimento e retenção de água nas células;
  • Movimento dos estômatos: o cloro atua nas células-guarda, responsáveis por abrir e fechar os estômatos, sendo um fator importante para o cultivo em locais de seca;
  • Fortalecimento do caule, reduzindo o acamamento das plantas;
  • Produção mais rápida: em cereais como o trigo, ocorre fomação de espigas e maturação de grãos de forma mais precoce do que na deficiência do nutriente;
  • Regulação osmótica, conferindo menores efeitos causados por doenças;
  • Ativação de enzimas envolvidas na germinação e transferência de energia na planta.

Devido à grande abundância e solubilidade do cloro, é mais comum a ocorrência de toxicidade por excesso do nutriente do que deficiência.

 

Deficiência de cloro nas plantas

Os sintomas mais comuns de deficiência de cloro nas plantas são a clorose em folhas mais jovens e murcha generalizada. Também podem ocorrer necroses na planta, bronzeamento das folhas, menor crescimento de folhas e raízes (ramificações laterais) e maior suscetibilidade à algumas doenças.

 

Excesso / toxicidade de cloro nas plantas

Locais que recebem irrigação com água contendo altos teores de cloro ou solos com altos teores do elemento podem causar efeitos negativos às plantas, principalmente quando recebem adubação com fertilizantes contendo cloro.

O excesso de cloro causa impactos relacionados ao efeito osmótico e efeito tóxico direto, que são mais intensos nas raízes das plantas, que perdem água através das raízes, criando o efeito "estresse salino". Os sintomas mais comuns da toxicidade de cloro nas plantas são a necrose das margens das folhas, levando a queda das mesmas. Também ocorre bronzeamento e murchamento de folhas.

Os prejuízos incluem:

  • Seca fisiológica da planta devido à perda de água;
  • Desequilíbrio nutricional;
  • Menor absorção de outros nutrientes como nitrogênio, fósforo, enxofrecálcio e potássio;
  • Redução dos microrganismos benéficos do solo.

A maioria das plantas absorve cloro em níveis acima do necessário, podendo induzir à toxicidade, além de efeitos antagônicos como por exemplo a menor absorção de nitrogênio. Algumas culturas possuem sensibilidade ao cloro, como por exemplo o tabaco, batata, hortaliças, algumas variedades de soja e vários frutos, sendo necessário tomar cuidado com a água de irrigação e fertilizantes com cloro nestas culturas.

 

Como diminuir o estresse salino em plantas?

Primeiramente é necessário constatar o estresse salino, através da medição da Condutividade Elétrica. Caso confirmado o estresse salino, pode-se substituir fertilizantes com alto índice salino, como o cloreto de potássio por exemplo, por fertilizantes com menor índice salino, como por exemplo o silicato de potássio. Além disso, ao utilizar fertilizantes com alto índice salino, é desejável posicionar estes adubos a uma certa distância das sementes, evitando danos ao vegetal.

Também pode-se optar pelo uso de cultivares tolerantes à salinidade do solo. Além disso, a água utilizada na irrigação também merece atenção. Diversas fontes de água podem conter alta salinidade.

 

Relações do cloro com outros nutrientes

O cloro pode influenciar o nitrogênio, fósforo e enxofre em algumas plantas, sendo o enxofre o mais afetado. Estudos em plantas de milho evidenciam que houve diminuição progressiva dos teores de nitrogênio, fósforo e enxofre juntamente com o aumento dos teores de cloro (Ferreira et al., 2007). Estudo conduzido por Larcher (2000) também apontam a redução da absorção de potássio e cálcio quando o teor de cloreto de sódio é alto no solo.

 

Adubação com cloro

Como o cloro é amplamente distribuído na natureza, além de estar presente na água de irrigação e em alguns fertilizantes, não é comum haver necessidade de aplicação do nutriente. Alguns cenários em que a aplicação do nutriente resulta em aumento de produtividade envolvem baixos níveis de cloro no solo e/ou tecido das plantas, pressão de doença fúngica nas raízes, áreas não costeiras, cultivares com grande necessidade do nutriente e locais com adubação mínima ou ausente de cloreto de potássio.

Existem diversos fertilizantes que possuem cloro na sua composição, sendo o mais comum o cloreto de potássio (KCl). Como o cloro é solúvel, se movendo junto com a água, o local de aplicação do fertilizante não é tão importante quando comparado, por exemplo, a fertilizantes fosfatados. O cloro pode ser aplicado na superfície do solo, pois irá se mover verticalmente em direção às raízes, devido à ação da água de irrigação ou da chuva.

Em situações de toxicidade por cloro, o objetivo é reduzir a aplicação do elemento. Neste caso, podemos substituir os fertilizantes, como por exemplo a substituição do cloreto de potássio pelo silicato de potássio

A Instrução Normativa nº39 de 2018 do MAPA traz informações sobre os fertilizantes que possuem cloro em sua composição, conforme podemos observar na tabela abaixo:

Tabela 1. Fertilizantes que possuem cloro

Fertilizante Teores mínimos de nutrientes Observação
Cloreto Cúprico 20% de cobre e 23% de cloro Cobre solúvel em água
Cloreto de Amônio 25% de nitrogênio, 62% de cloro Nitrogênio na forma amoniacal
Cloreto de Cálcio 24% de cálcio e 43% de cloro Cálcio solúvel em água
Cloreto de Cobalto 34% de cobalto, 40% de cloro Cobalto solúvel em água
Cloreto de Magnésio 10% de magnésio, 26% de cloro Magnésio solúvel em água
Cloreto de Manganês 25% de manganês, 32% de cloro Manganês solúvel em água
Cloreto de Potássio 50% de potássio (K2O), 39% de cloro Potássio solúvel em água
Cloreto de Zinco 24% de zinco, 26% de cloro Zinco solúvel em água
Cloreto Férrico 15% de ferro, 30% de cloro Ferro solúvel em água
Cloreto Ferroso 23% de ferro, 30% de cloro Ferro solúvel em água

 

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

International Plant Nutrition Institute. Cloreto. Nutri-Fatos, Piracicaba, SP, n. 11, [21--].

Larcher, W. Ecofisiologia Vegetal. São Carlos: RiMa Artes e Textos, 2000, 531p

FERREIRA, Paulo Afonso et al. Produção relativa do milho e teores folheares de nitrogênio, fósforo, enxofre e cloro em função da salinidade do solo. Revista Ciência Agronômica - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, v. 38, ed. 1, p. 7-16, 2007.

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