Cinco fatos sobre o uso do sulfato de potássio na agricultura
As gramíneas em geral, como a cultura do milho e trigo demandam elevada quantidade de potássio
O sulfato de potássio (K2SO4), é um fertilizante químico fonte de potássio e enxofre para as plantas. Esses dois nutrientes são muito exigidos e importantes para o desenvolvimento e crescimento das culturas.O sulfato de potássio é um fertilizante químico muito utilizado para repor as demandas imediatas de potássio e enxofre das culturas agrícolas.
A adubação com potássio é particularmente importante na agricultura brasileira, visto que, segundo estudos conduzidos pela Embrapa, boa parte dos solos brasileiros tem baixa disponibilidade desse nutriente. Já o enxofre está envolvido com diversos processos essenciais das plantas, como:
Mecanismos de resposta a estresses oxidativos;
Síntese de vitaminas e proteínas;
Resistência ao frio;
Crescimento;
Respiração.
Dada a importância da reposição desses nutrientes para as plantas, conheça cinco fatos sobre o uso do sulfato de potássio na agricultura:
1. Pode ser fabricado de diferentes formas
O sulfato de potássio (K2SO4) pode ser fabricado de diferentes formas, que envolvem reações químicas com o ácido sulfúrico (H2SO4), resinas de troca iônica, decomposições minerais e até pela evaporação solar de lagoas salinas que contenham os íons potássio e sulfato.
Dentre os métodos produtivos, o processo Mannheim é o mais utilizado, por ser um processo relativamente simples e que apresenta alta conversão a produto. Entretanto, ele também apresenta algumas desvantagens, como:
Graves problemas de corrosão dos equipamentos;
Alto consumo de energia;
Alto custo dos reagentes.
Esse processo químico industrial é realizado em fornos (fornos Mannheim) e descrito no estudo Produção de Sulfato de Potássio a partir de cloreto de potássio e sulfato de amônio: Estudos de Equilíbrio Sólido-Líquido e Desenvolvimento de Processo.
O forno é alimentado com Cloreto de Potássio (KCl) e ácido sulfúrico e a reação acontece em constante agitação, pois há liberação de calor. O sulfato de potássio produzido é neutralizado e resfriado, enquanto o cloreto de hidrogênio (HCl) gasoso formado é absorvido em água (formando o ácido clorídrico) ou é usado na forma gasosa. A reação é realizada em duas etapas:
KCl + H2SO4 → KH SO4 + HCl
KCl + KH SO4 → K2SO4 + HCl
2. É uma fonte de potássio e enxofre para as plantas
Para que serve o sulfato de potássio nas plantas? Ele é muito utilizado como uma fonte de potássio e enxofre para as plantas. Isso por causa da sua alta concentração desses nutrientes: ele contém cerca de 50% de potássio sob a forma de K2O e 17% de enxofre sob a forma SO 42-.
Como o potássio é um dos macronutrientes mais importantes para as plantas, de maneira geral ele acaba sendo mais absorvido por elas em seu processo de desenvolvimento. Ele está envolvido em funções essenciais, tais como:
Amenização de estresses bióticos e abióticos;
Ativação enzimática;
Crescimento celular;
Síntese proteica;
Fotossíntese.
Já o enxofre é um macronutriente secundário, que está ligado principalmente a funções no metabolismo das plantas, visto que ele participa ativamente de moléculas orgânicas como aminoácidos, proteínas e enzimas que estão envolvidas no ciclo de vida vegetal.
3. Apresenta um índice salino alto
O índice salino é uma medida da tendência do adubo para aumentar a pressão osmótica da solução do solo. Quanto mais alta é essa medida, maior será a limitação do desenvolvimento do sistema radicular das plantas e das populações de microrganismos do solo.
O sulfato de potássio tem um índice salino de 46%, que é considerado alto. Ou seja, além da aplicação desse fertilizante limitar o desenvolvimento das plantas e dos microrganismos, ele pode levar a salinização do solo.
O processo de salinização acontece quando existe uma crescente concentração de cristais salinos no solo. No artigo Influence of Salinity and Water Content on Soil Microorganisms, a pesquisadora Petra Marschner, juntamente com outros colegas, analisou as consequências da alta salinidade e destacou:
Redução de atividades enzimáticas que levam a perdas de produtividade e rentabilidade;
Diminuição das populações de microrganismos do solo;
Redução do potencial de crescimento das plantas;
Acidificação do solo.
4. É um fertilizante livre de cloro
O sulfato de potássio é uma das alternativas de nutrição vegetal livre de cloro, fazendo com que essa seja uma das principais diferenças entre ele e o Cloreto de Potássio.
O cloro um elemento que é muito indesejado em altas concentrações. Os malefícios do cloro estão relacionados principalmente com o excesso de absorção do elemento pelas plantas e os seus efeitos na qualidade do solo. Naturalmente esse elemento já está disponível em quantidades adequadas no solo e o seu excesso pode prejudicar a produtividade, rentabilidade e qualidade das culturas.
O estudo conduzido pela empresa Verde, em parceria com a Delta Sucroenergia, mostrou que o excesso de cloro presente no Cloreto de Potássio (KCl) reduziu a emissão dos ramos laterais da cana-soca em 11,56%, quando comparado com outra fonte livre de cloro.
Já o Doutor em Ciência do Solo Enilson de Barros Silva, demonstrou no seu estudo Qualidade de grãos de café beneficiados em resposta à adubação potássica, que o cloro provoca a redução da atividade da polifenoloxidase, uma enzima que está significativamente ligada à qualidade da bebida de café.
Além disso, o cloro tem um impacto negativo na qualidade do solo. Ele tem um efeito altamente biocida nas populações de microrganismos do solo e ainda contribui para o aumento da compactação de solos expansivos. As principais consequências da compactação do solo são mudanças em suas propriedades e alteração das características físicas e químicas, como a diminuição das taxas de absorção de água e nutrientes e também da penetrabilidade das raízes das plantas.
5. É muito solúvel
Apesar da solubilidade do sulfato de potássio a 20ºC corresponder a um terço da solubilidade do Cloreto de Potássio, ainda assim ele apresenta um valor muito elevado. E a consequência dessa característica é a rápida disponibilização de nutrientes no solo. Em alguns casos, essa rápida disponibilização é desejada para suprir a demanda nutricional imediata da planta. Contudo, as consequências a longo prazo da elevada solubilidade não são tão favoráveis.
Isso acontece porque não irá existir um equilíbrio entre a taxa de disponibilização dos nutrientes do sulfato de potássio e a taxa de absorção de potássio e enxofre pelas plantas. Com isso, muitos íons de potássio e enxofre ficam livres na solução do solo e acabam ficando mais vulneráveis para serem carregados para as camadas mais profundas do solo, em um processo conhecido como lixiviação.
Tales Tiecher e outros pesquisadores, ainda destacam que a lixiviação de sulfatos pode ser mais intensa em sistemas de plantio direto. Nesse sistema a aplicação superficial de calcário acaba aumentando o pH do solo em superfície, o que reduz a quantidade de cargas elétricas positivas capazes de reter sulfato.
No artigo Dinâmica de sulfato e cátions básicos em solução do solo afetada pela adubação com gesso em um Argissolo do Sul do Brasil, os pesquisadores observaram que a concentração total de SO42- na solução do solo apresentou tempo de permanência inferior a 30 dias nos primeiros 20 cm do solo.
Agora que você já conhece mais sobre o sulfato de potássio, você pode construir estratégias para otimizar o manejo nutricional na sua lavoura.
Como otimizar a adubação com potássio e enxofre nas plantas
Para otimizar a adubação com potássio e enxofre na lavoura, o agricultor deve superar as suas duas principais limitações que são o seu elevado índice salino e de solubilidade.
Isso pode ser alcançado com a utilização de técnicas agrícolas específicas, como o parcelamento das aplicações, ou com a utilização de fontes alternativas de potássio e enxofre que apresentem liberação gradual de nutrientes, capazes de superar o custo-benefício do sulfato de potássio.
Fonte: verde.ag