Calagem - Propriedades e tipos de corretivos de acidez do solo
Conheça os diferentes tipos de corretivos de acidez do solo e suas características.
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Tipos de corretivos de acidez
- Calcário agrícola
- Cal virgem (óxido)
- Cal hidratada (hidróxido)
- Calcário calcinado
- Escórias de siderurgia (silicato)
- Carbonato de cálcio
Propriedades e características dos corretivos de acidez do solo
- Natureza química
- Poder de neutralização
- Teores de cálcio e magnésio
- Granulometria
- Reatividade
- Efeito residual
- PRNT
Como escolher o melhor calcário?
Ao realizarmos a calagem, o produto mais comumente utilizado é o calcário, porém podemos utilizar outros produtos para neutralizar a acidez do solo. Estes produtos possuem a característica de diminuir os teores de hidrogênio e alumínio na solução do solo, substituindo-os por cátions básicos. Além disso, cada produto possui suas propriedades quanto à natureza química, poder de neutralização, reatividade, efeito residual, PRNT, granulometria e teores de cálcio e magnésio. Todas essas propriedades influenciam diretamente na eficiência da sua calagem.
Abaixo vamos entender tudo isso de maneira simples!
Tipos de corretivos de acidez
Calcário agrícola
É o produto mais utilizado na correção de acidez, criando condições favoráveis para a fertilidade do solo. O calcário é obtido pela moagem de rochas calcárias compostas por carbonato de cálcio (CaCO3) e carbonato de magnésio (MgCO3). Em função do teor de MgO e CaO, os calcários são classificados em:
- calcíticos: 1% a 5% de MgO e 45% a 55% de CaO
- magnesianos: 5% a 12% de MgO e 40% a 42% de CaO
- dolomíticos: 13% a 21% de MgO e 25% a 35% de CaO
O teor de magnésio é determinante na escolha de um produto, em solos deficientes em cálcio e com bons teores de magnésio, optamos pelo calcário calcítico. Já em solos deficientes em magnésio, optamos pelo dolomítico. Para manter a relação entre ambos os nutrientes, podemos misturar o dolomítico e calcítico. Em função da natureza geológica, os calcários são também classificados em sedimentares e metamórficos. Os primeiros são mais friáveis ou “moles” e os últimos são mais “duros”, porém, quando bem moídos apresentam comportamento agronômico semelhante.
Como o CO3 é uma base fraca, a formação de íons OH- é lenta, sendo recomendado a aplicação com antecedência de pelo menos 30 dias ao plantio, além da necessidade de um adequado teor de água para a ação deste produto.
Cal virgem (óxido)
Produto obtido industrialmente pela calcinação ou queima completa do calcário, com emissão de CO2. Seus constituintes são o óxido de cálcio (CaO) e o óxido de magnésio (MgO), e se apresenta como pó fino.
A cal virgem é um corretivo de ação imediata, e pode causar prejuízos as sementes, plântulas e aos microrganismos do solo através da geração de calor. Para evitar estes problemas, devemos aplicar a cal virgem com antecedência ao plantio. Ao aplicarmos, a água do solo é absorvida, formando grânulos endurecidos. A cal virgem dolomítica pode apresentar 60% de CaO e 30% de MgO, e um PRNT de cerca de 180%.
Quanto ao PRNT, como a cal virgem possui um PRNT mínimo de 120%, a quantidade deste corretivo será menor do que a quantidade apontada pelo cálculo. Usando o fator de correção, a quantidade aplicada será multiplicada por 0,83 devido ao valor do PRNT. Assim, uma quantidade de 4 t/ha apontada pelo cálculo, deverá ser multiplicada por 0,83, resultando em uma aplicação de 3,32 t/ha.
Para ser comercializada, a legislação brasileira prevê que a cal virgem deve possuir no mínimo 125% de Poder de neutralização (PN) de 125%, PRNT de 120% e soma de CaO + MgO de 68%.
Cal hidratada (hidróxido)
Este produto é resultante da hidratação da cal virgem. O hidróxido de cálcio se apresenta na forma de um pó branco, com pureza de 95%, que em contato com a umidade do ar pode acontecer a carbonatação.
Como é um pó muito fino, a ação é imediata, e a aplicação a lanço não é muito fácil.
Conforme a legislação, deve apresentar garantias mínimas de Poder de neutralização (PN) de 94%, PRNT de 90% e soma de CaO + MgO de 50%.
Calcário calcinado
Produto obtido industrialmente pela calcinação parcial do calcário. Pode ser calcítico, magnesiano ou dolomítico. Apresenta características intermediárias ao calcário e à cal virgem. Sua ação neutralizante é devida à base forte OH- e à base fraca CO32-.
Escórias de siderurgia (silicato)
Subproduto da indústria do ferro e do aço. Seus constituintes são o silicato de cálcio (CaSiO3) e o silicato de magnésio (MgSiO3-). Estes produtos possuem o mesmo comportamento do calcário e contém teores relativamente elevados de micronutrientes (cálcio, magnésio, cobre, ferro, manganês e silício), mas não têm sido usados.
Os silicatos devem apresentar algumas características para o uso agrícola como facilidade de aplicação no solo, boa concentração de silício solúvel, bons teores de cálcio e magnésio, baixa concentração de metais pesados e preço compatível. As escórias possuem granulometria fina, o que confere uma maior reatividade no solo.
A solubilidade destes materiais é bastante variável. Escórias de alto-forno apresentam altas teores de silício e baixa solubilidade, ao passo que as escórias de aciária possuem menores teores do micronutriente, e maior solubilidade. Escórias da produção de aço inox são as que apresentam o silício com maior solubilidade.
Carbonato de cálcio
Produto obtido pela moagem de margas (depósitos terrestres de carbonato de cálcio), corais e sambaquis (depósitos marinhos de carbonato de cálcio, também denominados de calcários marinhos). Sua ação neutralizante é semelhante à do carbonato de cálcio dos calcários.
Para complementar o entendimento do conteúdo, sugerimos assistir ao vídeo abaixo do canal "AgroBrasil", em que o Engenheiro Agrônomo Jonathan Basso responde se todos produtos com cálcio corrigem acidez.
Propriedades e características dos corretivos de acidez do solo
Abaixo, explicaremos as principais características a serem consideradas na escolha de um calcário. Recomendamos também a leitura do material "Aplicações" e "Critérios para a recomendação de calagem".
Natureza química
Caracteriza a quantidade necessária e tempo de reação para elevar o pH. Pode originar bases fracas (carbonatos e silicatos) com ação mais lenta ou bases fortes (hidróxido) com ação mais rápida e energética.
Poder de neutralização
Capacidade do corretivo em neutralizar. Depende do teor de neutralizantes e sua natureza química. É sempre expressa em relação ao CaCO3.
Espécie neutralizante | % ECaCO3 ou capacidade de neutralização em relação ao CaCO3 |
---|---|
CaCO3 | 1,00 |
MgCO3 | 1,19 |
CaO | 1,79 |
MgO | 2,48 |
Ca(OH)2 | 1,35 |
Mg(OH)2 | 1,72 |
CaSiO3 | 0,86 |
MgSiO3 | 1,00 |
Fonte: Alcarde & Rodella (2003)
Exemplo: 100 kg de CaO possuem ação equivalente a 179 kg de CaCO3
Teores de cálcio e magnésio
Estão na forma de CaO ou MgO (óxido de cálcio / óxido de magnésio) e ambos possuem capacidade de neutralização. Em outras formas, como sulfato por exemplo, não possuem esta capacidade. Não existe calcário sem cálcio ou magnésio. A ausência ou teor muito baixo destes elementos indica que o produto não corrige acidez.
Granulometria
O tamanho do grânulo é uma característica muito importante, que irá determinar tanto a reatividade (efeito instantâneo) quanto o efeito residual (efeito posterior) de um calcário. Deve haver concordância entre poder de neutralização e granulometria. Quanto maior a área superficial específica (ou seja, quanto menor o tamanho do grânulo), maior o contato com a solução do solo e com o hidrogênio, aumentando a solubilidade e assim o efeito instantâneo do produto. A solubilidade depende também da moagem e da mistura do corretivo com o solo.
A granulometria é classificada conforme às normas ABNT, seguindo a tabela abaixo:
Fração granulométrica: peneiras | Reatividade (RE) % | |
---|---|---|
ABNT nº | mm | |
10 | >2,00 | 0 |
10 - 20 | 2,00 - 0,84 | 20 |
20 - 50 | 0,84 - 0,30 | 60 |
50 | <0,30 | 100 |
Fonte: Legislação brasileira: Instrução normativa n. 35 - 04/07/2006
Conforme citado anteriormente, quanto menor o tamanho do grânulo, mais instantâneo (maior a reatividade, explicada posteriormente) será seu efeito. Assim sendo:
- Fração ABNT nº 10: equivalente a grânulos com diâmetro maior do que 2 mm não possuem efeito instantâneo e pouquíssimo efeito residual;
- Fração ABNT nº 10 - 20: equivalente a grânulos com diâmetro entre 2 e 0,84 mm, possuem 20% do seu efeito reagindo em até 3 meses (reatividade), e o resto após este período (efeito residual);
- Fração ABNT nº 20 - 50: equivalente a grânulos com diâmetro entre 0,84 e 0,3 mm, possuem 60% do seu efeito reagindo em até 3 meses (reatividade), e o resto após este período (efeito residual);
- Fração ABNT nº 50: equivalente a grânulos com diâmetros menores do que 0,3 mm, possuem 100% do seu efeito reagindo em até 3 meses (reatividade), e nenhum efeito após este período.
Vale observar que quanto mais fino for o grânulo, mais difícil será a aplicação. Temos como exemplo o calcário filler, com granulometria menor que 0,3 mm, ultra fino, e possui uma reatividade de 100% em 3 meses, porém terá uma aplicação mais complexa. Temos como outro exemplo o calcário granulado, formado por grânulos maiores. Este produto serve apenas como nutriente, e não como corretivo de solo.
A legislação defende que o calcário, no teste de granulometria, deve passar no mínimo 95% do calcário pela peneira de 2mm, 70% na peneira de 0,84mm e no mínimo 50% na de 0,3mm.
Abaixo podemos observar a composição granulométrica de diferentes corretivos, e avaliar suas propriedades:
Corretivos | Composição granulométrica (frações em %) | ||||
---|---|---|---|---|---|
Peneiras (mm) | |||||
> 2,00 | 2,00 - 0,84 | 0,84 - 0,30 | < 0,30 | RE | |
A | 100 | 0 | 0 | 0 | 0 |
B | 33 | 0 | 0 | 67 | 67 |
C | 5 | 25 | 20 | 50 | 67 |
D | 16 | 0 | 0 | 84 | 84 |
E | 0 | 10 | 20 | 70 | 84 |
F | 0 | 0 | 0 | 100 | 100 |
Avaliando cada um dos calcários acima, podemos chegar às seguintes conclusões:
- Calcário A) Não está dentro dos critérios da legislação. Com todas as partículas acima de 2 mm de diâmetro, teremos uma reatividade de 0%. Em alguns anos, as partículas terão algum efeito, mas de imediato para correção do solo em poucos meses, não terá qualquer efeito significativo.
- Calcário B) Não está dentro dos critérios da legislação, pois 33% do produto não passou pela peneira de 2 mm (a legislação prevê 95%). Terá uma reatividade de 67%.
- Calcário C) Está dentro dos limites da legislação. Porém, neste calcário, diferente do calcário B, teremos um efeito residual para neutralização posterior.
- Calcário D) Não está dentro dos limites da legislação. Não terá efeito residual, tendo apenas um efeito instantâneo
- Calcário E) Está dentro dos limites da legislação. Terá um efeito instantâneo pouco menor que o calcário D, porém, terá um efeito residual maior.
- Calcário F) Está dentro dos limites da legislação. Terá todo seu efeito instantaneamente, sem qualquer efeito residual. É conhecido como calcário “Filler”.
Reatividade
A reatividade (RE), relacionada com a granulometria, é a velocidade com que o corretivo corrige a acidez. Conforme o MAPA, é mensurada através da porcentagem do corretivo que reage no solo em até 3 meses. Quando temos um atraso na calagem, podemos optar por um calcário com granulometria fina e consequentemente maior reatividade, como por exemplo um calcário “filler”, de modo que o efeito ocorra rapidamente. Vale lembrar que produtos com granulometria fina exigem equipamentos e condições ambientais específicas para sua aplicação.
O cálculo da reatividade é feito da seguinte forma:
%RE (corretivo) = F10-20 x 0,2 + F20-50 x 0,6 + F<50 x 1
Sendo F = fração do intervalo de grânulo conforme ABNT
Fração granulométrica: peneiras | Reatividade (RE) % | |
---|---|---|
ABNT nº | mm | |
10 | > 2,00 | 0 |
10 - 20 | 2,00 - 0,84 | 20 |
20 - 50 | 0,84 - 0,30 | 60 |
50 | < 0,30 | 100 |
Fonte: Legislação brasileira: Instrução normativa n. 35 - 04/07/2006
Observe que o calcário possui diferentes valores de reatividade conforme o tamanho do grânulo. Grânulos maiores que 2 mm possuem uma reatividade extremamente lenta, por isso não são considerados no cálculo.
Para entendermos melhor o cálculo, podemos observar os 6 tipos diferentes de calcário na tabela abaixo. A partir da sua composição granulométrica, iremos calcular a reatividade de cada um.
Corretivos | Composição granulométrica (frações em %) | ||||
---|---|---|---|---|---|
peneiras (mm) | |||||
> 2,00 | 2,00 - 0,84 | 0,84 - 0,30 | < 0,30 | RE | |
A | 100 | 0 | 0 | 0 | 0 |
B | 33 | 0 | 0 | 67 | 67 |
C | 5 | 25 | 20 | 50 | 67 |
D | 16 | 0 | 0 | 84 | 84 |
E | 0 | 10 | 20 | 70 | 84 |
F | 0 | 0 | 0 | 100 | 100 |
Conforme citado anteriormente, grânulos maiores que 2mm (fração ABNT nº 10) não fazem parte do cálculo de reatividade, pois sua ação é muito lenta. Assim temos:
%RE (corretivo) = F10-20 x 0,2 + F20-50 x 0,6 + F<50 x 1
%RE (corretivo A) = 0 x 0,2 + 0 x 0,6 + 0 x 1 = 0
%RE (corretivo B) = 0 x 0,2 + 0 x 0,6 + 67 x 1 = 67
%RE (corretivo C) = 25 x 0,2 + 20 x 0,6 + 50 x 1 = 67
%RE (corretivo D) = 0 x 0,2 + 0 x 0,6 + 84 x 1 = 84
%RE (corretivo E) = 10 x 0,2 + 20 x 0,6 + 70 x 1 = 84
%RE (corretivo F) = 0 x 0,2 + 0 x 0,6 + 100 x 1 = 100
Efeito residual
Já o efeito residual, antagônico à reatividade, diz respeito ao tempo de duração da correção da acidez. Como a reatividade é medida pela quantidade de calcário que irá reagir em 3 meses, o efeito residual consiste no calcário que irá reagir após este período. A dosagem deve ser maior se o efeito residual não durar tempo o suficiente. Em implantação de culturas perenes, pastagens e sistema plantio direto em solo ácido, necessitamos de maior efeito residual. Solos com alto poder tampão de hidrogênio necessitam de maior dose, bem como solos argilosos.
Observe a tabela abaixo:
Composição granulométrica (frações em %) | ||||||
---|---|---|---|---|---|---|
peneiras (mm) | ||||||
> 2,00 | 2,00 - 0,84 | 0,84 - 0,30 | < 0,30 | RE | ||
5 | 25 | 20 | 50 | 67 |
Em uma amostra de 100 gramas deste corretivo, temos 25 gramas de partículas dentro da fração 2 - 0,84mm. Sendo assim, conforme a fórmula de reatividade, teremos 5 gramas (20%) desta fração reagindo em até 3 meses, sobrando 20 gramas (80%) para reagir após os 3 meses (efeito residual). Ainda, neste mesmo calcário, considerando agora a fração 0,84 a 0,30 mm, onde temos 20 gramas de calcário dentro deste intervalo, teremos 12 gramas (60%) reagindo em até 3 meses, e 8 gramas (40%) reagindo após 3 meses (efeito residual).
Se fizermos uma análise de solo baseada em amostras coletadas durante o efeito residual de um corretivo, o diagnóstico pode ser errado pois parte do corretivo ainda está reagindo. Assim, uma nova aplicação de corretivo só deverá ser feita após este período com base em uma nova análise de solo.
Alguns agricultores, desconhecendo as informações acima ou pelo empolgamento de uma última aplicação com bons resultados, aplicam o corretivo em intervalos curtos, provocando o efeito de “supercalagam”, desequilibrando os nutrientes do solo e favorecendo o desenvolvimento de patógenos nocivos às plantas.
PRNT
O “poder relativo de neutralização total” (PRNT) expressa a eficiência de um corretivo, que depende de suas características químicas, expressas pelo “PN” e de suas características físicas, expressas pela “RE”. É um índice desenvolvido para ajustar a dose a ser aplicada, e não a eficiência do corretivo.
Por exemplo, se um corretivo tem PN = 90% e RE = 74,3%, seu PRNT será calculado da seguinte forma:
Quanto menor o PRNT de um calcário, maior a quantidade necessária para neutralizar a acidez, e assim devemos ajustar a dose, pois as recomendações são feitas considerando-se um produto com 100% de PRNT. Por exemplo, para uma recomendação de 3,0 t/ha, devemos usar do corretivo acima:
O valor de PRNT não é o único valor que devemos observar ao adquirir um calcário, pois este valor pode omitir algumas informações fundamentais para a decisão de compra do melhor produto. Observe a tabela abaixo:
Corretivos | PN (ECaCo3) | RE | PRNT | Ação do PN | |
---|---|---|---|---|---|
3 meses | posterior | ||||
-------------- % -------------- | |||||
A | 100 | 70 | 70 | 70 | 30 |
B | 81 | 87 | 70 | 70 | 10 |
C | 70 | 100 | 70 | 70 | 0 |
D | 60 | 100 | 60 | 60 | 0 |
E | 100 | 100 | 100 | 100 | 0 |
F | 135 | 100 | 135 | 135 | 0 |
Notamos na tabela acima que o calcário B terá um menor efeito posterior do que o calcário A, mesmo tendo o mesmo PNRT. O mesmo serve para o calcário C comparado ao calcário B. O calcário C, com 70% de PRNT não tem qualquer efeito posterior, com a mesma quantidade reagindo instantaneamente (em até 3 meses) do que o B, sendo o C um calcário inferior. Desta forma, apesar de indicar a eficiência de um produto, o PRNT não é o único indicador de qualidade. No exemplo A e C, onde temos o mesmo PRNT, percebemos que no produto C, estamos perdendo 30% do produto, sendo um produto bastante inferior ao produto A, mesmo apresentando o mesmo valor de PRNT.
OBS: reatividade de 135% significa que ele irá reagir antes de 3 meses. Em 2 meses, possivelmente todo o produto já terá reagido.
Em situações onde a relação cálcio / magnésio é ideal ou próximo disso, pode-se usar o calcário dolomítico. Em situações de elevada relação cálcio / magnésio, recomenda-se o uso de calcário magnesiano. Porém, se ocorrer o contrário (bastante magnésio e pouco cálcio), dar-se preferência ao calcítico.
Em situações como necessidade rápida de correção de acidez, devemos utilizar produtos finamente moídos, com predominância de partículas menores que 0,30mm de diâmetro. Já em situações em que não será possível o revolvimento do solo após a correção, podemos utilizar calcário que tenham partículas maiores - porém, inferiores a 2 mm - para termos um efeito residual mais prolongado.
Como escolher o melhor calcário?
O critério inicial, quando não estamos preocupados com o efeito residual, é avaliar o Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT) de um corretivo. Assim:
- Divide-se 100 pelo valor de PRNT, obtendo o peso efetivo do corretivo
- Multiplica-se este peso pela necessidade de calagem, obtendo a quantidade necessária por hectare
- Calcula-se o custo por hectare a partir do peso efetivo e preço, somando-se também valores com frete, armazenamento e aplicação
Assim, comparamos o custo de diferentes calcários comerciais, optando pelo menor custo por unidade de PRNT. Quando necessitamos de um efeito residual, por exemplo no caso de plantio direto, devemos levar em conta o efeito residual. Diferentes situações agrícolas exigem diferentes produtos, desta forma, não há um melhor produto, mas sim o mais adequado para a situação. Devemos observar também a concentração de magnésio.
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Calagem - O que é a acidez e calagem do solo
Calagem - Aplicações dos corretivos de acidez
Calagem - Critérios para a recomendação
Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo
Referências:
EMBRAPA et al. MANUAL DE CALAGEM E ADUBAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. 1. ed. Brasília, DF: Editora Universidade Rural, 2013.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO. Manual de Adubação e de Calagem Para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. 10. ed. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2004.