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Calagem - Aplicando o calcário em diferentes épocas e sistemas de cultivo

Entenda os diferentes aspectos em relação a aplicação de corretivos de pH no solo.


Calagem em sistemas de cultivo

Calagem no preparo convencional: 3 a 6 meses antes da semeadura de maior interesse econômico, especialmente quando o solo apresentar acidez média ou elevada. A camada avaliada e corrigida é de 0 a 20 centímetros de profundidade. 

Aplicação: A aplicação deve ser feita espalhada em toda a superfície do solo e incorporada com aração e gradagem.

  • Quantidades maiores que 5 toneladas por hectare: aplicar metade da dose e lavrar, depois aplicar o restante, lavrar novamente e gradear
  • Quantidades menores do que 5 toneladas por hectare: uma gradagem seguida de aração e mais uma gradagem, principalmente em solos previamente corrigidos

Com a primeira gradagem é feita a pré-incorporação do corretivo na camada superficial, e então incorpora-se o calcário no restante do solo pela aração.

Se a incorporação inicial for feita com arado, teremos uma boa distribuição em profundidade, porém deficiente no sentido horizontal, assim a mistura com o solo não é homogênea.

Se a operação for feita com solo muito úmido, o corretivo se adere aos torrões, prejudicando a distribuição da incorporação, desta forma, devemos evitar condições de umidade excessiva.

 

Calagem em implantação de sistema plantio direto: depende do uso anterior do solo e dos objetivos (lavoura, campo natural…). Como é o último momento possível de se incorporar o calcário em profundidade, devemos buscar por um produto com maior efeito residual. Assim, devemos conhecer não só o PRNT, mas também a reatividade e o poder de neutralização, e buscar por um produto com maior efeito residual. Conclui-se que é importante fazer uma boa escolha do calcário, procurando alto poder de neutralização, e reatividade baixa, prolongando o efeito residual.

Por exemplo observe os tipos de calcário abaixo:

Tipos de calcário VN RE PRNT
------------%------------
A 90 60 54
B 90 80 72
C 90 100 90

Ambos os produtos A, B e C reagirão em 3 - 6 meses, corrigindo a acidez do solo. Porém o calcário A terá 46% de efeito residual, sendo este produto mais interessante para a implantação de plantio direto. Vale observar que deve-se realizar uma correção da dose devido ao PRNT. Esta correção é detalhada em características dos corretivos de acidez.

 

Plantio direto consolidado: considerando que já foi feita a correção durante a implantação, aqui temos uma reaplicação.
Camada avaliada e corrigida: 0 - 10 cm
Aplicação: superficial
Quantidade: no máximo 25% da dose indicada pelo índice SMP para pH 6. Se a quantidade for menor do que duas toneladas por hectare, sendo uma quantidade de difícil aplicação, recomenda-se esperar o aumento natural do H + Al, ou aumentar a quantidade para duas toneladas por hectare. 

 

Calagem em áreas de campo natural: 

  • Em área de campo natural com alto H + Al e índice SMP menor ou igual a 5, recomenda-se aplicar superficialmente e incorporar o calcário a 0-20 cm.
  • Em área de campo natural com baixo H + Al e índice SMP maior do que 5,4, pode-se estabelecer o sistema plantio direto sem revolvimento do solo. Aplica-se o calcário na superfície, com metade da dose para pH 6. Limitar a dose máxima de 5 toneladas por hectare com PRNT de 100%.
  • Em área de campo natural com índice SMP entre 5,1 e 5,5, outros fatores irão determinar a incorporação ou não. Se a aplicação não for incorporada, usar a dose de 1 SMP pH 5,5 aplicado na superfície. Se a aplicação for incorporada, usar a dose de 1 SMP para pH 6, aplicada superficialmente e incorporada.

 

Época de aplicação dos corretivos

O melhor momento para a aplicação do calcário é em até seis meses antes do plantio da cultura mais exigente quanto ao pH (como leguminosas por exemplo), ou em até três meses antes do plantio para demais culturas. É importante observar que para surtir efeito, o calcário necessita de umidade no solo. Desta forma, dependendo da região, a aplicação deverá ser feita antes da recomendação acima. Deve-se evitar a distribuição de corretivo em períodos de vento forte.

 

Distribuição dos corretivos de acidez

O calcário deve ser aplicado de maneira uniforme em toda a área a ser corrigida, realizando uma distribuição e incorporação da maneira mais uniforme possível. Assim, a eficiência da operação depende dos implementos agrícolas para não ocorrer problemas decorrentes da má distribuição. Por exemplo, a distribuição com caminhão-caçamba é mais desuniforme, já a distribuição realizada com distribuidores que aplicam o corretivo em linhas próximas à superfície do solo apresenta maior eficiência.

No cultivo convencional, a aplicação é incorporada através da aração e gradagem, até a profundidade de 17 a 20 cm. Já no sistema de plantio direto, o calcário é aplicado na superfície sem incorporação, sendo recomendado um calcário mais finamente moído facilitando a reação, resultando em maior efeito. Vale lembrar que a calagem superficial não possui um efeito rápido na redução da acidez do solo, logo, deve ser aplicado o mais cedo possível, antes de 3 meses.

O calcário depositado a granel na lavoura pode resultar em locais com diferentes concentrações do corretivo, elevando o pH, e prejudicando o desenvolvimento das plantas devido a desequilíbrios nutricionais e incidência de doenças radiculares.

 

Calagem superficial: A calagem superficial é recomendada para as seguintes áreas:

  • sem limitações de suprimento de água e de nutrientes, principalmente fósforo
  • com baixa saturação por alumínio
  • com camada subsuperficial sem restrições
  • para solos degradados e com acidez elevada em camada mais profunda (de 10 a 20 centímetros). Pode ocorrer na implantação do sistema plantio direto ou em áreas que não tiveram acidez corrigida no início do sistema.

 

Calagem na linha de semeadura: Prática realizada em culturas de grãos sensíveis à acidez quando não é possível aplicar a quantidade recomendada de corretivo para toda a área. Recomenda-se o uso de calcário finamente moído neste caso, como PRNT > 90%. A semeadora deve possuir uma caixa para calcário, evitando a mistura com fertilizante que prejudica a distribuição. A quantidade de corretivo varia entre 200 e 300 kg/ha em solos de lavoura, e de 200 a 400 kg/ha em solos de campo natural, sendo a maior dose do intervalo para solos argilosos. Quando a acidez é muito elevada (necessidade de calagem acima de 7 t/ha, a aplicação na linha de semeadura deve ser usada de forma associada a uma calagem parcial em toda a área. 

 

Para complementar o conteúdo, assista o vídeo abaixo do canal "Valor Agro", em que o Engenheiro Agrônomo responde sobre a possibilidade de aplicar calcário e gesso juntos.

 

Equipamentos para calagem: Vantagens e desvantagens

 

Incorporação:

  • Lavração + gradagem
    • Vantagens:
      • Maior área de contato entre solo e calcário
      • Correção mais uniforme em profundidade
    • Desvantagens
      • Alto custo das operações
      • Desestruturação e maior risco de erosão
  • Escarificação / subsolagem
    • Vantagens
      • Menor desestruturação
      • Menor custo de operação
      • Rompimento de camadas compactadas em profundidade
    • Desvantagens
      • Correção desuniforme verticalmente e horizontalmente
      • Correção se restringe a camada superficial

Superficial:

  • Baixo custo
  • Não há revolvimento de solo
  • Correção somente de camadas superficiais
  • Raiz não se desenvolve em profundidade
  • “Supercalagem” na superfície, o que favorece a concentração de nutrientes, surgimento de doenças, menor disponibilidade de nutrientes e dispersão da argila, favorecendo a perda e descida de argila no perfil

 

Continue lendo

Calagem - O que é a acidez e calagem do solo

Calagem - Tipos de corretivos de acidez do solo

Calagem - Critérios para a recomendação

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

EMBRAPA et al. MANUAL DE CALAGEM E ADUBAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. 1. ed. Brasília, DF: Editora Universidade Rural, 2013.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO. Manual de Adubação e de Calagem Para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. 10. ed. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2004.

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