Solo - O que é, função, formação, composição e tipos
Leia sobre as definições sobre o solo.
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O que é solo?
Como é formado o solo?
Qual a função do solo?
Indicadores de qualidade do solo
Qual a composição do solo?
Quais são os tipos de solo?
O que é solo?
O solo é um ambiente complexo e dinâmico, composto principalmente por minerais, matéria orgânica, água, ar, microrganismos e pequenos animais, e são muito importantes para sustentar a vegetação e as atividades humanas. Os seus componentes se encontram em camadas, chamadas de "horizontes". As características do solo variam muito entre as regiões, por conta das diferenças no clima, ciclo hidrológico, topografia e tipo de rocha.
Os solos são formados através do intemperismo (leia mais abaixo), se encontram em constante transformação e atuam diretamente nos ecossistemas e nos ciclos biogeoquímicos.
O solo é composto pelas fases sólida, líquida e gasosa. A fase sólida é formada por substâncias inorgânicas e materiais orgânicos. A fase líquida forma a solução do solo, onde se encontram elementos químicos. A fase gasosa, formada pelos gases que circulam entre as partículas do solo, é resultante de processos bioquímicos, como a respiração de raízes, microrganismos e da macrofauna.
Como é formado o solo?
A formação do solo é um processo muito lento. O desenvolvimento de aproximadamente 3 centímetros de solo demora entre centenas e até dois mil anos. O tempo é bastante variável, e depende de fatores como o tipo de rocha e agentes que atuam na sua transformação.
Os solos são formados a partir do intemperismo das "rochas mães". Este processo ocorre quando as rochas estão expostas às condições da atmosfera, sendo quebradas e alteradas por agentes químicos, físicos e biológicos, formando as partículas de solo.
O solo é resultado da ação do intemperismo, e o processo de formação completa do solo é chamado de "Pedogênese". O intemperismo é o processo de desagregação e decomposição das rochas, e pode ser físico, químico e biológico.
Intemperismo físico
Geralmente é o primeiro a ocorrer. Ocorrem fissuras e quebras nas rochas por conta da ação de:
- Ciclos de aquecimento e resfriamento, que promovem a expansão e contração dos minerais, provocando fissuras;
- Expansão volumétrica da água ao congelar dentro das fissuras (mais comum em regiões frias);
- Expansão volumétrica devido à cristalização de sais (mais comum em locais de clima seco e quente);
- Alívio de pressão das rochas expostas ao fendilhamento.
Intemperismo químico
Ocorre através de reações químicas que alteram a composição química e mineralógica das rochas, e é causado principalmente pela água. Basicamente o intemperismo físico favorece a entrada de água nas rochas, e esta é a principal causadora do intemperismo químico. Em regiões quentes e úmidas, o intemperismo químico é bastante acentuado, ocorrendo:
- Hidrólise: mais importante reação de intemperismo em clima tropical. A hidrólise destrói a estrutura do mineral, quebrando ligações químicas entre os elementos, liberando-os na água como cátions e ânions;
- Dissolução de componentes mineralógicos das rochas;
- Oxidação: ocorre em minerais que possuam elementos passíveis de oxidação, como por exemplo o ferro. Quando estes elementos entram em contato com o oxigênio da água, estes elementos são oxidados;
- Hidratação: entrada de água na estrutura de um mineral, enfraquecendo este e podendo formar outro mineral distinto.
Geralmente a desintegração (intemperismo físico) e decomposição (intemperismo químico) ocorrem juntas, pois o rompimento físico das rochas permite a penetração de água e de agentes que promovem o intemperismo químico.
Intemperismo biológico
Ocorre através da ação de organismos, que contribuem tanto para o intemperismo químico (liberando ácidos graxos pelas raízes, absorção de nutrientes, aporte de matéria orgânica) quanto para o intemperismo físico (crescimento das raízes em fendas).
Como exemplo, os microrganismos deslocam partículas para abrir novos canais que permitam seu movimento, ou para buscar nutrientes. Líquens crescem e liberam substâncias que promovem novos tipos de decomposição. Formigas, minhocas e cupins, ao se desenvolverem no solo, modificam a cobertura pedológica, transportando partículas, remontando os materiais, recobrindo horizontes superficiais e modificando a estrutura e porosidade do solo, além de incorporar a matéria orgânica.
Perfil de solo
Fatores de formação do solo
Os solos possuem muitas diferenças entre uma região e outra por conta de diferentes fatores de formação:
- Material de origem: pode ser a rocha abaixo do solo (solos autóctones) ou materiais transportados de outros locais (solos alóctones). O material de origem influencia características como fertilidade, cor e textura do solo.
- Clima e organismos: atuam em conjunto e afetam a formação do solo ao longo de grandes regiões geográficas. Por exemplo, solos de locais quentes e úmidos são mais profundos e empobrecidos em nutrientes devido à maior lixiviação.
- Relevo e tempo: afetam regiões mais localizadas. O relevo determina o tempo de ação do intemperismo e processos de formação. Por exemplo, em relevos declivosos, as partículas de solo são rapidamente deslocadas pela erosão, e o solo não se desenvolve e não se aprofunda. Já em relevos planos, onde aas partículas ficam por mais tempo expostas ao intemperismo, os solos são mais profundos e desenvolvidos.
Qual a função do solo?
Por conta da sua dinâmica e dos seus componentes, o solo executa diversas funções fundamentais para a vida:
- Habitat para diversas formas de vida;
- Base para o desenvolvimento de atividades como agricultura e pecuária, permitindo a produção de alimentos, fibras e combustíveis;
- Armazenamento, circulação e purificação de água, e regulação de enchentes;
- Sequestro de carbono;
- Manutenção do equilíbrio ambiental, participando de ciclos biogeoquímicos como do carbono, da água e de nutrientes;
- Regulação do clima;
- Fornecimento de recursos naturais;
- Sustentação de cobertura vegetal como as florestas; atuando diretamente no ciclo de minerais e nutrientes;
- Sustentação da infraestrutura humana.
Indicadores de qualidade do solo
Os indicadores podem ser visuais, físicos, químicos e biológicos. Os visuais podem ser vistos através de observações diretas, como a exposição do subsolo, mudança de cor do solo, escoamento superficial, resposta da planta, espécies de plantas daninhas predominantes, entre outras.
Os indicadores físicos estão relacionados ao arranjamento das partículas e do espaço poroso do solo, incluindo densidade, porosidade, estabilidade de agregados, textura, encrostamento superficial, compactação, condutividade hidráulica e capacidade de armazenagem de água disponível. Refletem limitações ao crescimento radicular, à emergência das plântulas, à infiltração e movimento da água no interior do perfil do solo e à disponibilidade de água.
São indicadores químicos, o pH, salinidade, capacidade de troca de cátions (CTC), capacidade de suprimento de nutrientes às plantas, concentrações de elementos que podem ser potencialmente contaminantes (metais pesados, compostos radioativos, etc.) ou necessários para o crescimento e desenvolvimento das plantas. Os aspectos químicos e físicos do solo podem ser analisados através da análise de solo.
Entre os indicadores biológicos estão incluídos: a matéria orgânica, a diversidade de espécies, a massa microbiológica, o nível de respiração do solo. Os aspectos biológicos do solo podem ser analisados através da Bioanálise de solo (BioAS).
Qual a composição do solo?
A composição do solo depende do seu material de origem, clima, relevo, topografia etc. Porém, os solos em geral apresentam elementos em comum, sendo cerca de:
- 45% do solo composto por elementos minerais;
- 25% composto de ar;
- 25% composto de água;
- 5% composto de matéria orgânica.
A sua composição está disposta em camadas (horizontes), que variam conforme o solo.
- Horizonte O: é o horizonte orgânico, sendo a camada superficial formada por matéria orgânica e água;
- Horizonte A: composto por minerais, matéria orgânica e água;
- Horizonte B: formada por nutrientes lixiviados das camadas superiores e outros minerais oriundos do intemperismo químico da rocha;
- Horizonte C: formado por fragmentos de rochas desintegrados da rocha originária do solo (horizonte D ou R);
- Horizonte D ou R: rocha matriz ou originária do solo.
Horizontes do solo.
Quais são os tipos de solo?
Os solos podem ser classificados conforme o diâmetro dos grânulos (granulometria).
- Solos arenosos: são formados predominantemente por grânulos de areia, que possuem entre 0,05 e 2 mm de espessura. Possuem bastante porosidade e baixa fertilidade;
- Solos siltosos: são formados predominantemente por grânulos que possuem entre 0,002 e 0,05 mm de espessura. São intermediários entre a argila (mais fina) e areia (mais grossa);
- Solos argilosos: são formados por materiais muito finos, com grânulos com espessura igual ou menor do que 0,002 mm. Possuem menor permeabilidade e maior capacidade de armazenar água e maior disponibilidade de nutrientes do que solos arenosos.
Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo