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Quando adubar nitrogênio no milho? Qual a dosagem? Como aplicar?

Leia tudo sobre a adubação nitrogenada no milho!


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Importância do nitrogênio no milho
Quando aplicar nitrogênio no milho?
Aplicar todo o nitrogênio antes da semeadura do milho?
Parcelando a adubação nitrogenada no milho
Dosagem de nitrogênio para milho (grãos)
Qual fonte de nitrogênio usar no milho?
Como aplicar o nitrogênio no milho?

 

Importância do nitrogênio no milho

O nitrogênio é o nutriente absorvido em maiores quantidades pela cultura do milho. A cultura pode extrair até mais de 200 kg do nutriente por hectare em altas produtividades. O nitrogênio também é o nutriente que mais onera o custo de produção no milho.

Além disso, é o nutriente que mais influencia a produtividade, pois possui um papel direto no acúmulo de matéria seca nos grãos, devendo ser aplicado tanto na semeadura quanto em cobertura. 

Alguns estudos apontam que a concentração de nitrogênio considerada adequada na planta de milho para a produção máxima é de aproximadamente 10g/kg. Logo, para uma produtividade de 10.000 kg por hectare de grãos e 6.000 kg por hectare de palha, a cultura extrai cerca de 160 kg por hectare de nitrogênio. Observe a tabela abaixo:

Tabela 1. Extração média de nutrientes no milho para diferentes produtividades.
Produção Produtividade Nutrientes extraídos
N P K Ca Mg
  t/ha kg/ha
Grãos 3,65 77 9 83 10 10
5,80 100 19 95 17 17
7,87 167 33 113 27 25
9,17 187 34 143 30 28
10,15 217 42 157 32 33
Silagem 11,60 115 15 69 35 26
15,31 181 21 213 41 28
17,13 230 23 271 52 31
18,65 231 26 259 58 32

 

Ao incorporarmos os restos culturais do milho no solo, grande parte dos nutrientes é devolvido ao sistema, principalmente potássio e cálcio. Já quando o milho é colhido também para silagem, além dos grãos, a parte vegetativa também é removida, ocorrendo uma alta extração e exportação de nutrientes, fazendo com que deficiências de fertilidade se manifestem mais cedo.

 

Quando aplicar nitrogênio no milho?

Observe no gráfico abaixo a curva de absorção de nitrogênio no milho:


Imagem: absorção de nitrogênio no milho. Fonte: Departamento de Tecnologia Monsanto.

 

Observa-se na imagem que desde a segunda semana a produção já começa a ser definida. O milho absorve quase 70% do nitrogênio até o florescimento. Assim, recomenda-se a adubação nitrogenada de cobertura geralmente entre V3 a V6, independente da aplicação ser em dose única ou parcelada (chuvas intensas, solos arenosos ou altas doses). Os intervalos podem ser de 15 a 30 dias. Em algumas regiões, o momento de aplicação varia um pouco.

O gráfico também nos permite entender que a partir do pendoamento, aplicações do nutriente não irão trazer respostas satisfatórias. A aplicação em cobertura deve acabar até o estágio de 8 folhas completas.

Quanto à aplicação na semeadura, as doses geralmente são restringidas entre 10 a 50 kg de N/ha, evitando o excesso de sais no sulco de semeadura e perdas por lixiviação.

A aplicação de nitrogênio na semeadura permite que a adubação de cobertura possa ser feita até o estádio de 7 a 8 folhas sem prejuízos consideráveis, ou até a 10ª folha sob irrigação. Já na ausência de nitrogênio na semeadura, a cobertura deve ser feita até 4 a 5 folhas.

Ainda que as exigências nutricionais sejam menores no início do ciclo da cultura, algumas pesquisas apontam que altas concentrações de nitrogênio na zona radicular promovem um rápido crescimento inicial da planta e aumento de produtividade. Porém, no plantio direto, quando o milho é cultivado em sucessão a gramíneas, a quantidade inicial de nitrogênio pode ficar indisponível por conta da imobilização causada pelos microrganismos. Neste caso, tem-se aumentado a dose de nitrogênio na fase inicial.


Deficiência de nitrogênio em lavoura de milho. Fonte: Yara.

 

Aplicar todo o nitrogênio antes da semeadura do milho?

É uma alternativa que desperta interesse por conta de facilitar a operação, flexibilizar o período de adubação e racionalizar o uso de máquinas e mão-de-obra. Porém, o nitrogênio possui uma dinâmica muito complexa no solo, dependente de diversas variáveis. Assim, é difícil estabelecer uma recomendação para esta prática.

A aplicação do nitrogênio em cobertura no milho quase sempre proporciona bons incrementos no rendimento.

 

Parcelando a adubação nitrogenada no milho

De forma geral, deve-se parcelar a adubação nitrogenada no milho nas seguintes condições:

  • Altas doses de nitrogênio (120 a 200 kg/ha);
  • Solos arenosos;
  • Áreas sujeitas a chuvas de alta intensidade.

Já nas condições abaixo, pode-se fazer uma única aplicação de nitrogênio:

  • Doses baixas ou médias (60 a 120 kg/ha); 
  • Solos argilosos ou de textura média;
  • Plantio intensivo, sem o uso de irrigação, com distribuição mecânica do fertilizante. 

 

Dosagem de nitrogênio para milho (grãos)

A dosagem de nitrogênio deve atingir o máximo rendimento biológico e econômico reduzindo os impactos ambientais de aplicações excessivas e as perdas de nutriente, que também resultam em prejuízo financeiro.

O milho destinado à silagem remove muito mais nutrientes do ambiente do que para grãos, pois todo o material é cortado e removido do campo. Dessa forma, a dosagem de adubação deve considerar a finalidade de exploração (grãos ou forragem), histórico da área, sistema de produção, condições climáticas, época de semeadura, rotação de culturas, análise de solo e estimativa de produtividade. Todas estas variáveis fazem com que as recomendações de nitrogênio sejam cada vez mais específicas, e não generalizadas.

Como exemplo, abaixo temos a recomendação do Manual de Adubação e Calagem Para os Estados do RS e SC (2016), para a cultura do milho em produção de grãos.

As adubações nitrogenadas se baseiam no teor de matéria orgânica do solo e cultura antecedente, com variáveis em relação à densidade de plantas, produtividade etc.

Teor de matéria orgânica no solo Nitrogênio (Semeadura + Cobertura) 
  Cultura antecedente(1)
  Leguminosa Consorciação ou pousio Gramínea
% ---------------- kg de N/ha ---------------- 
≤ 2,5 70 80 90
2,6 - 5,0 50 60 70
> 5,0 ≤ 40 ≤ 40 ≤ 50

(1) Quantidades indicadas para produção média de massa seca da cultura antecedente. Se a massa seca da leguminosa for alta (> 3 t/ha), pode-se diminuir a quantidade de N em até 20 kg/ha. Se a massa seca do nabo ou do consórcio gramínea-leguminosa for baixa (= 4 t/ha), pode-se aumentar a quantidade de N em até 20 kg/ha. Se a massa seca da gramínea for alta (> 4 t/ha), pode-se aumentar a quantidade de N em 20 a 40 kg/ha.

  • Para expectativas de rendimento acima de 6 t/ha, acrescentar mais 15 kg de N/ha por tonelada adicional de grãos;
  • Para rendimento de grãos acima de 10 t/ha, aumentar as dosagens em 20 a 40%;
  • Para densidade de plantas por hectare acima de 65.000, aumentar as doses de N em 10 kg/ha para cada aumento de 5.000 plantas por hectare;
  • Por conta da contribuição de nitrogênio do nabo forrageiro, pode ser considerado como leguminosa de baixa produção em solos com menos de 3% de teor de matéria orgânica, e média produção para os demais solos.
  • Em lavouras de milho em rotação anual com soja, pode-se reduzir em até 20% a adubação nitrogenada

No plantio convencional, recomenda-se aplicar entre 10 e 30 kg de N/ha na semeadura, e o resto em cobertura a lanço ou no sulco, no estádio de V4 a V6. Em altas doses ou chuvas intensas, pode-se parcelar a aplicação em duas partes, com um intervalo de 15 a 30 dias;

No sistema de plantio direto, aplicar entre 20 e 40 kg de N/ha na semeadura quando o cultivo for em áreas com resíduos de gramíneas, e entre 10 e 20 kg de N/ha em áreas com resíduos de leguminosas. O resto pode ser aplicado em cobertura (estádio V3 a V5). Para o caso de parcelamento (doses elevadas) pode-se aplicar metade em V4 a V6, e metade entre V8 e V9. A incorporação do nitrogênio em cobertura aumenta o rendimento em cerca de 5% em relação a lanço.

Como podemos observar acima, existem diversas variáveis que irão influenciar a adubação nitrogenada em cada região. Assim, para determinar a dosagem de nitrogênio na sua lavoura, use informações de recomendações oficiais da sua região, e sempre consulte um Engenheiro Agrônomo.

 

Qual fonte de nitrogênio usar no milho?

Em condições adequadas de clima e solo, pode-se utilizar a fonte com o menor custo por ponto de nitrogênio. Já em condições menos favoráveis (pouca umidade do solo, pouca palha, altas temperaturas etc.) e em aplicações superficiais (sem incorporação), o sulfato de amônio e nitrato de amônio podem proporcionar rendimento igual ou superior à ureia.

 

Como aplicar o nitrogênio no milho?

Como as diferentes fontes de nitrogênio possuem fórmulas químicas diferentes, o método de aplicação influencia bastante a eficiência entre as fontes de adubo nitrogenadas.

Fontes de ureia e bicarbonato de amônio aplicadas de forma localizada na superfície do solo possuem menor eficiência agronômica quando comparadas ao cloreto de amônio. Porém, essas fontes possuem eficiência semelhante quando incorporadas ao solo e localizadas próxima às fileiras de milho (cerca de 15 cm) ou a lanço na superfície do solo.

 

Referências:

COELHO, A. M. Manejo da adubação nitrogenada na cultura do milho. Embrapa - Circular Técnica - 96, Sete Lagoas, MG, 2007.

COELHO, A. M. Nutrição e Adubação do Milho. Circular Técnica - 78- Embrapa, Sete Lagoas, MG, 2006.

COELHO, A. M.; FRANCA, G. E. de. Seja o doutor do seu milho: nutrição e adubação. 2. ed. aum. Informações Agronômicas, Piracicaba, n. 71, p. 1-9, set. 1995 Arquivo do Agrônomo, Piracicaba, n. 2, p. 1-9, set., 1995. Encarte.

GROVE, L.T.; RICHET, K.D. & MADERMAN, G.C. Nitrogen fertilization of maize on oxisol of the cerrado of Brazil. Agron. J., 27:261-265, 1980.

SILVA, E. C. da . et al.. Doses e épocas de aplicação de nitrogênio na cultura do milho em plantio direto sobre Latossolo Vermelho. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 29, n. 3, p. 353–362, maio 2005.

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