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Quais são os tipos de solos do Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos?

Leia sobre os tipos de solos conforme o Sistema Brasileiro de Classificação!



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Sistema Brasileiro de Classificação de solos
      - Argissolos
      - Cambissolos
      - Chernossolos
      - Espodossolos
      - Gleissolos
      - Latossolos
      - Luvissolos
      - Neossolos
      - Nitossolos
      - Organossolos
      - Planossolos
      - Plintossolos
      - Vertissolos
Mapa de distribuição de solos do Brasil

 

Sistema Brasileiro de Classificação de Solos

A rigor, não havia um sistema brasileiro de classificação de solos anterior ao atual, publicado em 1999 e recentemente revisado (2004). Na verdade, o que se usava para classificar nossos solos eram sistemas referenciais.

O Sistema Brasileiro de Classificação de Solos é uma chave taxonômica de classificação pedológica resultante de uma evolução do sistema americano. Da forma que está estruturado, o sistema permite a classificação de todos os solos do território nacional em seis níveis categóricos diferentes (Ordem, Subordem, Grande Grupo, Subgrupo, Família e Série), correspondendo, cada nível, a um grau de generalização ou detalhe definidos.

  • Ordem (1º nível): corresponde ao nível mais genérico de classificação. São separadas pela presença ou ausência de atributos, horizontes diagnósticos ou propriedades que podem ser identificadas no campo. Tem como base os sinais deixados no solo pela atuação dos processos considerados dominantes no desenvolvimento do solo;
  • Subordem (2º nível): separadas por atributos que refletem a atuação de outros processos de formação que atuaram conjuntamente ou afetaram os processos dominantes;
  • Grandes grupos (3º nível): separadas por tipo e arranjo dos horizontes, atividade da fração argila, condição de saturação do complexo sortivo por bases, por alumínio ou por sódio, presença de sais solúveis e/ou presença de horizontes / propriedades que restringem o movimento das raízes e afetam o livre movimento de água;
  • Subgrupos (4º nível): separadas em "típicos" (que podem ser os mais comuns ou que não tem as características definidas para os subgrupos anteriores), "intermediários" ou "transicionais" (que possuem características que fazem um tipo de solo se desenvolver a partir ou na direção de outra classe, ou que possuem propriedades intermediárias para outras classes), e "extraordinários", que possuem propriedades que não são representativas do grande grupo, mas não indicam transição para outra classe;
  • Famílias (5º nível): baseada em características e propriedades morfológicas, físicas, químicas e mineralógicas para o uso e manejo do solo;
  • Séries (6º nível): permite melhor interpretação dos levantamentos de solos para diversos fins. Tem como base características relacionadas com o crescimento de plantas, principalmente quanto ao desenvolvimento das raízes e relações solo-água-planta, e propriedades importantes para fins de engenharia, geotecnia e planejamento ambiental.

 

O sistema está formado por 13 classes no nível "Ordem" (1º nível categórico), sendo elas Argissolos, Cambissolos, Chernossolos, Espodossolos, Gleissolos, Latossolos, Luvissolos, Neossolos, Nitossolos, Organossolos, Planossolos, Plintossolos e Vertissolos. Abaixo você pode ler sobre elas.

Caso queira ler sobre os outros níveis de classificação, acesse o "Sistema Brasileiro de Classificação de Solos" da Embrapa".

 

Argissolos

São solos com profundidade média a alta profundidade, com textura argilosa, argila de atividade baixa e saturação por bases alta. Possuem horizonte B textural argiloso abaixo de um horizonte A ou E com cor mais clara e textura arenosa ou média, com baixo teor de matéria orgânica. São solos suscetíveis à erosão.

Uso agrícola de argissolos

Quando se encontram em áreas de relevo plano e suave ondulado, os argissolos podem ser usados para diversos cultivos agrícolas, desde que sejam feitas as correções de adubação e acidez. Também recomenda-se práticas para diminuir a erosão.

 


Argissolo


Argissolo


Argissolo

 

Cambissolos

Solos com horizonte B incipiente, e são bastante variáveis. Podem ter boa drenagem ou não, rasos ou profundos, com alta ou baixa saturação por bases e atividade química.

Uso agrícola de cambissolos

Quando apresentam espessura no mínimo mediana (50-100 cm de profundidade), sem restrição de drenagem, em relevo pouco movimentado, possuem bom potencial agrícola. Já em planícies aluviais podem sofrer inundações que limitam o uso agrícola.

 


Cambissolo

 

Chernossolos

São solos pouco desenvolvidos, com alta atividade de argila, com reação neutra, moderadamente ácidos ou fortemente alcalinos. Possuem horizonte diagnóstico superficial A chernozênico de alta saturação por bases, com altos teores de carbono orgânico e carbonato de cálcio acima de horizonte B textural com argila de atividade alta.

Uso agrícola dos Chernossolos

Possuem alta fertilidade natural, junto com altos teores de matéria orgânica, cálcio e magnésio, baixa ou mediana acidez e alta CTC. Podem ser profundos ou pouco profundos e apresentar suscetibilidade a erosão. 


Chernossolos


Chernossolo

 

Espodossolos

Formado por horizonte B espódico em sequência a horizonte E ou A. São solos com acidez moderada a forte, geralmente com baixa saturação por bases, podendo conter altos teores de alumínio. No horizonte B espódico a textura geralmente é arenosa, mas em alguns casos pode ser média ou argilosa. Possuem profundidade e drenagem variáveis. Podem apresentar um horizonte cimentado subjacente ao horizonte espódico.

Uso agrícola dos espodossolos

Possuem limitações por conta da textura arenosa, horizonte de impedimento e baixa fertilidade. Geralmente não possuem aptidão agrícola, sendo usados para áreas de conservação ambiental. Mas em alguns casos podem ser usados em pastagens ou cultivo de coco.


Espodossolo

 

Gleissolos

São solos que estão permanentemente ou periodicamente saturados de água. São constituídos por material mineral, com horizonte glei, que pode ser um horizonte subsuperficial (C, B ou E) ou horizonte superficial A, com cores cinzentas ou pretas, espessura entre 10 e 50 cm e teores médios ou altos de carbono orgânico.

O processo de gleização é a redução e solubilização do ferro na ausência de oxigênio, resultando em cores neutras dos minerais de argila (acinzentadas, azuladas ou esverdeadas), ou ainda a precipitação de compostos de ferro.

Uso agrícola dos gleissolos

Possuem baixa fertilidade, podendo ter alta acidez e teores tóxicos de alumínio, sódio e enxofre. São mal drenados, e a proximidade dos rios limita o uso agrícola, sendo muitas vezes usados para preservação de mata ciliar. Fora das áreas de proteção ambiental podem ser usados para cultivos, desde que não possuem altos teores de alumínio, sódio e enxofre.


Gleissolo. Fonte: Curcio, G. R. / Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná.

 

Latossolos

São solos profundos, porosos, bem drenados e friáveis. São geralmente ácidos e com baixa fertilidade. Possuem horizonte B espesso e sequência de horizontes A, B e C. Geralmente possuem textura média a argilosa com baixa CTC e reserva de nutrientes. A maioria possui pH ácido e baixos teores de fósforo.

Uso agrícola dos latossolos

Podem ser utilizados para culturas anuais, perenes, pastagens e reflorestamento. São favoráveis à mecanização, profundos, porosos, bem drenados e friáveis, porém, possuem baixa fertilidade.


Latossolo

 


Latossolo

 


Latossolo

 

Luvissolos

São rasos ou pouco profundos, possuindo um horizonte B textural com argila de atividade alta, e horizonte A fraco, pouco espesso. Podem ser ácidos ou neutros, com alta saturação por bases. Geralmente possuem um revestimento pedregoso na superfície e altos teores de silte. 

Uso agrícola dos luvissolos

São solos bastante suscetíveis à erosão mas possuem alto potencial nutricional e são ricos em bases trocáveis. Geralmente ocorrem em relevo suave ondulado, o que facilita a mecanização. Porém, ocorrem em áreas deficientes em água, sendo uma limitação.


Luvissolo

 


Luvissolo

 


Luvissolo

 

Neossolos

São solos com insuficiência de atributos diagnósticos que caracterizam os processos de formação do solo. São solos pouco evoluídos com ausência de horizonte diagnóstico, possuindo predomínio de características do material de origem. Possuem baixa ou alta saturação por bases, acidez e altos teores de sódio e alumínio. A profundidade e permeabilidade são variáveis.

Uso agrícola dos Neossolos

Em áreas planas, neossolos com maior fertilidade natural e maior profundidade podem ser usados para cultivos agrícolas. Já os menos férteis e mais ácidos dependem de adubação e calagem. Neossolos com textura arenosa possuem restrição devido à baixa retenção de umidade. Em relevos declivosos são mais rasos e restringem a mecanização, além de serem suscetíveis à erosão.


Neossolo


Neossolo

 

Nitossolos

São solos com horizonte diagnóstico subsuperficial B nítico em sequência a horizonte A. Possui textura argilosa ou muito argilosa, com argila de baixa atividade. São solos profundos e bem drenados, ácidos ou moderadamente ácidos.

Uso agrícola dos nitossolos

Podem apresentar fertilidade alta ou baixa e acidez ligeiramente elevada. Em áreas mais planas, nitossolos mais férteis e profundos são favoráveis para uso na agricultura. Já em relevos mais declivosos, limitam a mecanização e são suscetíveis à erosão.


Nitossolo


Nitossolo


Nitossolo vermelho

 

Organossolos

São solos originados de material orgânico. Possuem horizontes orgânicos, escuros, com muitos resíduos vegetais em variado grau de decomposição. Geralmente são solos ácidos, com alta CTC e baixa saturação por bases, podendo ter altos teores de alumínio. Existem ocorrências também de saturação média ou alta (eutróficos).

Uso agrícola dos organossolos

Limitam ou até restringem o uso agrícola por conta dos altos teores de materiais sulfídricos, sais e enxofre que provocam acidez na maioria das culturas. Também possuem restrição à mecanização e drenagem deficiente. Porém, os organossolos com alta saturação por bases possuem maior fertilidade natural, e possivelmente podem ser usados na agricultura.


Organossolo

 

Planossolos

Geralmente são solos pouco profundos, com horizonte superficial com textura arenosa ou média, seguida de um horizonte plânico, com textura média a muito argilosa, adensado e pouco permeável.

Uso agrícola dos planossolos

Geralmente possuem alta CTC e alta saturação por bases, e também grandes quantidades de minerais primários com boa capacidade de fornecer nutrientes às plantas. O seu relevo não impede a mecanização.


Planossolo

 

Plintossolos

São solos com horizonte com segregação localizada de ferro, que atua como agente cimentante. Possuem alta acidez, e podem apresentar saturação por bases alta ou baixa, predominando os de baixa saturação.

Uso agrícola dos plintossolos

Quando em relevo plano ou suave ondulado apresentam potencial agrícola, sendo bastante usados para o cultivo de arroz irrigado. Porém, possuem baixa fertilidade natural e acidez elevada.


Plintossolo

 

Vertissolos

Solos com propriedades provenientes de argilas expansíveis. Possuem alta CTC, alta saturação por bases e altos teores de cálcio e magnésio. Geralmente possuem pH neutro ou alcalino, mas em alguns casos podem ser levemente ácidos.

Uso agrícola dos vertissolos

Possuem potencial agrícola por conta da alta fertilidade, mas limitam a mecanização em períodos chuvosos. Além disso, a baixa infiltração e a drenagem lenta favorecem o encharcamento destes solos.


Vertissolo

 

Mapa de distribuição de solos no Brasil

Observe abaixo a distribuição das diferentes classes de solos no Brasil.


Mapa de solos no Brasil.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

SANTOS, H. G. dos et al. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Embrapa Solos. 5. ed. rev. e aum. Brasília, DF: [s. n.], 2018. 355 p.

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