Compósito estruvita-polissulfeto - como funciona este fertilizante?
Leia sobre o fertilizante de liberação controlada compósito estruvita-polissulfeto,
O Fósforo e Enxofre são macronutrientes bastante exigidos pelas culturas agrícolas, porém, ambos possuem limitações no solo. O Fósforo é o macronutriente menos disponível em solos tropicais, pois fica imobilizado (indisponível para as plantas) pela reação com o Ferro e o alumínio. Fertilizantes fosfatados possuem alta solubilidade em água, podendo ser perdidos através de lixiviação, gerando prejuízos financeiros ao produtor, além de causar impactos ambientais. Já o Enxofre também é deficiente em solos agrícolas. Dessa forma, o compósito estruvita-polissulfeto pode ajudar a reduzir ambos os problemas com esses nutrientes.
Esse produto foi desenvolvido por pesquisadores da Embrapa Instrumentação, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e o instituto alemão Forschungszentrum Jülich.
O compósito é um fertilizante inteligente e ecológico, feito à base de enxofre, rejeito da indústria de petróleo, com a liberação controlada de uma fonte de fósforo, proveniente de resíduos urbanos, a estruvita. A estruvita pode ser produzida a partir da recuperação do fósforo no esgoto doméstico, com maior eficiência do que fertilizantes convencionais, e é formada pela reação do magnésio, amônio e fosfato, além de também fornecer nitrogênio. Porém, é um material com baixa solubilidade, liberando os nutrientes de forma bastante devagar.
O polissulfeto pode fornecer enxofre para as plantas, porém, para ser absorvido, deve ser oxidado no solo para sulfato, processo que ocorre lentamente através da ação de microrganismos do solo. Porém, pesquisadores observaram que polissulfetos oxidam mais em relação ao enxofre, quando combinados com estruvita. Já a solubilização do fósforo pode aumentar com a maior oxidação de polissulfeto em sulfato, pois a liberação de sulfato gera uma acidez local que solubiliza o fósforo. Desta forma, ambos os nutrientes são beneficiados um pelo outro, ficando disponíveis no solo de uma forma gradual mais compatível com as exigências das culturas conforme seu ciclo de desenvolvimento.
Um experimento foi realizado para avaliação deste produto, o qual foi testado na cultura da soja, por ser bastante exigente em fósforo. O compósito proporcionou uma biomassa com 3 vezes mais parte aérea e 10 vezes mais raízes na cultura, no plantio em sistema fechado, quando comparado a uma referência adubada com superfosfato triplo e sulfato de amônio.
Apesar de apresentar bons resultados, o estruvita-polissulfeto ainda deve ser investigado, principalmente na sua relação com as plantas e com o solo, visando entender melhor a dinâmica do seu comportamento e seus efeitos, de forma a validar a eficiência agronômica dessa nova classe de fertilizantes.
Referências:
STELLA, F. V. et al. Co-fertilization of Sulfur and Struvite-Phosphorus in a Slow-Release Fertilizer Improves Soybean Cultivation. Frontiers in Plant Science, [s. l.], v. 13, 2022.
Novo fertilizante fosfatado aumenta a produtividade da soja. Embrapa Instrumentação, 29 de jun. de 2022. Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/71692246/novo-fertilizante-fosfatado-aumenta-a-produtividade-da-soja> Acesso em: 24 de out. de 2022.