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Como fazer a adubação com fósforo e potássio na soja?

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O potássio na soja

De forma geral, o potássio é responsável por diversas funções nas plantas, como a abertura e fechamento de estômatos (ligados à absorção de água), ativação enzimática, fotossíntese e translocação de sintetizados, síntese proteica, resistência à importantes doenças, crescimento de meristemas e qualidade de produtos agrícolas. Na soja, o potássio é muito relacionado ao rendimento de grãos, matéria seca e altura das plantas.

A soja é muito exigente em potássio, sendo esse o segundo nutriente mais extraído pela cultura, ficando atrás apenas do nitrogênio. Para cada tonelada de grãos de soja, são extraídos, em média, cerca de 40 kg de K2O, sendo 20 kg exportados do local de plantio. Um estudo realizado em 2020, avaliando a resposta da soja em diferentes doses de adubação potássica, observou que este nutriente aumentou a produtividade em 31% e a matéria seca em 26%.

Como o potássio possui certa mobilidade no solo, podendo até ser lixiviado dependendo da situação, pode ser aplicado a lanço. Em solos argilosos, estudos recentes apontam que ocorre uma baixa movimentação de potássio. Em diversos sistemas de produção, o potássio é mais perdido por escorrimento superficial do que por lixiviação.

Os sintomas de deficiência de potássio na soja se apresentam através de clorose nas bordas das folhas velhas, vagens chochas, grãos pequenos, deformados e com baixo poder germinativo, atraso na maturação, hastes verdes e retenção foliar.

 

Qual dose de potássio devo aplicar na soja?

A adubação potássica na soja, assim como em outras culturas, se baseia primeiramente nos resultados da análise de solo. A partir destes resultados, a adubação potássica é recomendada conforme as tabelas de adubação de cada estado. Você pode verificar as recomendações para o seu estado clicando aqui.

 

Quando e como aplicar potássio na soja?

Doses de potássio muito próximas às sementes no plantio podem intoxicar as plantas. Dessa forma recomenda-se manter o nutriente com uma distância de 5 cm da linha de plantio. O potássio no solo, no início do ciclo, além de outras funções, proporciona um aumento do diâmetro da haste principal, o que resulta em vasos condutores maiores, com maior absorção de água e nutrientes.

Vale observar que a absorção do potássio depende da umidade no solo. Assim, em um solo seco, mesmo com teores elevados de potássio, a absorção do nutriente será insuficiente.

Uma parte da adubação pode ser aplicada em cobertura. A aplicação em cobertura deve coincidir com a absorção de potássio pela planta.


Fonte: Embrapa.

 

O gráfico acima mostra a absorção de potássio conforme o ciclo de vida da soja em 3 cultivares diferentes. Podemos concluir que o nutriente é absorvido até o estágio R5.5, aproximadamente. Assim, a adubação em cobertura do potássio deve ser feita até o R4, dando tempo para a planta absorver o nutriente. Após esse estágio, a planta não irá aproveitar o nutriente. 

Doses excessivas podem não causar toxicidade, dependendo da quantidade, mas reduzem a absorção de outros nutrientes como cálcio, fósforo, enxofre e magnésio.

 

O fósforo na soja

O fósforo atua na formação de ácidos nucléicos, membranas, síntese de ATP, ADP e NADP, participando diretamente na divisão celular, reprodução, metabolismo, armazenamento e transferência de energia. O nutriente contribui para o crescimento prematuro das raízes, qualidade de produtos agrícolas e formação de sementes. 

Para cada tonelada de soja produzida, são extraídos do solo cerca de 15 kg de P2O5, sendo cerca de 10 kg exportados nos grãos. Na soja, a deficiência de fósforo atrasa o crescimento da planta, as folhas ficam com coloração verde-escura ou azulada entre as nervuras. 

O fósforo na soja é absorvido até o estágio R5.5 ou R6, a depender da cultivar. Observe o gráfico abaixo com a marcha de absorção de fósforo em três cultivares diferentes.


Fonte: Embrapa.

 

O fósforo é um nutriente pouco móvel no solo, sendo muito adsorvido às partículas do solo. Dessa forma, muitas vezes é aplicado via sulco. A calagem é fundamental para diminuir a adsorção de fósforo no solo. Por conta da grande quantidade de fósforo necessária em alguns solos, a adubação em cobertura e posterior incorporação é uma boa alternativa para solos com pouco fósforo disponível. Para suprir a "fome de fósforo" do solo, acaba-se adubando em todas as safras, tanto para suprir as culturas quanto o solo.

A dosagem de fósforo a ser aplicada depende do solo, região, cultivar, manejo, expectativa de produtividade etc. A recomendação de dosagem se inicia na interpretação da análise de solo, verificando o nível de fósforo no solo. Vale lembrar que a adubação fosfatada não trará o resultado esperado se o pH do solo não estiver corrigido.

A adubação de fósforo pode ser baseada na extração, aplicando-se 20 kg de P2O5 para cada 1.000kg de produção, caso o solo já esteja corrigido. No caso de solos com nível baixo de quantidade de fósforo, aplica-se 80 kg por hectare, ou 90 em solos com nível muito baixo de fósforo.

Claro, essa é uma recomendação generalizada, existem diversas outras recomendações mais precisas para a adubação de fósforo, muitas delas dependentes da região. Para isso, consulte a recomendação de adubação do seu estado.

 

Aplicação do fósforo na soja

Alguns autores defendem que a adubação fosfatada em culturas de grãos de importância econômica em larga escala deve ser feita na linha de semeadura, evitando a perda de fósforo por escoamento superficial, e também pelo fato do nutriente ficar mais próximo ao vegetal.

A aplicação a lanço se tornou mais frequente no plantio direto em áreas consolidadas, com teores adequados de fósforo, bem como dos nutrientes. Como o fósforo tem baixa mobilidade no solo, o nutriente pode se acumular nas camadas mais superficiais do solo ao longo do tempo, fazendo com que as raízes se concentrem mais nestas camadas, o que aumenta a suscetibilidade ao déficit hídrico.

No sistema de plantio direto com alto aporte de palha e alta atividade biológica, os microrganismos do solo promovem a mistura das camadas superficiais e redistribuição do fósforo, diminuindo o acúmulo do nutriente em superfície. De qualquer forma, recomenda-se o monitoramento do solo com amostragens sequenciais a cada 5 centímetros, observando possíveis concentrações de fósforo em superfície, neste caso retornando à aplicação em sulco no solo, sempre respeitando a distância entre o nutriente e as plantas.

 

Referências:

FUNDAÇÃO MS. Tecnologia e Produção - Soja: Safra 2016/2017., Maracaju, MS, 2016.

OLIVEIRA JÚNIOR, A. de; CASTRO, C. de; PEREIRA, L. R.; DOMINGOS, C. da S. Estádios fenológicos e marcha de absorção de nutrientes da soja. Paiçandu: Fortgreen; Londrina: Embrapa Soja, 2016. 1 cartaz, color., 70 cm x 100 cm.

RHEINHEIMER, D.S.; et al. Ciclo biogeoquímico do fósforo, diagnóstico de disponibilidade e adubação fosfatada. Porto Alegre, 2020. 71p.

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