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Perspectiva 2019: Variação cambial preocupa o Campo

Plantio das lavouras gaúchas ocorreu com taxa de câmbio acima de R$ 4,00



A expectativa para 2019 é de que o desempenho das lavouras seja mais favorável, após um ano em que plantações foram castigadas pela falta de chuva − especialmente na Metade Sul. Por outro lado, há o desafio da rentabilidade do produtor, já que os preços dos grãos podem oscilar para baixo conforme a variação cambial, o que hoje é uma incógnita. Culturas como leite e arroz passam por momento delicado, por conta da queda nos preços e redução de área cultivada. 

O fator cambial é uma das maiores preocupações para a safra 2018/2019. Isso porque o plantio foi realizado com uma taxa de câmbio bem elevada, acima dos R$ 4,00, e o cenário é de incerteza com relação ao patamar da moeda no momento em que a comercialização for iniciada. Soma-se a isso o fato de que a safra 2018/2019 é considerada pela Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) a “mais cara da história”, devido à elevação nos custos de produção. 

Segundo o economista-chefe do Sistema Farsul, Antonio da Luz, a situação do arroz é vista de maneira preocupante, já que será a segunda safra consecutiva com redução de área. Há ainda o endividamento no campo e o problema relacionado à oferta de crédito rural. Por outro lado, o setor vê com otimismo a possibilidade de uma mudança na economia brasileira, que possa representar a adoção de medidas estruturantes, que tragam estabilidade. “Isso pode trazer uma melhora na economia e, por consequência, um reaquecimento no mercado interno”, avalia o economista.

Plantio das lavouras gaúchas ocorreu com taxa de câmbio acima de R$ 4,00 

O cenário macroeconômico faz com que as cooperativas agropecuárias vislumbrem um ano de preços menores, tanto de insumos quanto de grãos. A estimativa é de que o faturamento do setor fique abaixo do obtido em 2018, mas o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), Paulo Pires, está otimista. Segundo ele, trata-se de um período de ajustes. “Há uma consciência praticamente nacional de que precisamos prestigiar quem produz”, afirma. Na avaliação do dirigente, as cooperativas gaúchas estão conscientes de que o cenário exige redução de custos para obter competitividade e ganho de escala. “Não há margem para desperdício”, confirma. 

Uma prova desta linha de raciocínio é a parceria firmada entre as cooperativas na busca por viabilizar investimentos. As questões relacionadas ao futuro da Previdência e à renda do produtor são as maiores preocupações da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag). A entidade espera que o governo Bolsonaro mantenha o mesmo entendimento da atual gestão, de que a aposentadoria dos trabalhadores rurais não deve ser alterada. Por enquanto, o posicionamento é uma incógnita. 

Com relação à renda, o presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, afirma que, tirando a soja e, em determinados momentos, o milho, as demais atividades enfrentam problemas de preços. A lista inclui suinocultura, uva, arroz e leite, produção presente em boa parte das propriedades da agricultura familiar. O preço do litro registrou queda nos últimos meses e já é vendido a R$ 0,80 em algumas regiões. Para reverter este cenário, a entidade pede que o governo lance mão de compras governamentais e suspenda as importações de leite em pó do Mercosul. 

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