Brasil busca ampliar vendas de produtos agrícolas para a Ásia
Desde o ano passado, a Pasta já sinaliza que daria mais importância ao mercado da Ásia
Em um momento em que em alguns produtos agropecuários do Brasil são alvo de restrições ou ameaças de proibição por parte de importadores relevantes como União Europeia e Rússia, o Ministério da Agricultura decidiu focar esforços para a abertura ou ampliação, neste ano, de mercados na Ásia a produtos nacionais, como carnes bovina, de frango e suína, frutas, lácteos, ovos e farinhas.
Da lista de 49 negociações bilaterais em andamento desenhada pelo Ministério da Agricultura e que envolvem novas oportunidades para o agronegócio brasileiro, 80% focam nos países asiáticos.
Entre as prioridades da agenda comercial traçada pela Pasta na Ásia estão acelerar ou concluir a celebração de certificados sanitários para exportações de carnes in natura, processadas ou miúdos de bovinos, aves e suínos para China, Japão, Coreia do Sul, Indonésia e Taiwan; lácteos para o Egito; ovos para Cingapura; farinhas de origem animal para a Tailândia e frutas para China e Vietnã.
As negociações se encontram em estágios diferentes. Desde a venda de carne bovina in natura aos japoneses, que está em fase inicial – o setor privado deseja em acionar o Japão na Organização Mundial de Comércio (OMC) -, até os embarques de melão ao Vietnã, cuja análise de risco de pragas está mais avançada, de acordo com o Ministério da Agricultura.
Como parte da agenda que foca as exportações de produtos agropecuários ao continente asiático, entre 6 e 18 de fevereiro, o secretário-executivo da Pasta da Agricultura, Eumar Novacki, irá em missão internacional para Coreia do Sul, Vietnã, Tailândia, Malásia e Cingapura.
Desde o ano passado, a Pasta já sinaliza que daria mais importância ao mercado da Ásia. Dos 10 novos adidos agrícolas enviados pelo Ministério da Agricultura ao exterior no ano passado, seis foram para países asiáticos: China, Coreia do Sul, Índia, Vietnã, Tailândia e Arábia Saudita.
A ampliação de negócios com países asiáticos é a última grande pauta internacional que o ministro Blairo Maggi, que retorna hoje de férias, buscará avançar até abril, antes de se licenciar do cargo para disputar a reeleição para senador por Mato Grosso. E isso ocorre num cenário de tentativa de resgate da imagem da carne brasileira no exterior, após a crise de confiança decorrente da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que revelou esquema de corrupção entre fiscais federais e frigoríficos em março de 2017.
Nos últimos meses do ano passado, enquanto a Rússia e a UE suspenderam as compras de carnes bovina e suína e de pescado brasileiros, respectivamente, Hong Kong sinalizou ao país que pretende reduzir de 230 para cerca de 80 o número de frigoríficos habilitados a vender ao seu mercado. Todas as restrições se deveram a questões sanitárias.
A Ásia já é o cliente mais relevante das exportações agropecuárias do Brasil. O continente é o principal destino das exportações do agronegócio brasileiro, tendo respondido por 46,5% dos embarques do setor em 2017, até novembro, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços. No período, as vendas a países da Ásia cresceram 17% ante igual intervalo de 2016, para US$ 41,4 bilhões.