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Qual o solo ideal para o cultivo de trigo?

Leia sobre aspectos do solo que devemos considerara ao cultivar trigo.


Foto: Canva

O rendimento dos grãos de trigo, assim como para outras plantas, é fortemente influenciado pelas características de clima e solo. No Brasil, o trigo é cultivado em zonas tropicais, subtropicais e temperadas, em diversos tipos de solos, claro, alcançando níveis bastante variáveis de produtividade.

A produção tritícola no Brasil é dividida em três regiões:

  • Centro (GO, MG, DF, BA e MT)
  • Centro-sul (PR, MS e SP)
  • Sul (RS e SC)

Na região sul, incluindo também o sul do PR, ocorrem bastantes chuvas e solos ácidos. No resto das áreas, ocorrem menos chuvas e solos com e sem alumínio trocável. Na região "Centro", o trigo pode ser cultivado em sistema de sequeiro (com estresse térmico e hídrico) ou com irrigação nas épocas de pouca ou nenhuma chuva. Essas diferenças de clima e solo resultam em diferentes níveis de produtividade, tecnologia e práticas de manejo.

 

O solo no cultivo de trigo

No Brasil, grande parte do trigo é cultivado em áreas de plantio direto. Esse princípio conservacionista contribui para a qualidade física, química e biológica do solo, além de preservar os recursos naturais. Deve-se optar por práticas como a menor mobilização do solo, manutenção de resíduos culturais na superfície, rotação, consorciação e sucessão de culturas. Outro fator importante é a aptidão do solo.

A cultura do trigo tem maior produtividade em solos sem compactação física e barreira química, bem drenados, que possuem boa capacidade de reter e armazenar água, como por exemplo solos argilosos.

Nos solos brasileiros, os nutrientes que normalmente faltam para o trigo são os macronutrientes nitrogênio, fósforo, potássio e enxofre, e os micronutrientes boro e zinco. Dessa forma, a planta de trigo responde bem à adubação destes nutrientes.

  • Nitrogênio: é o elemento encontrado em maior concentração em tecidos vegetais, porém, geralmente os solos tropicais / subtropicais são pobres desse nutriente. 
  • Fósforo: os solos brasileiros possuem alta capacidade de adsorção do fósforo, deixando o nutriente indisponível para as plantas. Ainda que a concentração de fósforo nas plantas não seja tão alta quanto o nitrogênio, a sua deficiência causa grandes estragos, principalmente no estádio inicial de desenvolvimento da cultura, o que reflete diretamente na produtividade final. 
  • Potássio: os teores desse elemento no solo no Brasil são baixos, não suprindo a demanda da planta. A aplicação intensiva de potássio em culturas de verão diminui bastante a deficiência desse nutriente no trigo.
  • Enxofre: possui grande importância pois constitui as proteínas do glúten. Como o enxofre interage com o nitrogênio nas rotas metabólicas, deve haver uma relação N:S de 14:1 aproximadamente, para que ocorra bom aproveitamento do enxofre.
  • Zinco: nos solos do Cerrado é comum ocorrer deficiência de zinco, devido ao intemperismo, bem como em solos que recebem altas quantidades de corretivos de acidez.
  • Boro: solos com baixa matéria orgânica ou com restrição hídrica severa dificultam a disponibilização do boro para o trigo, causando prejuízos nos órgãos reprodutivos e diminuindo consideravelmente a produtividade dos grãos.

Além dos nutrientes citados anteriormente, também devem ser observados outros nutrientes, bem como a presença de elementos tóxicos como o alumínio, através de monitoramentos contínuos a partir da análise de solo e de tecido vegetal.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

CUNHA, G. R. da; PASINATO, A.; PIMENTAL, M. B. M; BONA, F. de; SANTI, A.; PIRES, J. L. F.; DALMAGO, G. A.; Necessidades Edafoclimáticas. In: SCHEEREN, P. L.; BORÉM, A. Trigo: do Plantio à Colheita. [S. l.]: Universidade Federal de Viçosa, 2015. cap. 2, p. 35-55.

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