Como preparar o solo para o plantio de trigo?
Leia sobre o preparo do solo para o cultivo de trigo.
Para se realizar um bom manejo do trigo visando boas produtividades, algumas ações devem ser planejadas já antes da implantação da cultura, e realizadas já em pré-semeadura.
Ações em pré-semeadura:
- Escolha de área de cultivo adequada, evitando áreas mal drenadas e/ou com exposição a temperaturas muito baixas;
- Escolher o sistema de cultivo (convencional, cultivo mínimo ou plantio direto);
- Realizar práticas conservacionistas de solo e água;
- Realizar análises de solo frequentes, para definir um bom plano de adubação e/ou calagem
- Escolher cultivares adaptadas à região, observando as características agronômicas e potencial de rendimento, nível tecnológico e de investimento pretendido e demanda do mercado;
- Observar o zoneamento agrícola de trigo do MAPA para o município;
- Estabelecer a densidade de semeadura conforme a indicação para a cultivar, observando o potencial de rendimento e investimento desejado;
- Realizar um bom programa de sucessão / rotação de culturas;
- Verificar a disponibilidade e regulagem de máquinas e implementos;
- Fazer o adequado tratamento de sementes, quando for o caso, sempre respeitando as orientações oficiais para a cultura;
- Programar a venda dos grãos visando aumentar o maior retorno financeiro;
Ações durante a semeadura:
- Uso de sementes de qualidade, observando a pureza, vigor, poder germinativo, origem e sanidade;
- Observar a umidade do solo;
- Semear na época indicada pelo zoneamento agroclimático do MAPA;
- Utilizar a densidade adequada, observando cultivar, ciclo, região, época de semeadura, nível de investimento, expectativa de produtividade etc.;
- Utilizar a profundidade adequada (2 a 5 cm para o trigo);
- Utilizar espaçamento adequado (17 a 20 cm para o trigo);
- Manejar os resíduos culturais e plantas daninhas;
- Adubar conforme a análise de solo e estratégia definida pelo engenheiro agrônomo;
Ações durante a emergência / afilhamento:
- Seguir as orientações indicadas para a aplicação de defensivos;
- Realizar adubação de cobertura conforme orientações do engenheiro agrônomo, observando questões como análise de solo, cultivar, região, expectativa de rendimento etc.;
- Utilizar práticas de manejo integrado para pragas, doenças e plantas daninhas, dando especial atenção para a ferrugem da folha, oídio, pulgões e plantas daninhas.
Preparo do solo
- Semeadura convencional: envolve a prática de aração e gradagem, nivelando a área e revolvendo o solo, incorporando os restos culturais da cultura anterior. Atualmente, é pouco utilizada na cultura do trigo;
- Cultivo mínimo: geralmente envolve o uso de escarificador para mobilizar o solo nas camadas mais profundas que o arado, sem inverter as camadas superficiais, incorporando minimamente os restos culturais. É uma prática realizada por diversos produtores para diminuir as camadas compactadas do solo, ainda que, alguns estudos demonstrem que essa descompactação é de curta duração, voltando ao estágio inicial em poucos meses.
- Plantio direto: é adotado na maior parte das áreas que cultivam trigo no Brasil, sendo feita principalmente em sucessão à soja. Nesse sistema ocorre menores perdas de solo e água através da erosão, menores perdas de água por evaporação, menor incidência de plantas daninhas, menor decomposição de matéria orgânica do solo, preservação da estrutura do solo e da fertilidade, sequestro de carbono etc. O plantio direto envolve um conjunto de práticas conservacionistas como diversificação de espécies, revolvimento do solo apenas na linha de semeadura, manutenção da cobertura do solo, eliminação do pousio realizando a semeadura após a colheita, uso de práticas mecânicas conservacionistas etc.
Práticas conservacionistas do solo
Além do plantio direto citado anteriormente, existem outras práticas conservacionistas que além de tornarem o sistema produtivo mais eficiente, diminuem os impactos ambientais:
- Semeadura em contorno: consiste em realizar as linhas de semeadura no sentido transversal à declividade, de forma que as barreiras naturais formadas pelas plantas reduzam a velocidade de escoamento da água durante as chuvas, diminuindo o carreamento das partículas de solo e consequentemente diminuindo a erosão.
- Terraceamento: os terraços são estruturas compostas por um camalhão e um canal, feitas no sentido transversal à declividade do terreno. Essas estruturas interceptam a enxurrada da chuva, reduzindo a erosão hídrica e protegem corpos d'água.
- Cobertura permanente do solo: a cobertura do solo, seja através de restos culturais ou plantas vivas, diminui fatores que degradam o solo como a erosão causada por gotas de chuva, as perdas de solo e de água por erosão, as variações grandes de temperatura do solo e a incidência de plantas daninhas, além de promover o equilíbrio da flora e fauna do solo, favorecer o manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas, preservar a umidade do solo e promover a reciclagem de nutrientes.
- Processo "colher-semear": essa prática reduz o tempo que o solo fica exposto e proporciona maior número de safras por ano. Ocorre menores perdas de nutrientes através da decomposição de resíduos e promove a melhoria das qualidades químicas, físicas e biológicas do solo e promove o fluxo de matéria orgânica que ocorre em sistemas naturais.
- Rotação / sucessão de culturas: esta prática promove a biodiversidade, favorece o manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas, promove a cobertura permanente do solo, promove a diversificação da produtividade etc.
Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo
Referências:
PIRES, J. L. F.; SANTOS, H. P. dos. Preparo do solo e plantio. In: BORÉM, A.; SCHEEREN, P. L. Trigo: do Plantio à Colheita. [S. l.]: Universidade Federal de Viçosa, 2015. cap. 4.