A importância do enxofre no trigo

O enxofre, por ser um macronutriente secundário, é exigido pelas culturas em quantidades menores que os macronutrientes primários, mas ainda assim é essencial e requerido em grandes quantidades. O nutriente é importante para enzimas e processos metabólicos importantes, fotossíntese e produção de proteínas. Além disso, no trigo é importante também para a qualidade do valor final do produto e panificação.

Outro benefício do enxofre é a sua participação em substâncias produzidas pelas plantas quando estas estão sob fortes ataques de pragas ou doenças. A presença do nutriente em quantidades suficientes na planta resulta em maior produção de cisteína, glutationa e outros, fazendo com que a planta seja mais eficiente na defesa contra estes ataques. Além disso, o enxofre contribui para a absorção de nitrogênio na planta.

Importância do enxofre no trigo

Jarvan et al. (2008), estudando a influência do enxofre na qualidade do trigo, observaram que a aplicação do nutriente resultou em melhorias nos principais parâmetros de qualidade da farinha, tais como estabilidade, aumento de glúten úmido, volume do pão e número de queda. Alguns estudos apontam inclusive que o enxofre contribui mais para a qualidade da panificação do que o nitrogênio. Ocorre que o enxofre, além de participar da formação de aminoácidos, constitui proteínas formadoras do glúten. Quando aplicados juntos, o nitrogênio e enxofre contribuem para o aumento do teor de proteína na farinha, extensibilidade, força de glúten (W) e volume do pão. Já a deficiência do enxofre diminui o tamanho do grão e a qualidade de panificação.

O enxofre geralmente necessita de aproximadamente 20 kg do nutriente por hectare, sendo a fase reprodutiva da cultura mais sensível à deficiência do nutriente (McGRATH et al., 1996). Vale destacar que a cultura do trigo pode não apresentar resposta à aplicação de enxofre quando o nutriente já se encontra disponível através de outras fontes, como chuva, absorção de enxofre atmosférico, decomposição de matéria orgânica ou absorção de sulfato do subsolo. Além disso, nos casos em que a aplicação de enxofre apresentou respostas positivas no trigo nestes estudos, foi usada uma fonte de enxofre elementar, que precisa ser oxidado antes de ficar disponível para as plantas, ao contrário do sulfato de cálcio que pode descer no solo sob altas chuvas.

A deficiência de enxofre no trigo se manifesta através de alguns sintomas. Ocorre a redução do tamanho e número de grãos por área, redução da espiga, crescimento atrofiado e clorose amarela esverdeada nas folhas jovens. Observe as imagens abaixo:

Planta de trigo sadia (à esquerda) e planta de trigo com deficiência de enxofre (à direita). Foto: Yara Brasil.

Espiga de trigo com deficiência de enxofre (à esquerda) e espiga de trigo sadia (à direita). Foto: Yara Brasil.

O enxofre nos solos brasileiros

A maioria dos solos brasileiros apresentam quantidade suficiente de enxofre no solo. Porém, em alguns casos, pode haver deficiência, verificada através da análise do solo, quando existe menos de 5 mg de S/dm³. Geralmente são solos arenosos, com pouca matéria orgânica. Neste caso, geralmente aplica-se de 10 a 20 kg de enxofre por hectare.

Esta aplicação pode ser feita através de diversos fertilizantes como sulfato de amônio, superfosfato simples, sulfato de potássio, algumas fórmulas de NPK etc. Os adubos orgânicos geralmente também possuem micronutrientes e enxofre em quantidades adequadas.

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

Referências:

FANO, A. Fontes de enxofre e manejo de nitrogênio na produtividade e qualidade industrial de trigo. 2015. 69 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Pato Branco, 2015.

JÄRVAN, M.; EDESI, L.; ADAMSON, A.; LUKME, L.; AKK, A. The effect of sulphur fertilization on yield, quality of protein and baking properties of winter wheat. Agronomy Research, v.6, p.459-469, 2008.

McGRATH, S.P.; ZHAO, F.J. Sulfur uptake, yiel responses and the interactions between nitrogen and sulphur in winter oilseed rape (Brassica napus). Journal Agricultural Science, v.126, p.53-62, 1996.

WIETHÖLTER, S. Fertilidade do solo e a cultura do trigo no Brasil. In: PIRES, J. L. F.; VARGAS, L.; CUNHA, G. R. da. Trigo no Brasil: bases para produção competitiva e sustentável. [S. l.: s. n.], 2011.