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Entendendo o desenvolvimento do trigo para buscar altas produtividades

Leia sobre os manejos necessários em cada estádio de desenvolvimento do trigo.



Foto: Divulgação

É fundamental conhecermos os estádios de desenvolvimento do trigo para realizar um manejo adequado buscando altas produtividades. Existem períodos críticos no desenvolvimento das culturas que irão determinar a produtividade. No trigo, a formação do rendimento de grãos é determinada em um período crítico que antecede a antese, durante os estádios de formação da espigueta terminal e antese, no qual ocorre o crescimento da espiga no interior do colmo.

Nas lavouras de trigo, esse importante período ocorre junto com o início da elongação dos colmos, quando o ponto de crescimento está acima da superfície do solo. Na imagem abaixo, podemos observar como cada etapa do desenvolvimento do trigo irá influenciar na produtividade final.

 


Escala Feekes-Large de desenvolvimento de trigo (Large, 1954) e a respectiva formação dos componentes de rendimento. Foto: Pires et al., 2011.

 

O estádio de desenvolvimento do trigo e a produtividade

Durante o desenvolvimento do trigo, existem três etapas principais que irão determinar o rendimento dos grãos.

  • A primeira, que ocorre da emergência até a metade do alongamento, com dois a três nós visíveis, o processo mais importante é a expansão da área foliar. Ao final dessa etapa, o ideal é que a cultura tenha área foliar para interceptar 90% da radiação solar.
  • A segunda etapa ocorre no crescimento das espigas, sem os grãos. O principal processo é a determinação do número potencial de grãos, que depende da sobrevivência das flores que foram geradas. Ao fim desta etapa, o peso das espigas por metro quadrado é um bom indicador da produção de grãos.
  • A terceira etapa inicia-se depois da floração e termina na maturação fisiológica, quando é determinado o peso e rendimento dos grãos. O rendimento de grãos pode ser mais determinado pela capacidade de armazenamento do destino dos fotoassimilados do que pela fonte. Ocorre uma relação negativa entre o peso do grão e o número de grãos por metro quadrado. A quantidade de grãos por metro quadrado é determinada pelo acúmulo e alocação de fotoassimilados durante poucas semanas antes da antese.

 

Existe um período crítico, que vai de 20 dias pré-floração (aparecimento das anteras) até 10 dias pós floração, quando as condições ambientais são essenciais para determinar o número de afilhos que produzirão espigas e o número de grãos. Nesse período, as intempéries ambientais geralmente causam maiores efeitos no rendimento de grãos do que as diferenças genéticas entre as cultivares. Daí surge a importância de se manejar o cultivo buscando as melhores condições neste período crítico.

 

Quais ações devo fazer em cada estádio de desenvolvimento do trigo?

O trigo, assim como outras plantas, possui momentos ótimos para responder à aplicação de insumos e/ou práticas de manejo. Abaixo, citamos genericamente as práticas de manejo e planejamento durante todo o ciclo do trigo.

 

Pré-semeadura

  • Escolha da área adequada para o cultivo do trigo, observando o clima e solo
  • Planejar a rotação / sucessão de culturas
  • Realizar práticas conservacionistas de solo e água
  • Definir o sistema de cultivo
  • Realizar a análise do solo
  • Definir o plano de adubação e calagem
  • Escolher cultivares adequadas, considerando o potencial de rendimento, nível de investimento, adaptação e características agronômicas da cultivar etc.
  • Programar a época de semeadura respeitando o zoneamento agrícola
  • Definir a densidade de semeadura, que varia conforme a cultivar, potencial de rendimento e investimento
  • Disponibilidade e regulagem de máquinas e implementos
  • Realizar o tratamento de sementes com produtos indicados para a cultura
  • Programar a comercialização

 

Semeadura

  • Uso de sementes de qualidade, considerando pureza, vigor, poder germinativo, origem e sanidade;
  • Observar a melhor umidade do solo para a semeadura;
  • Respeitar a época de plantio conforme o zoneamento agroclimático;
  • Semear em uma profundidade de 2 a 5 cm
  • Usar espaçamento entre linhas de 17 a 20 cm
  • Buscar uma densidade adequada de plantas, geralmente entre 300 a 330 sementes aptas/m²
  • Manejar os restos culturais e plantas daninhas
  • Realizar a adubação conforme a análise de solo e planejamento da lavoura.

 

Emergência / afilhamento

  • Buscar estabelecer um estande de plantas superior a 300 plantas / m²
  • Realizar a adubação nitrogenada de cobertura, obedecendo as orientações de um profissional a partir da análise de solo
  • Realizar práticas de manejo integrado para pragas, doenças e plantas daninhas (atenção especial para lagartas, pulgões, percevejos, ferrugem das folhas e manchas foliares)

 

Afilhamento / alongamento

  • Realizar a adubação nitrogenada de cobertura, obedecendo as orientações de um profissional a partir da análise de solo
  • Realizar práticas de manejo integrado para pragas, doenças e plantas daninhas (atenção especial para ferrugem da folha, viroses - mosaico e VNAC, oídio, manchas foliares, doenças radiculares, pulgões, lagartas e plantas daninhas)

 

Alongamento / emborrachamento

  • Realizar práticas de manejo integrado para pragas e doenças (atenção especial para lagartas, pulgões, percevejos, ferrugem da folha e manchas foliares)
  • Aplicar redutor de crescimento quando necessário (1º nó visível)

 

Espigamento / florescimento

  • Realizar práticas de manejo integrado para pragas e doenças (atenção especial para ferrugem da folha, giberela, brusone, manchas foliares, lagartas, pulgões e percevejos)

 

Enchimento de grãos / maturação

  • Realizar práticas de manejo integrado para pragas e doenças (com atenção especial para lagartas)
  • Revisão das máquinas utilizadas na colheita
  • Programar a colheita, transporte e armazenamento

 

Colheita

  • Regular a colhedora para diminuir perdas
  • Colher no ponto ideal de umidade do grão de aproximadamente 13% (o atraso da colheita deve ser evitado, pois expõe a cultura a fatores adversos como altas temperaturas ou excesso de chuvas)
  • A colheita pode ser antecipada, quando o grão estiver com 20% de umidade, realizando o ajuste da regulagem da colhedora, e dispondo também de estrutura de secagem 
  • Programar a comercialização

 

Pós-colheita

  • Secar os grãos observando as recomendações adequadas
  • Armazenar os grãos em condições adequadas, sempre se atentando à presença de insetos, microrganismos e animais que podem degradar os grãos
  • Analisar a safra, observando erros e acertos
  • Comercializar
  • Programar a próxima safra

Adaptado de (PIRES et al., 2011).

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

PIRES, J. L. F. et al. Integração de práticas de manejo no sistema de produção de trigo. In: TRIGO no Brasil: Bases para produção competitiva e sustentável. Passo Fundo, RS: Embrapa Trigo, 2011. cap. 4, p. 77-114.

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