Aspectos gerais da irrigação no trigo

A exigência de água do trigo, bem como de outras espécies, é calculada a partir de dados de clima (evaporação em tanque classe A). A correlação é obtida por meio do coeficiente K, determinado para cada estádio de desenvolvimento da cultura:

K = Kc x Kp

Sendo:

Kc = coeficiente da cultura
Kp = coeficientes do tanque classe A

Observe a tabela abaixo:

Para estimar a lâmina a ser aplicada por irrigação, indica-se os seguintes critérios:

a) A lâmina é calculada através da multiplicação da evaporação acumulada (medida no tanque classe A no intervalo entre as irrigações) pelo coeficiente indicado na tabela acima. Para valores intermediários do período médio de duração, pode-se interpolar o coeficiente K.

b) Completar o tanque classe A com água até 5 cm da borda superior.

c) A oscilação do nível de água não deve exceder 2 cm.

d) As leituras de evaporação da água no tanque classe A devem ser feitas todos os dias às nove horas da manhã.

Em locais como o Brasil Central, é indispensável o uso de irrigação para o cultivo em época seca. As irrigações devem ser feitas no momento certo e em quantidades adequadas para suprir as necessidades da cultura. Para o manejo da água, são utilizadas medições no solo (teor de água presente no substrato) ou na atmosfera (medidas de evaporação de água em tanque de evaporação ou equações para estimar a evapotranspiração.

Tensiômetro

Em solos com baixa retenção de água (cerca de 50% da água disponível à tensão inferior a 60kPa), para medir a umidade do solo, pode-se utilizar o tensiômetro, que irá indicar o momento de irrigação e quantidade de água a ser aplicada. O manejo da irrigação no trigo deve ser feito da seguinte forma:

1. Após a semeadura, aplicar lâmina de água de 40 a 50 mm, dividida em três a quatro aplicações a cada dois dias, favorecendo a germinação e preenchendo o perfil do solo com água até cerca de 40 a 50 cm. Após a emergência, instalar baterias de tensiômetros e aplicar mais uma lâmina de 12 mm. A partir deste momento, são feitas leituras diárias dos tensiômetros (instalados a 10 cm de profundidade), irrigando sempre que a média das leituras atingir valores de tensão de água no solo compatível com a variedade cultivada.
2. Instalar na linha de plantio nas áreas irrigadas pelo menos três baterias de tensiômetros com pelo menos duas profundidades, servindo de base para o cálculo da irrigação. Indica-se profundidades de 10 cm (que irá representar a tensão na camada 0 cm a 20 cm) e de 30 cm (que irá representar a tensão na camada 20 cm a 40 cm). As baterias de tensiômetros devem ser colocadas próximas a 1/2, 2/3 e 9/10 da linha de distribuição do pivô, na posição onde as irrigações serão sempre iniciadas.
3. Reabastecer diariamente os tensiômetros com água fria destilada ou filtrada e fervida, sempre eliminando bolhas de ar do interior.
4. As irrigações devem ser realizadas até o ponto de mais da metade das espigas estiverem na fase de desenvolvimento de grãos, no estado de massa dura. Nesse estado, podemos pressionar a unha no grão que cede à pressão sem se romper.
5. Indica-se o uso de tensiômetros do tipo vacuômetro, sendo indispensável que se tenha a curva características de retenção de água do solo de 6 kPa a 1.500 kPa de cada área irrigada. 

Tanques classe A

Podem ser feitas leituras de evaporação da água em tanques classe A para o manejo da irrigação. Para o trigo cultivado durante o outono-inverno no Brasil Central, a pesquisa indica os seguintes passos para a utilização do tanque classe A:

1. Instalar um pluviômetro próximo à área irrigada, que irá medir a quantidade de chuvas para descontar no cálculo da quantidade exigida pelas irrigações;
2. Utilizar dados de evaporação da região, provenientes de estações meteorológicas;
3. Até o estabelecimento do trigo, as irrigações devem ser feitas conforme indicado no item anterior;
4. Após o estabelecimento do trigo, as aplicações de água devem ser feitas em diferentes intervalos, a depender da cultivar e tipo de solo.

Para ler mais sobre os procedimentos de cálculo da quantidade de água na irrigação, consulte o INFORMAÇÕES TÉCNICAS PARA TRIGO E TRITICALE.

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

Referências:

REUNIÃO DA COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE. N. 14, 2022, Passo Fundo – RS. Informações técnicas para trigo e triticale – safra 2022. REUNIÃO DA COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE, XIV. Fundação ABC e Biotrigo Genética, 2022, 274p.