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Como eliminar as plantas daninhas no trigo?

Leia sobre aspectos gerais do controle de plantas daninhas no trigo.



Foto: Divulgação

Os prejuízos causados por plantas daninhas

No trigo, assim como em outras culturas agrícolas, um dos fatores limitantes da produção são as pragas, doenças e plantas daninhas. O controle inadequado desses problemas resulta em baixo rendimento da cultura, causando prejuízos financeiros ao produtor, pois estas plantas irão competir por fatores do ambiente como água, luz e nutrientes, deixando menos recursos para o trigo além de poderem causar efeitos alelopáticos, prejudicando o desenvolvimento do cereal.

No caso das plantas daninhas, dentre as espécies comuns que geralmente aparecem no cultivo de trigo e causam prejuízos, temos o azevém, aveia preta e aveia branca, cipó-de-veado, nabo, erva-salsa, flor-roxa, serralha, silena e gorga. Quando o inverno apresenta temperaturas mais altas, temos o picão-preto, leiteiro, poaia, milho ou plantas voluntárias de soja.

 

Período crítico de competição de plantas daninhas no trigo

Os maiores prejuízos no trigo causados pela presença de plantas daninhas ocorrem nos estádios iniciais de desenvolvimento da cultura (no primeiro terço de seu desenvolvimento). No caso de cultivares com ciclos de 140 dias, se estende até os 50 dias após a emergência, aproximadamente. Já em plantas de trigo com porte baixo, o período crítico pode se encerrar até aos 24 dias após a emergência. Vale ressaltar que este período pode variar conforme o ambiente em que as plantas se encontram. Durante este período, a cultura deve permanecer livre de competição com estas plantas pois, caso contrário, os prejuízos são irreversíveis.

 

Manejo das plantas daninhas no trigo

O controle de plantas daninhas no trigo visa reduzir a infestação destas plantas, sem que haja necessariamente uma eliminação total. A redução da interferência é feita até um nível em que as perdas sejam iguais ao custo de diminuir mais ainda o nível de plantas daninhas. Não vale a pena gastar mais para controlar as plantas daninhas do que o próprio prejuízo financeiro que elas causariam. Existem diversos métodos de controle, como o preventivo, cultural, mecânico e químico, que podem ser utilizados de forma conjunta ou isolada.

 

Controle preventivo

Visa evitar a introdução e disseminação da planta daninha no local. Neste método de controle, devemos conhecer as características reprodutivas e de disseminação das espécies. Este tipo de controle envolve:

  • Uso de sementes certificadas, de forma a evitar que estas estejam contaminadas por sementes de plantas daninhas;
  • Evitar o trânsito de animais de áreas infestadas para áreas livres das plantas daninhas, evitando que estes carreguem consigo ou depositem sementes destas plantas através das fezes;
  • Limpeza de equipamentos utilizados em áreas infestadas, evitando que estes carreguem sementes para áreas não infestadas;
  • Evitar que as plantas daninhas produzam sementes / órgãos de reprodução;
  • Controle das espécies daninhas em margens de lavouras, caminhos e canais. 

 

Controle cultural

O controle cultural consiste em usar as condições do ambiente de forma a promover o crescimento da cultura para que ela diminua os danos causados pelas plantas daninhas. Plantas mais desenvolvidas ocupam áreas maiores, deixando menos área e recursos (água, solo, nutrientes etc.) para as plantas daninhas. Além disso, a espécie melhor adaptada irá predominar no ambiente.

Para promover o crescimento da planta, devemos conhecer as características da cultura e das plantas daninhas, bem como a resposta destas às práticas culturais. Se as práticas favorecerem o crescimento da cultura e afetam negativamente as plantas daninhas, estas últimas irão ter o seu desenvolvimento reduzido ou podem até ser eliminadas.

Dentre as práticas de controle cultural, podemos citar:

  • Adubação, profundidade e época de semeadura corretas: favorecem a rápida germinação e desenvolvimento da planta, proporcionando um estabelecimento vigoroso e uniforme, favorecendo a competição contra as plantas daninhas;
  • Espaçamento e densidade entre plantas: o espaçamento pode ser reduzido até o máximo possível, de modo que aumente mais rápido a cobertura do solo, diminuindo o espaço disponível e a radiação solar para as plantas daninhas;
  • Escolha da cultivar adequada: a escolha da cultivar mais adaptada à região fará com que a cultura tenha um melhor desenvolvimento, tendo uma maior capacidade de competição por recursos frente às plantas daninhas.
  • Rotação de culturas: as plantas daninhas se adaptam melhor a determinadas culturas. Se a mesma cultura for cultivada em anos seguidos, a planta daninha adaptada àquela condição pode se tornar predominante com o passar do tempo, devido às condições favoráveis. A rotação de cultura cria diferentes dinâmicas competitivas, além de permitir o uso de diferentes herbicidas. A escolha da cultivar para a rotação deve ser feita considerando quais plantas daninhas já existem na área, evitando culturas que tenham as mesmas plantas daninhas em comum.

 

Controle mecânico

A forma mais antiga de controle de plantas daninhas, o arranquio manual, é uma forma de controle mecânico, que consiste em usar equipamentos, como a enxada e os cultivadores (enxada fixa e rotativa por exemplo), para eliminar as plantas fisicamente. Possui como vantagens a economia, eficiência em solos secos, além de quebrar crostas que podem se formar na superfície do solo, impedindo a infiltração de água e ar. Como desvantagens temos a incapacidade de controlar plantas daninhas na linha da cultura, os possíveis danos às raízes da cultura, a possibilidade de diminuição do estande e a ineficiência em períodos chuvosos, podendo também favorecer a erosão.

Dentre os mecanismos de controle mecânico, temos:

  • Enterrio: enterrar as plantas para que estas morram devido à falta de luz, inviabilizando a fotossíntese.
  • Corte: corte das plantas, separando a parte aérea da raiz;
  • Dessecação: matando as plantas por desidratação;
  • Exaustão: estimular a brotação excessiva das gemas, exaurindo as reservas das plantas e causando a morte das gemas (muito usado em plantas perenes).
  • No sistema plantio direto, a palhada no solo possui um efeito de controle sobre as plantas daninhas, impedindo a passagem de luz, e atuando na temperatura e umidade do solo, prejudicando o desenvolvimento das plantas daninhas. Além disso, também pode realizar um controle químico, liberando substâncias alelopáticas que criam condições desfavoráveis à germinação e estabelecimento destas plantas.

Devido ao seu baixo rendimento, é necessário planejamento para se realizar o controle mecânico. A eficiência deste método é bastante variável, principalmente em espécies com bastante enraizamento. Já em espécies anuais e bienais, o controle mecânico é mais eficiente. Porém, neste último caso, pode se tornar difícil para plantas com raízes profundas.

O equipamento deve estar bem regulado, de forma a eliminar as plantas daninhas sem causar danos nas raízes da cultura.

 

Controle químico

O controle químico, através do uso de herbicidas, é o controle mais utilizado para plantas daninhas em culturas de inverno. É um controle rápido e eficiente, mas que pode resultar em prejuízos ambientais e à saúde do produtor / consumidor. Este método deve ser usado como uma forma de controle adicional, e não como a única ferramenta para o controle de plantas daninhas.

O herbicida deve ser usado com critérios rígidos, considerando seu custo, eficiência e segurança (ao homem e ao meio ambiente). Para usar um herbicida, devemos considerar:

  • Identificação da planta daninha;
  • Uso do herbicida no momento adequado em relação à planta daninha (estádio inicial de crescimento) e da cultura (estádio adequado de desenvolvimento);
  • Uso de equipamentos adequados e regulados, de forma a aplicar a dose correta;
  • Seguir as instruções do fabricante, impressas no rótulo;
  • Evitar que os efeitos do herbicida atinjam as culturas atuais e seguintes (quando em rotação de culturas).

O uso contínuo de defensivos químicos pode provocar o aparecimento de plantas daninhas resistentes ou tolerantes, cuja população pode aumentar e causar um grave problema. Como exemplo, o uso frequente de herbicidas para plantas dicotiledôneas pode provocar o aumento de espécies monocotiledôneas. O uso do manejo integrado pode diminuir / evitar a resistência e mudança na população de plantas daninhas.

Você pode verificar todos os herbicidas registrados para a cultura do trigo clicando aqui.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências

BLANCO, H. E.; OLIVEIRA, D. A.; ARAÚJO, J. B. M.; GRASSI, N. Observações sobre o período em que as plantas daninhas competem com a soja. O biológico, São Paulo, v.39, n. 2, p.31-35, 1973.

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