CI

Como controlar o percevejo barriga-verde no trigo?

Leia sobre as características, danos e controle do percevejo barriga-verde no trigo.



Foto: Canva

As espécies de percevejos mais comuns que atacam a planta de trigo são das famílias Pentatomidae e Miridae:,

  • Pentatomidae: percevejo-barriga-verde (Dichelops melacanthus Dichelops furcatus), percevejo-verde (Nezara viridula) e o percevejo do trigo (Thyanta perditor);
  • Miridae: percevejo-raspador, percevejo-do-capim ou percequito (Collaria scenica);

O cultivo de safrinha de milho e a presença de palha na superfície do solo favorecem a presença destas pragas no trigo.

 

Percevejo-barriga-verde

Existem duas espécies de percevejos-barriga-verde, a Dichelops melacanthus e a Dichelops furcatus. Os adultos possuem entre 9 e 11 mm de comprimento, com a cor castanho-amarelada e acinzentada em vista dorsal, e o abdômen apresenta a cor verde. Possui duas projeções pontiagudas na cabeça, e no tórax apresenta expansões laterais espinhosas, conforme a imagem abaixo:


Adulto de Dichelops furcatus (A) e Dichelops melacanthus (B).
Foto: Lisonéia Fiorentini Smaniotto (Embrapa Trigo).

Quanto à espécie Dichelops melacanthus é a espécie que provoca os maiores danos, sendo geralmente controlado com inseticidas. Ocorre em latitudes menores (região sudeste, centro-oeste e norte do Paraná). As plantas atacadas pelo percevejo-barriga-verde ficam com as folhas perfuradas no sentido transversal, apresentando necrose no tecido. As folhas se dobram, enrolam ou quebram nos locais de ataque. Também ocorre problemas no afilhamento, desenvolvimento de plantas e, consequentemente, rendimento de grãos. Já o Dichelops furcatus ocorre mais ao sul, mas não causa tantos problemas quanto a espécie anterior.

 

Como controlar o percevejo barriga-verde em trigo

Monitoramento do percevejo

É necessária uma avaliação atenta para se estabelecer os danos dos percevejos nas diferentes fases de desenvolvimento da cultura. As populações do inseto devem ser amostradas e realizar o controle, quando necessário, sempre preconizando o manejo integrado.

O monitoramento deve ser feito com uma armação em forma de quadrado, que cubra 1m², conforme a imagem abaixo. Coloca-se a armação no solo, e examina-se os restos culturais e plantas na busca dos percevejos, que devem ser contabilizados.


Armação (quadrado) de ferro de 1m², dividida ao meio para amostragem do percevejo barriga-verde.
Foto: Lisonéia Fiorentini Smaniotto / Embrapa.

As amostras devem ser distribuídas em distâncias iguais, da forma mais homogênea possível na área monitorada. Quanto maior o número de amostras, melhor. Recomenda-se realizar 6 pontos de amostragem para áreas de 10 hectares, 8 pontos em até 30 hectares e 10 pontos em até 100 hectares.

O percevejo deve ser amostrado inclusive antes da semeadura, examinando o solo e retirando restos vegetais para poder observar os percevejos. Se forem encontrados percevejos nos restos culturais, recomenda-se mapear os pontos e eliminá-los, enterrando ou queimando os restos culturais em locais restritos. 

O uso de inseticida nos restos culturais possui baixíssima eficiência no controle destas pragas, podendo inclusive eliminar inimigos naturais do percevejo, causando um efeito contrário ao controle.

Durante o desenvolvimento vegetativo ou no emborrachamento, deve-se examinar restos vegetais sobre o solo e as plantas de trigo, usando a armação, com olhar cuidadoso nas partes próximas ao solo. Após o surgimento das espigas, deve-se examinar o solo, plantas na vertical e as espigas.

 

Quando controlar o percevejo barriga-verde no trigo?

Tabela 1. Níveis de ação para o controle do percevejo barriga-verde Dichelops furcatus.
Espécies Monitoramento(3) Nível de ação
Percevejo barriga-verde (Diceraeus furcatus)(1) Período vegetativo 4 percevejos/m²
Período reprodutivo  2 percevejos/m²

Percevejo barriga-verde
(Diceraeus melacanthus)(2)

Período vegetativo 1 percevejos/m²

(1) Níveis de ação válidos para as regiões homogêneas de adaptação de cultivares de trigo do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e apenas para a Região 1 do Paraná.
(2) Nível de ação válido para as regiões homogêneas de adaptação de cultivares de trigo 1 e 2 (apenas para o estado do Paraná), 3 e 4, tendo em vista a predominância de D. melacanthus nessas regiões.
(3) Mínimo de 10 pontos amostrais por talhão.

Vale ressaltar que a temperatura influencia na intensidade dos danos causados pelo percevejo no trigo. Temperaturas mais altas resultam em maiores danos causados pelo Dichelops melacanthus na fase inicial da cultura. Em locais mais quentes, como no Mato Grosso do Sul, o nível de ação na fase inicial da cultura é de 1 inseto/m². Já na fase de espigamento, a atividade do inseto é maior em temperaturas mais amenas.

 

Controle químico do percevejo barriga-verde

Diversos produtos podem ser utilizados para ambas as espécies de percevejo barriga-verde (Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus). Alguns produtos podem ser efetivos para ambas as espécies, mas recomenda-se utilizar apenas os produtos registrados para a espécie específica, seguindo as normas do MAPA.

Para ler sobre os produtos químicos que controlam o percevejo barriga verde, clique no nome da espécie a ser controlada abaixo, e no final da página você pode encontrar os produtos:

 

Controle biológico do percevejo barriga-verde

Existem diversos inimigos naturais que reduzem a infestação do percevejo na lavoura, como insetos, aranhas predadoras e parasitoides, atacando tanto os percevejos adultos como ninfas e ovos. O efeito dos inimigos naturais vai se acumulando ao longo do tempo.

Para manter adequado os níveis destes organismos benéficos, devemos evitar o uso desnecessário de inseticidas. 

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

BORÉM, A.; SCHEEREN, P. L. Trigo: do Plantio à Colheita. [S. l.]: Universidade Federal de Viçosa, 2015.

PIRES, J. L. F.; VARGAS, L.; CUNHA, G. R. da. Trigo no Brasil: bases para produção competitiva e sustentável. [S. l.: s. n.], 2011.

PANIZZI, A. R. et al. Manejo Integrado dos Percevejos Barriga-Verde, Dichelops spp. em Trigo. Embrapa Documentos, Passo Fundo, RS, n. 114, 2015.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.