Como controlar a mancha amarela no trigo?

Diversos fungos causam manchas foliares no trigo, e muitas vezes é difícil diferenciar qual a espécie causadora da doença devido à grande semelhança de alguns sintomas. Dentre as doenças deste grupo, podemos citar:

• Pyrenophora tritici-repentis (anamorfo Drechslera tritici-repens), causador da mancha amarela;
• Cochliobolus sativus (anamorfo Bipolaris sorokiniana), causador da mancha marrom;
• Phaeosphaeria nodorum (anamorfo Stagonospora nodorum), causador da mancha da gluma.

Mancha amarela

Esta doença é causada por Pyrenophora tritici-repentis, e das doenças citadas acima, é a que mais ocorre no Rio Grande do Sul. O fungo tem melhores condições de sobrevivência e multiplicação no sistema de plantio direto.

O fungo é necrotrófico, podendo sobreviver em restos culturais, formando estruturas de reprodução. Durante o desenvolvimento do trigo, caso ocorram condições favoráveis ao fungo e não seja feito o controle químico, os conídios do fungo podem se formar sobre as lesões e causar a doença na cultura.

As condições climáticas que favorecem o fungo são temperaturas entre 18ºC e 28ºC e duração de molhamento foliar acima de 30 horas, porém, em cultivares suscetíveis, 12 horas de molhamento já podem causar sintomas severos da doença.

Sintomas da mancha amarela no trigo

O sintomas mais característico, como o nome da doença já diz, é a mancha amarela nas folhas, geralmente nos estádios iniciais de desenvolvimento da planta. Estas manchas amarelas (ou às vezes com aspecto bronzeado) formam lesões oblongas ou ovaladas que coalescem e evoluem para uma coloração marrom-clara ou marrom-escura.

Quando ocorrem condições de alta umidade, podem ser observadas estruturas (conidióforos) marrom-escuras do fungo no centro das manchas. Pode ocorrer maior ou menor necrose e clorose nas plantas, a depender da cultivar de trigo.

Sintoma de mancha amarela em trigo. Foto: Flávio Martins Santana / Embrapa Trigo.

Controle da mancha amarela no trigo

O fungo causador desta doença sobrevive nos restos culturais, assim, o manejo visando eliminar estas estruturas do fungo é uma das formas de controle. Em locais onde não é feito o plantio direto, podemos enterrar os restos culturais. Caso ocorra grande potencial de doença, junto ao uso de uma cultivar altamente suscetível, pode ser feito o uso de fungicidas. No Brasil, a aplicação de fungicidas para a mancha amarela é feita já no aparecimento dos sintomas devido à alta agressividade da doença.

Pode ser feita também a rotação de culturas, com duas safras de inverno seguidas sem trigo, reduzindo o patógeno na palha. Porém, como o fungo também possui outros hospedeiros como a cevada, estas outras culturas também devem ser evitadas. Como opção, podemos cultivar a aveia.

Para estimar as perdas causadas pela mancha amarela no trigo, podemos utilizar a seguinte equação:

Perda de grãos (%) = 0,26 x percentual médio de área foliar lesionada*

*considerando as manchas nas duas últimas folhas no estádio de grão leitoso.

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

Referências:

BORÉM, A.; SCHEEREN, P. L. Trigo: do Plantio à Colheita. [S. l.]: Universidade Federal de Viçosa, 2015.

PIRES, J. L. F.; VARGAS, L.; CUNHA, G. R. da. Trigo no Brasil: bases para produção competitiva e sustentável. [S. l.: s. n.], 2011.