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Como, quando e qual fungicida devo utilizar no trigo?

Leia sobre o controle de doenças fúngicas no trigo.



Foto: Maria Imaculada Lima - Embrapa

O manejo das doenças do trigo devem contemplar as estratégias do manejo integrado de doenças. O uso de cultivares resistentes é a medida preferencial para o controle das doenças, principalmente no caso de doenças causadas por bactérias e vírus, visto que não existe controle curativo nesses casos.

As principais doenças do trigo que podem ser controladas quimicamente são divididas em:

  • Doenças foliares: oídio, ferrugem, mancha amarela, helmintosporiose e septoriose
  • Doenças de espiga: giberela e brusone

Você pode ler abaixo quais fungicidas controlam as doenças:

 

Tabela 1. Fungicidas* para o controle de doenças no trigo.
  Mancha foliar Ferrugem

Nome comum

Oídio B. sorokiniana D. tritici-repens S. nodorum da folha do colmo
Ciproconazol(2) x - - - - -
Propiconazol(2) x x x x - -
Mancozebe - - x - - -
Tebuconazol(2) x x x x - -
Azoxistrobina - x x x x x
Azoxistrobina + Flutriafol - - - - x -
Trifoxistrobina + Tebuconazol(3) x x x x x x
Azoxistrobina + Ciproconazol(3) - x x x x x
Cresoximmetílico + Epoxiconazol(4) - x x x x x
Piraclostrobina + Epoxiconazol(3) - x x x x x
Piraclostrobina + Metconazol - x x x x x
Piraclostrobina + Epoxiconazol(5) - x x x x x
Trifloxistrobina + Protioconazol(6) - x x x x x

* Produtos e suas respectivas doses podem ter restrições em alguns Estados
“-“ produto não indicado; “x” produto indicado
(2) Não é indicado para controle de ferrugem em cultivares suscetíveis.
(3) Usar o adjuvante recomendado pelo fabricante.
(4) Adicionar óleo mineral na concentração de 0,5% v/v.
(5) Adicionar adjuvante não iônico a 3% v/v.
(6) Adicionar 0,25% de óleo metilado de soja (Áureo).

Obs: Dados de eficiência são de responsabilidade do fabricante.

 

Momento de aplicação de fungicidas no trigo

O LDE representa a máxima quantidade de doença tolerável economicamente na cultura, e é estabelecido através de funções de dano para as doenças em função do estádio fenológico. Ou seja, o valor de LDE corresponde à intensidade de doença em que a perda financeira se equivale ao custo de controle, logo, assim que o LDE for alcançado, recomenda-se o controle da doença. Isso explica porque fungicidas não devem ser aplicados de forma preventiva (sem doença) ou tardiamente (ultrapassando o LDE).

Deve ser feito um manejo buscando evitar que a intensidade da doença ultrapasse o LDE, pois a implementação do controle e ação do fungicida demandam tempo, dessa forma a pulverização deve ser feita quando a incidência atingir o limiar de ação (LA). Como valor de LA, sugere-se uma redução de 5% do valor do LDE.

Algumas doenças como oídio, mancha amarela e ferrugem da folha possuem o limiar de dano econômico (LDE) estabelecido, orientando o momento de aplicação dos fungicidas a partir do estádio de alongamento, quando a incidência foliar da doença atingir o limiar de ação (LA).

Quando não existe LDE estabelecido, como no caso da ferrugem da folha, nesse caso, o fungicida é aplicado na detecção dos primeiros sintomas/sinais. 

O uso dos fungicidas deve ser feito apenas quando for economicamente viável. Não deve ser aplicado caso não ocorra a doença ou se o controle não é economicamente viável, pois apenas irá aumentar o custo de produção e causar dano ambiental.

O número de aplicações depende da suscetibilidade da cultivar (cultivares suscetíveis podem exigir duas a três aplicações), sistema de manejo (monocultura ou rotação de culturas) e condições climáticas.

 

Monitoramento das doenças foliares

As lavouras de trigo devem ser monitoradas a cada 5 dias, coletando, aleatoriamente, 40 a 50 colmos principais. Destacar as folhas, eliminando as que possuem mais da metade da área foliar morta por causa não parasitária e as que estiverem em crescimento. As folhas são analisadas determinando a incidência das doenças. Recomenda-se fazer o monitoramento no final do afilhamento, pois, durante o afilhamento, a produção de novas folhas ocorre de forma intensa, o que diminui os sinais da doença.

Se for realizado o controle, a primeira aplicação é feita quando a doença atinge o LA, e as reaplicações são realizadas com intervalos respeitando o período de persistência dos ingredientes ativos, observando-se o período máximo de proteção para manter a incidência da doença abaixo do LDE. Quanto à última aplicação, essa não deve ultrapassar o estádio fenológico de grãos leitoso, pois, caso contrário, é baixa a probabilidade de retorno financeiro.

 

Giberela

Período de predisposição à infecção: ocorre do início da floração, quando há a presença de anteras soltas e presas, até o estádio de grão leitoso (presença de anteras presas). Na escala de Zadoks, ocorre do estádio 60 ao 75.

Primeira aplicação: aplicar apenas se, durante o período de predisposição, ocorrerem condições favoráveis à infecção. Aplicar antes da ocorrência de chuvas, durante as chuvas as espigas já devem estar protegidas. A previsão deve ser baseada em prognósticos divulgados por institutos oficiais, como por exemplo o aplicativo SISALERT.

Segunda aplicação: as espigas ficam protegidas por no máximo 7 dias. Se houver nova previsão de chuvas, deve ser feita a reaplicação.

Obs: caso as condições climáticas impeçam a aplicação do fungicida no período indicado, não haverá possibilidade de controle.

Pulverizador: utilizar pontas com jatos direcionando a calda para as laterais das espigas, como por exemplo Duplo leque e Defy 3D.

 

Brusone

A brusone possui maior incidência em anos de "El Niño", limitando o controle químico, que acaba sendo economicamente inviável. Já em anos de "La Niña" ou de neutralidade, as aplicações podem ser economicamente viáveis, proporcionando bons níveis de rendimento de grãos.

Os fungicidas que tiveram melhores resultados em ensaios contêm mancozebe em sua formulação. O momento de aplicação é no início do espigamento, quando ocorre 25% de exposição das espigas. Se ocorrerem condições climáticas favoráveis à doença - ou seja, molhamento foliar acima de 10h e temperatura do ar próxima a 25ºC -, avaliar a necessidade de reaplicações semanais, considerando o retorno econômico previsto.

Sugerimos o uso do aplicativo da Embrapa Trigo SISALERT para auxiliar na tomada de decisão das aplicações a partir do emborrachamento, bem como para as previsões de precipitação pluviométrica regional.

 

Para ler mais sobre a aplicação dos fungicidas na cultura do trigo, acesse o AgrolinkFito.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

REUNIÃO DA COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE. N. 14, 2022, Passo Fundo – RS. Informações técnicas para trigo e triticale – safra 2022. REUNIÃO DA COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE, XIV. Fundação ABC e Biotrigo Genética, 2022, 274p.

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