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Tutoramento e condução de plantas de tomate orgânico

Tutoramento e condução



Foto: Eliza Maliszewski

O tutoramento vertical é o mais indicado para a produção de tomate salada no sistema orgânico. Esse método permite melhor distribuição da radiação solar e ventilação dentro do cultivo, com menor molhamento foliar e, por conseguinte, menor severidade das doenças foliares. Além disso, permite uma melhor cobertura foliar dos fungicidas de contato, como é o caso da calda bordalesa, proporcionando uma maior eficiência do uso da calda.

 

Os principais métodos de tutoramento vertical são o vertical com bambu e o vertical com fitilho. Para o tutoramento com fitilhos, a estrutura consiste de dois fios de arame estendidos ao longo da linha de cultivo. Eles podem ser suportados por postes independentes da estrutura do abrigo de cultivo. O fitilho é amarrado no fio de arame,

que fica rente ao solo, e no outro, que geralmente fica a uma altura de 2 metros do

solo, variando essa altura conforme o número de cachos desejados (geralmente de 6 a 7 cachos) ou na altura que facilite o manejo pelo trabalhador. A planta é enrolada no fitilho vertical conforme vai crescendo, realizando-se a capação ao passar da altura do arame. Um dos pontos negativos do uso do fitilho é a baixa estabilidade de sustentação da planta. Assim, quando a lavoura está em plena produção, com plantas carregadas de frutos, pode ocorrer o rompimento do fitilho, com queda da planta e dos frutos. Esse problema pode ser agravado pelas correntes de vento em abrigos desprovidos de tela nas laterais.

 

O tutoramento com bambu (Figura 20) dá maior estabilidade à planta, trazendo benefícios muito semelhantes àqueles observados pelo uso de fitilhos. A principal

diferença é que nesse sistema a planta tem que ser fixada no bambu por meio de fitilhos próprios para o amarrio, fazendo um “8” com o amarrilho, prevenindo-se desta forma lesões nas hastes devido ao atrito com a vara (Figura 22). Em um ciclo cultural, faz-se até sete amarrios por plantas. É importante utilizar varas de bambu novas, já que varas velhas disseminam fitopatógenos. Contudo, caso a estratégia seja o reaproveitamento de varas dos cultivos anteriores, o produtor deverá mergulhá-las por 4 horas em calda bordalesa, na concentração de 3 a 5%.

 

A condução da planta com uma haste, sem poda apical ou com poda a 2m acima do solo, é o método de condução indicado para a produção de tomate no sistema orgânico, principalmente em cultivo protegido. Normalmente se deixam de sete a oito cachos de tomate por planta, sendo que o último cacho fica na altura do arame superior que auxilia no tutoramento. Ao se escolher o último cacho a ficar, desponta-se a haste a três folhas acima dele. Até o momento não foram conduzidos na Epagri de Itajaí cultivos do tomateiro com mais de uma haste em sistema orgânico, motivo pelo qual não será recomendado o seu uso nesse momento.

 

Desbrota

 

O tomateiro possui uma quantidade muito grande de brotos localizados nas axilas de cada folha e até mesmo em cachos florais, que é um indicativo de excesso de nitrogênio (Figura 21). Esses brotos crescem rapidamente e, caso não sejam eliminados, viram um dreno muito forte de fotoassimilados, além de mudarem a arquitetura de condução da planta.

 

A desbrota deve ser feita pela manhã, ou com a planta bem túrgida e enxuta. A técnica consiste na eliminação dos brotos quando estes estão entre 2 e 5cm de tamanho (Figura 22), realizando a quebra dos mesmos manualmente, ou com o auxílio de tesoura. No primeiro caso, é importante utilizar luvas de látex, ou higienizar as mãos com sabão, principalmente fumantes, para reduzir o risco de transmitir viroses dentro da lavoura.

 

As mãos de quem faz a desbrota devem estar limpas, principalmente de terra para não inocular Erwinia sp. no ferimento provocado pela retirada dos brotos. Quanto ao uso de tesoura, ou outro objeto cortante, é importante mergulhar estes objetos numa solução de hipoclorito de sódio (50%), entre a desbrota de uma planta e outra, reduzindo-se assim as chances de transmissão de doenças. Uma dica é utilizar dois ou mais objetos para a desbrota durante o procedimento e, enquanto utiliza um deles, o que será utilizado na próxima planta está imerso na solução de hipoclorito de sódio.

 

Recomenda-se realizar a desbrota com a maior frequência possível, evitando-se intervalos maiores do que três dias. Uma sugestão é entrar na lavoura a cada dois dias para realizar a desbrota e a condução da planta no tutor simultaneamente. A correta realização dessa prática cultural permite melhor aeração dentro do cultivo e facilita o controle fitossanitário.

 

Desfolha

 

A desfolha é uma prática comum durante o cultivo do tomateiro e visa ao aumento da ventilação e à insolação dentro do cultivo, o que resulta em menor molhamento foliar e, consequentemente, redução de doenças foliares. As principais folhas fotossinteticamente ativas são as três que estão acima e abaixo do cacho. Assim, para a desfolha, deve-se eliminar apenas as folhas baixeiras conforme os cachos são colhidos, mantendo sempre três folhas abaixo do último cacho remanescente. Dependendo do estado fitossanitário da lavoura e dos espaçamentos adotados, essa prática cultural pode ser eliminada.

 

Uma segunda hipótese para o uso da desfolha é a ocorrência de doenças foliares, como aquelas que ocorrem de baixo para cima, como a mancha-de-cladospório (Cladosporium fulvum) ou até mesmo durante um ataque severo da requeima (Figura 23). Nesse caso, o objetivo é eliminar a fonte de inóculo e a propagação da doença dentro da lavoura, devendo-se fazer o mais breve possível ao observar qualquer sintoma da doença. A forma correta de fazer a desfolha é deixando os dois últimos folíolos de cada folha (Figura 24), o que reduz as chances de infecção por Erwinia.

 

 

 

Texto retirado do artigo: Tomatorg: Sistema Orgânico de Produção de Tomates em Santa Catarina

 

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