
As plantas podem ser conduzidas com duas ou uma haste guia por planta. A condução de duas hastes por planta é feita mantendo o broto imediatamente abaixo do primeiro cacho e retirando os demais, tanto da haste principal como da segunda haste (Figura 6A). Já na condução de uma haste por planta se retiram todos os brotos laterais da haste principal, ajustando o espaçamento entre plantas para metade do espaçamento utilizado na condução de duas hastes por planta. A produtividade comercial de frutos é maior com a condução de uma haste por planta, entretanto a necessidade de mudas por área é o dobro, em relação à condução de duas hastes por planta.
Desbrota
A desbrota consiste na retirada dos brotos que surgem nas axilas das folhas, às vezes no ápice dos racimos (cachos) ou até mesmo nas folhas e frutos, e deve ser realizada para controlar o crescimento vegetativo acentuado do tomateiro. É uma prática fundamental para os cultivares de tomate de crescimento indeterminado, que devem ficar com duas hastes, mas também em casos especiais, dependendo do espaçamento, da densidade e do cultivar, com somente uma haste.
Os brotos laterais devem ser eliminados manualmente quanto atingirem três a 10cm de comprimento, quebrando-os e destacando-os a cerca de dois a três centímetros de altura (Figura 6B). A manutenção de parte do broto na planta promove a rápida cicatrização do ferimento no tecido, desfavorecendo a entrada de patógenos no sistema vascular principal das hastes.A desbrota deve ser realizada uma a duas vezes por semana. Após cada desbrota, deve-se pulverizar fungicida à base de cobre.
A desbrota não deve ser realizada em dias de chuva ou em períodos de orvalho. Plantas com sintomas de virose não devem ser desbrotadas, a fim de evitar a disseminação de doenças. Deve-se evitar fumar na lavoura por ocasião dessa prática cultural para evitar contaminação por vírus do mosaico do tabaco.
Amarrio
Nos métodos de tutoramento com bambu, as hastes do tomateiro devem ser amarradas nos tutores a cada 25-30cm. O amarrio é feito com fitilho em forma de “8” com folga e nunca imediatamente abaixo do cacho, para que não haja perdas de frutos por estrangulamento (Figura 5C). No método de tutoramento vertical com fitilho, as hastes são enroladas nos fitilhos à medida que crescem (Figura 5D). Já no método de tutoramento “mexicano” as hastes vão crescendo apoiadas nos fitilhos dispostos lateralmente e apoiadas umas nas outras, dispensando o amarrio (Figura 5A).
Poda apical ou desponte
Consiste em podar o ápice das hastes de produção da planta quando estas ultrapassarem a altura do tutor ou quando cada haste tiver de seis a sete cachos de frutos formados. Deve-se deixar duas a três folhas acima do último cacho para favorecer o nível de fonte de fotoassimilados para o desenvolvimento dos frutos. Essa prática auxilia o crescimento dos frutos dos cachos mais altos. A poda é realizada para controlar o desenvolvimento vegetativo acentuado do tomateiro, manter robustez da planta, aumentar o tamanho dos frutos e propiciar sua maturação precoce.
O desponte ou poda apical, quando se deixa um menor número de cachos por planta, traz benefícios à cultura do tomate, tais como: redução do ciclo, facilidade de execução dos tratos culturais, aumento da massa média dos frutos, redução e maior segurança na aplicação de agrotóxicos. Além disso, a limitação do número de cachos por planta é uma prática recomendada principalmente nos cultivos cujas condições ambientais limitem o crescimento da planta e consequentemente o número de cachos produtivos.
Desfolha
A prática de eliminação das folhas mais velhas é indicada para melhorar o arejamento, a iluminação e o controle fitossanitário. Entretanto, a desfolha não deve ser muito severa, porque as folhas são fontes de suprimento de energia.
As folhas velhas da parte inferior da planta devem ser retiradas mantendo-se de 2 a 3cm de pecíolo. Pode-se manter até três folhas logo abaixo do cacho ainda produtivo da planta, dependendo de suas condições fitossanitárias. Essa prática contribui para a diminuição da disseminação de doenças e evita o contato ou a proximidade das folhas com o solo, dificultando com isso a entrada de doenças bacterianas pelos respingos de chuva. Recomenda-se a realização dessa prática em dias secos. Após a desfolha, os cortes dos pecíolos devem ser pulverizados com produtos à base de cobre.
A primeira desfolha deve ser realizada antes da primeira colheita dos frutos. A resposta do tomateiro à desfolha depende do cultivar, do hábito de crescimento e da estatura das plantas, pois a combinação desses fatores resulta em dosséis com diferentes potenciais para a fotossíntese, assim como diferentes pontos de equilíbrio entre massa vegetativa e reprodutiva, numa perspectiva de maximização da produtividade.
A retirada das folhas baixeiras é eficiente para reduzir a área foliar lesionada por doenças, o que pode significar menor severidade e diminuição de inóculo na área de cultivo. A desfolha leve favorece a produtividade pelo aumento fitossanitário das plantas de tomate.
Raleio de frutos
O tomate pode ser dividido em unidades fonte-dreno. As folhas são fontes de fotoassimilados e os frutos os principais drenos. Os fotoassimilados das folhas podem ser translocados para qualquer fruto, dependendo das condições fitossanitárias da planta. Como os frutos são drenos metabólicos fortes, os fotoassimilados são translocados preferencialmente para eles. A relação fonte-dreno pode exercer influência nas variações da produção por planta, bem como no tamanho e na massa individual dos frutos. Assim, o raleio de frutos é uma técnica cultural que pode alterar a relação fonte-dreno, propiciando aumento da produtividade comercial, no tamanho e na massa média dos frutos.
É necessário destacar que a resposta à técnica de raleio de frutos dos cachos de tomate é diversa entre os cultivares. Os cachos (racimos) florais, principalmente de cultivares com cachos ramificados, possuem excessiva produção de frutos. Assim os frutos terminais/apicais (Figura 7A), menores e afastados dos cachos, devem ser retirados logo no início do desenvolvimento para favorecer o crescimento dos frutos remanescentes. Alguns cultivares possuem cachos simples e com número de frutos definidos, dispensando a prática com essa finalidade. Frutos com doenças fitopatológicas (Figura 7B), danificados por insetos-praga (Figura 7C) ou com doenças fisiológicas (Figuras 7D e 7E) e malformados também devem ser retirados logo após a constatação do problema e depositados fora da lavoura. Essa prática também favorece o maior crescimento dos frutos sadios remanescentes e elimina fontes de inóculo de doenças, propiciando com isso maior produtividade comercial e massa média de frutos. Por outro lado, sem a efetuação do raleio de frutos, o tomateiro apresenta maior número de frutos por planta. Nesse caso, pode inclusive haver maior produtividade, todavia os frutos terão massa média menor e menor valor comercial.
Texto retirado do artigo: Sistema de produção integrada para o tomate tutorado em Santa Catarina
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