Relação entre o tomate e a umidade do solo e do ar
Leia sobre como a umidade do solo e do ar influenciam no desenvolvimento do tomateiro.

Umidade do solo
O tomateiro, ainda que seja uma cultura moderadamente tolerante à seca, é bastante exigente em água, tendo a maior demanda nas fases de florescimento e frutificação. A tolerância à seca depende do cultivar, estádio de crescimento e intensidade do estresse hídrico. Existem relatos de que o déficit hídrico no período vegetativo pode aumentar o crescimento da raiz.
Quando ocorre falta de água no solo, o desenvolvimento reprodutivo e a qualidade dos frutos produzidos são afetados, formando frutos menores, com menos licopeno e maior chance de ocorrer podridão apical, que é uma doença fisiológica em que os fatores ambientais afetam a expansão celular e o transporte de cálcio para frutos. Além disso, a falta de água aumenta as reações catabólicas.
Já o excesso de água provoca falta de oxigênio no solo, o que causa danos às raízes, paralisando o seu crescimento, aumentando o teor de substâncias tóxicas e interrompendo o fluxo do xilema, o que prejudica a absorção de nutrientes, influenciando diretamente no desenvolvimento e produtividade do tomateiro. O excesso de água no solo também pode causar a perda de nutrientes através da lixiviação.
Desta forma, entende-se que o manejo de água deve ser feito de forma racional, sem déficit ou excesso, pois em ambos os casos, ocorrem prejuízos para a cultura, refletindo diretamente na produtividade final do tomateiro.
Umidade do ar
Os níveis adequados de umidade relativa do ar para a cultura do tomate se situam entre 50 e 70%, e o efeito das variações de umidade podem reduzir o desenvolvimento e a produtividade da cultura. Quanto menor a umidade do ar, maior a transpiração da cultura e, consequentemente, maior a perda de água. Nestas situações, a fotossíntese é reduzida, reduzindo o crescimento de plantas e consequentemente o transporte de nutrientes como cálcio, magnésio e potássio para as folhas e partes jovens das plantas. Ainda, quando ocorre deficiência de cálcio nos frutos de tomate, ocorre a pode ocorrer a conhecida "podridão apical". O cálcio é distribuído através do xilema, e em situações de alta transpiração, o fluxo de água é dirigido principalmente para as folhas, limitando o fluxo de seiva para os frutos.
Já em situações de elevada umidade relativa do ar, aumenta-se o risco de doenças. De forma geral, fungos e bactérias possuem maior incidência em épocas mais úmidas, pois a umidade favorece esses microrganismos, possibilitando a germinação e desenvolvimento. Doenças como a pinta-preta, requeima e murcha-bacteriana ocorrem em condições de maior umidade, principalmente quando o período úmido permanece por um período longo.
Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo
Referências:
ALVARENGA, Marco A. R. Tomate: Produção em campo, casa de vegetação e hidroponia. 3. ed. rev. e aum. Lavras, MG: [s. n.], 2022.