Como fazer a irrigação nas mudas de tomate?
Leia tudo sobre a importância, manejo e qualidade da água na produção de mudas de tomate.
A necessidade de água na germinação de mudas de tomate é fundamental, pois é nessa fase onde iniciam os processos bioquímicos para o desenvolvimento embrionário e emissão da radícula. O substrato deve conter a quantidade adequada de água, nem muito, nem pouco. O tomate tem absorção de água acelerada no período de 4 a 8 horas após a semeadura, pois a semente possui potencial matricial negativo. Porém, deve-se cuidar para evitar o encharcamento e escorrimento de água. De 6 a 48 horas após a semeadura, a absorção é mais lenta, podendo reduzir a quantidade de água. Já na fase de emissão da radícula, a absorção também continua mais lenta.
A água é muito utilizada na produção de mudas, seja do tomate ou de outras culturas. É utilizada no umedecimento do substrato antes do enchimento das bandejas, no molhamento das bandejas após a semeadura, nas irrigações e fertirrigações, e na desinfecção de bandejas e equipamentos, junto com o cloro. Dessa forma, a água deve ser de qualidade, livre de contaminações, para evitar prejuízos nestas diversas etapas.
A fonte de água mais adequada para a produção de mudas é a subterrânea, oriunda de poços semi-artesanais, pois águas superficiais (provenientes de rios, açudes, córregos ou reservatórios) possuem alto risco de contaminações. Se não existir disponibilidade de água subterrânea, deve-se monitorar frequentemente a qualidade da água para evitar contaminações, prejudicando a qualidade das mudas.
Para evitar contaminações, podemos utilizar os seguintes métodos:
- Contaminação física: quando houver presença de areia, insetos, restos vegetais ou outros elementos semelhantes, pode-se usar filtros como o filtro de areia ou filtro de tela para eliminar estas contaminações, realizando a filtragem antes de armazenar a água nos reservatórios.
- Contaminação química:a contaminação química pode se originar de diversas formas. Pode ocorrer naturalmente, através de sais, carbonatos, bicarbonatos etc. Deve-se corrigir os níveis desses elementos. O uso de ácido nítrico, fosfórico ou sulfúrico podem controlar a alcalinidade e baixar o pH a níveis ideais. Também pode ocorrer contaminação de forma acidental, devendo ser tratada na origem, e, se possível, eliminar a causa da contaminação.
- Contaminação biológica: é causada por microrganismos como bactérias, algas, fungos e outros. Geralmente essa contaminação é tratada com cloração da água, adicionando 5 a 20 mg/l de cloro ativo (a dosagem específica depende do agente contaminador), através de bombeamento. Para fazer esse tratamento, são necessários dois reservatórios: um com a água contaminada que será tratada, e outro com irá receber a água após o tratamento, que frequentemente é feita com hipoclorito de sódio com 10% a 12% de cloro ativo. A cloração não deve ser feita na fonte de captação de água, pois pode gerar contaminação ambiental.
Manejo da irrigação nas mudas de tomate
Para realizar um bom manejo da irrigação, é necessário o conhecimento do substrato (conhecendo o kPa ou cbar, relacionados com o volume de água do mesmo) e condições ambientais. A quantidade de água, que pode ser aplicada via microaspersores ou barras, deve suprimir a evapotranspiração. A depender destas condições, valores ótimos de água no substrato podem variar entre 40% e 80%. Alguns indicadores para a rega são a cor da superfície do substrato, peso das bandejas, aspecto visual da muda e murcha de plantas nas laterais das bandejas.
Qualidade ideal de água para irrigação de mudas de tomate
Parâmetros | Ideal |
pH | 5,5 - 7,0 |
Alcalinidade | 60 - 80 ppm (mg/L) CaCO3 |
Condutividade Elétrica | < 1,0 mS/m |
Taxa de absorção de sódio (SAR = Na / [(Ca + Mg) / 2]1/2 | < 2 |
Nitrato (NO3) | < 5 ppm |
Fósforo (P) | < 5 ppm |
Potássio (K) | < 10 ppm |
Cálcio (Ca) | 40 - 120 ppm |
Magnésio (Mg) | 6 - 25 ppm |
Sódio (Na) | < 40 ppm |
Cloretos (Cl) | < 80 ppm |
Sulfatos (SO2) | 24 - 240 ppm |
Boro (B) | < 0,5 ppm |
Flúor (F) | < 1 ppm |
Ferro (Fe) | < 5 ppm |
Manganês (Mn) | < 2 ppm |
Zinco (Zn) | < 5 ppm |
Cobre (Cu) | < 0,2 ppm |
Molibdênio (Mo) | < 0,02 ppm |
Fonte: Alvarenga, 2022.
Formas de irrigação no tomate
- Método da microaspersão: é o mais utilizado. Tubos de irrigação podem irrigar ou fertirrigar através de barras automatizadas com microaspersores, podendo aplicar também produtos defensivos. A irrigação vem por cima, o que ocasiona molhamento foliar, e, dessa forma, o local deve ser bem ventilado para não prolongar o molhamento e ocasionar doenças. Como o molhamento não é uniforme, pode resultar em mudas com desenvolvimento diferentes, sendo um fator negativo para a produção comercial. Deve-se cuidar também para evitar excessos de água e acabar lavando o substrato, prejudicando a nutrição das plantas.
- Método da flutuação / floating: as bandejas com orifícios ficam flutuando em um recipiente com uma lâmina de água, e absorvem a água de forma mais uniforme que a microaspersão, além de não molhar as folhas. Porém o sistema radicular se entrelaça bastante e pode crescer de forma desproporcional.
- Método da inundação subsuperficial: é um sistema semelhante ao floating, porém com um sistema de dreno do volume de água, onde a bandeja por vezes fica em contato com o ar, sem a água, de forma a facilitar a poda radicular. É um sistema pouco usado no Brasil, porém, que apresenta bons resultados em produtividade.
Referências:
NASCIMENTO, Abadia dos Reis et al. Produção de mudas. In: ALVARENGA, Marco A. R. Tomate: Produção em campo, casa de vegetação e hidroponia. [S. l.: s. n.], 2022. cap. 4, p. 81-109.
GOTO, R., and SILVA, E.S. Produção de mudas de tomateiro, pimenteiro e pepineiro. In: BRANDÃO FILHO, J.U.T., FREITAS, P.S.L., BERIAN, L.O.S., and GOTO, R., comps. Hortaliças-fruto [online]. Maringá: EDUEM, 2018, pp. 387-400. ISBN: 978-65-86383-01-0.