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Como fazer o diagnóstico do estado nutricional do tomateiro?

Leia sobre o diagnóstico do estado nutricional do tomateiro.



Foto: Divulgação

Para fazer um bom manejo de nutrição no tomateiro, o diagnóstico do estado nutricional é uma importante ferramenta, podendo ser feita, por exemplo, através da análise visual, análise da matéria seca ou da seiva, permitindo a avaliação da situação nutricional do tomateiro.

 

Análise visual 

Este método consiste em avaliar o estado nutricional da planta através dos sintomas visuais que a planta manifesta quando ocorre deficiência de algum determinado nutriente. Cada nutriente possui diferentes comportamentos e exerce diferentes funções na planta. Esses sintomas ocorrem de maneira generalizada na área. Logo, se ocorrem sintomas em reboleiras ou em apenas algumas plantas, provavelmente não se trata de deficiência nutricional. Além disso, os sintomas de deficiência nutricional ocorrem de forma simétrica na planta, ou seja, se aparecerem sintomas em apenas uma face da planta, também não se trata de carência de nutrientes.

É importante não confundir os sintomas de deficiência nutricional com sintomas de fatores bióticos ou abióticos. Estresse hídrico, pragas, doenças, temperaturas inadequadas, danos mecânicos etc. podem causar sintomas semelhantes aos de deficiência ou até impedir a absorção / translocação de um nutriente. Dessa forma, é importante um olhar minuncioso nos mais diversos fatores no local de produção, evitando fazer um diagnóstico errado.

Para diagnosticar uma planta com sintomas de deficiência nutricional, devemos conhecer a mobilidade dos nutrientes. Nutrientes móveis dentro da planta se deslocam para as partes mais novas, e, quando ocorre deficiência, as partes mais velhas apresentam sintomas. Já a deficiência de nutrientes que são pouco móveis ou imóveis se manifesta através de sintomas em folhas novas e meristemas.

Observe na tabela abaixo os sintomas de deficiência e toxidez de nutrientes na qualidade do tomate:

Tabela 1. Efeitos dos nutrientes na qualidade tomate.
Nitrogênio
Deficiência Diminuição do pH dos frutos
Frutos permanecem pequenos e raquíticos
Botões florais amarelecem e morrem
Toxidez Diminui o tamanho do fruto, cor, sabor e qualidade
Reduz o teor de sólidos totais no suco e aumenta a acidez titulável
Frutos demoram a amadurecer
Frutos ficam ocos
Fósforo
Deficiência Má fecundação e maturação tardia
Toxidez Altera o formato do fruto
Potássio
Deficiência Amadurecimento irregular
Escurecimento dos vasos
Frutos com péssima coloração e menor tempo de conservação
Toxidez Rachaduras nos frutos
Cálcio
Deficiência Podridão apical e estilar
Toxidez Desuniformidade na coloração final dos frutos
Magnésio
Deficiência Amarelo baixeiro (atribuído a vírus)
Enxofre
Deficiência Folhas menores
Menor crescimento
Clorose generalizada
Boro
Deficiência Manchas na base peduncular, principalmente nos frutos novos da extremidade do cacho, que ficam com coloração marrom fosco.
Exsudato no fruto com cor escura, com posterior rachadura e necrose
Lóculo aberto no fruto
Toxidez Menor teor de matéria seca
Menores quantidades de açúcares totais e redutores
Cobre
Toxidez Folíolos inferiores com coloração mais pálida e nervuras arroxeadas na parte dorsal
Pecíolos roxos
Plantas menores e brancas no topo
Cálice e corola esbranquiçados
Ferro
Deficiência Frutos cerosos, com coloração verde amarelada e amadurecimento tardio, não atingindo a cor vermelha (mas sim rosada)
Toxidez Frutos novos com manchas verde escuras ao redor do pedúnculo
Manganês
Deficiência Diminuição dos açúcares totais, açúcares e carotenos
Toxidez Pode inibir a frutificação
Molibdênio
Deficiência Acúmulo maior de nitrato
Zinco
Deficiência Aumento do teor de açúcares

Tanto na análise de plantas quanto na análise foliar, é importante saber coletar as amostras. Existem diversas variáveis que afetam a análise como idade da planta, parte amostrada, condição da planta, variedade, clima etc. Para o tomate de crescimento determinado, sem tutoramento e com produção concentrada, a amostra é realizada no florescimento e por ocasião no início da colheita. No caso do tomateiro tutorado com crescimento indeterminado, a amostragem na análise foliar é feita no florescimento, início da produção e a cada três semanas, sucessivamente. Coleta-se aproximadamente 12 folhas por talhão, retiradas da parte superior do terço médio da planta. 

Abaixo, temos um esquema que pode auxiliá-lo a identificar os sintomas de deficiência nutricional no tomateiro.

Lembre-se, conforme mencionado anteriormente, os sintomas são muito semelhantes, e as deficiências também podem ser causadas por outros fatores que não a deficiência em si, como por exemplo a falta de água que reduz a absorção dos nutrientes. Vejamos abaixo alguns exemplos:

 

Análise da matéria seca

A diagnose feita pela análise de matéria seca consiste em usar a matéria seca da planta ou das folhas em procedimentos químicos, identificando sintomas de deficiência, inclusive os que ainda não manifestaram sintomas (fome oculta). Essa análise permite confirmar também a diagnose feita pela análise visual, localizar áreas onde ocorre deficiência de nutrientes, avaliar se a planta está absorvendo os nutrientes. Além disso, é possível aprender melhor sobre o funcionamento interno dos nutrientes na planta e a interação entre eles, e apontar testes para identificar algum problema na produção da cultura.

Abaixo podemos observar a concentração crítica de nutrientes na matéria seca de folhas de tomateiro, baseada em folhas adjacentes ao 2º cacho no completo florescimento e nas folhas adjacentes ao 3º cacho no completo florescimento. O nível crítico de determinado nutriente é definido como a concentração do nutriente acima da qual não haverá resposta positiva da planta.

Tabela 1. Concentração crítica de macro e micronutrientes na matéria seca das folhas do tomateiro.
  Nutriente
Folha coletada N P K CA Mg S B Cu Fe Mn Zn
  ------------ g/kg ------------  ------------ mg/kg ------------
F1 40,0 5,5 58,0 15,0 7,0 5,0 25 15 70 70 50
F2 37,0 5,0 48,0 18,0 7,0 5,0 25 15 70 70 50

F1: folhas adjacentes ao 2º cacho no completo florescimento
F2: folhas adjacentes ao 3º cacho no completo florescimento
 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

ALVARENGA, M. A. R.; LOPES, G.; GUILHERME, L. R. G. Nutrição Mineral. In: ALVARENGA, M. A. R. Tomate: Produção em campo, casa de vegetação e hidroponia. 3. ed. Lavras, MG: Editora Universitária de Lavras, 2022. cap. 5, p. 111-181.

SASAKI, J. L. S.; SENO, S. Importância da adubação na qualidade de algumas olerícolas (alho, cebola, couve flor, pimentão e tomate). In: SÁ, E.; BUZZTI, S. Importância da adubação na qualidade dos produtos agrícolas. São Paulo: Ícone, 1994. p. 331-343.

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