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A importância do potássio no tomate

Leia sobre a importância da adubação potássica no tomate.



Foto: Canva

Macronutriente absorvido na forma do cátion “K+”, tendo sua absorção influenciada pelas concentrações de cálcio e magnésio, o requerimento de potássio para ótimo crescimento das plantas situa-se na faixa de 2% a 5% na matéria seca, a depender da espécie. Quanto à função do potássio, este elemento é responsável direta ou indiretamente por várias atividades dentro da planta, como a abertura e fechamento de estômatos (ligada à absorção de água), ativação de inúmeras enzimas, fotossíntese e translocação de sintetizados, resistência à importantes doenças, controle de pH das células, crescimento de meristemas e qualidade de produtos agrícolas. Quando ocorre deficiência de potássio na planta, ocorre acumulação de carboidratos, aminoácidos e de compostos nitrogenados solúveis, prejudicando a síntese de proteínas.

No tomate, o potássio é o nutriente mais acumulado, e pode aumentar a produção em aproximadamente 30%, além de melhorar a qualidade comercial dos frutos, influenciar na síntese de carotenóides, especialmente o licopeno, que confere a cor vermelha no tomate e auxilia no desenvolvimento de frutos bem formados, sem cavidades vazias. Além disso, o potássio faz com que os frutos fiquem presos de forma mais forte nas plantas, reduzindo a queda durante a formação e amadurecimento. Outro aspecto positivo é o fato do potássio reduzir efeitos negativos do excesso de nitrogênio. Para cada tonelada de tomate colhida, é retirada da planta entre 2,6 e 3,6 kg de potássio. A maior concentração de potássio no tomateiro ocorre nos frutos (aproximadamente 70% do total do nutriente na planta). 

Quando ocorre deficiência de potássio no tomate, surgem sintomas como amarelecimento e secamento (queima) nas pontas e margens dos folíolos. Os sintomas também podem ocorrer em folhas mais velhas através de clorose internerval. Também ocorre redução da dominância apical, do tamanho dos internódios e do crescimento da planta, além de atrasar a frutificação e diminuir o tamanho dos frutos. Ocorre também amadurecimento desuniforme dos frutos, surgindo neles uma mistura de cores interna e externamente, além do surgimento de espaços vazios no interior. A deficiência de potássio também pode inibir a síntese de ácidos orgânicos, vitamina C e açúcares, além de reduzir o teor de sólidos solúveis, reduzindo o valor nutricional do tomate. Quando a deficiência é severa, a clorose e necrose ocorrem em folhas mais novas e ocorre queda das folhas mais velhas.

Vale observar que o excesso de potássio, assim como de qualquer outro nutriente, também causa prejuízos na planta. Podemos citar como exemplo a indução da deficiência de cálcio e magnésio causada pelo excesso de potássio, resultando em prejuízos na formação da lamela média na parede celular, e baixa formação de clorofila devido à deficiência de magnésio. Além disso, altas doses de potássio resultam em maior incidência de ombro amarelo.


Queima das bordas das folhas causada pela deficiência de potássio. Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças

 

Aplicação de potássio no tomate

Veja abaixo o efeito do potássio em diferentes estágios de crescimento do tomate:

  • Estabelecimento: promove grande crescimento inicial;
  • Crescimento vegetativo: aumenta as concentrações nas folhas antes do florescimento;
  • Florescimento / frutificação: mantém o crescimento vegetal e aumenta o número de flores;
  • Maturação: aumenta o teor de potássio nos frutos e reduz desordens.

O tomate possui alta exigência de potássio, sendo comum se aplicar 300 kg do nutriente ou mais por hectare. Devemos tomar cuidado para evitar superdosagens, que podem prejudicar a absorção de outros nutrientes como cálcio e magnésio. Em solos com alta salinidade, o excesso de sódio diminui a extração e transferência de potássio para a planta, sendo uma opção aumentar a dosagem.

A adubação potássica no tomate pode ser feita no plantio e em cobertura, de 15 em 15 dias, aumentando a dose nos períodos de maior demanda da cultura. A dosagem depende de diversas variáveis como cultivar, local, solo etc.

Em soluções nutritivas, diversas formulações já foram estudadas para o tomateiro. Na hidroponia, estudos relatam que a concentração N:K de 200:200 mg/L resulta em crescimento, enquanto a concentração de 200:300 mg/L resulta em solução para frutificação. Outro estudo apontou as concentrações N:K de 112:156 mg/L para o estádio vegetativo e 168:335,4 mg/L para o estádio reprodutivo. Já em sistema NFT, estudos sugerem concentrações N:K de 175:350 mg/L e 200:400 mg/L durante os estádios vegetativo e reprodutivo, respectivamente. Outros estudos relatam diferentes valores para a concentração N:K, evidenciando que não existe uma receita universal para todos os cultivos, pois estes valores podem se alterar conforme as variáveis do cenário de produção.

Observe na imagem abaixo a marcha de absorção dos macronutrientes no tomate.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

ALVARENGA, M. A. R.; LOPES, G.; GUILHERME, L. R. G. Nutrição Mineral. In: ALVARENGA, M. A. R. Tomate: Produção em campo, casa de vegetação e hidroponia. 3. ed. Lavras, MG: [s. n.], 2022. cap. 5, p. 111-181.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO. Manual de Adubação e de Calagem Para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2016.

PORTZ, Adriano et al. Recomendações de adubos, corretivos e de manejo da matéria orgânica para as principais culturas do Estado do Rio de Janeiro. In: MANUAL DE CALAGEM E ADUBAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Rio de Janeiro: Editora Universidade Rural, 2013. cap. 14.

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