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Tratos culturais em tomate produzido a campo

Leia sobre os tratos culturais feitos no tomateiro a campo.



Foto: Divulgação

Amontoa no tomateiro

A amontoa é feita colocando terra no colo do tomateiro, pois a planta tem capacidade de formar raízes adventícias na base do caule, aumentando o sistema radicular e, consequentemente, aumentando a absorção de nutrientes. Recomenda-se fazer a amontoa no cultivo a campo, quando a irrigação é feita por sulcos, sendo feita logo após a primeira adubação em cobertura (cerca de 15 a 20 dias após o transplantio). Em cultivos irrigados por gotejamento, a amontoa pode ser dispensada, mas, caso feita, deve-se atentar para não danificar os tubos gotejadores.

 

Tutoramento / estaqueamento no tomateiro

O tomateiro é uma espécie que não se mantém ereta a partir de certa altura, independente da cultivar ser de crescimento determinado ou indeterminado. Se os frutos ficam em contato com o solo, a incidência de doenças é muito maior, diminuindo a qualidade do fruto. Para evitar esse problema, além de melhorar a ventilação e iluminação, pode-se proporcionar suporte para a planta, fazendo o tutoramento, que pode ser feito com diferentes sistemas:

  • Tipo cerca-cruzada / "V" invertido: é o mais comum, feito com estacas de bambu de aproximadamente 2 metros, apoiadas de forma inclinada em fio de arame esticado, amarrando as plantas com fitilho no bambu a cada 30 ou 40 cm. A montagem é simples mas demanda bastante mão-de-obra. Os mourões, feitos com madeira ou bambu, devem ter 2,4 a 2,6 metros, sendo fincados no solo com pelo menos 50 cm de profundidade. As estacas podem ser cortadas com pelo menos 1,8m e apoiadas / amarradas no fio de arame.
    Os mourões e arame podem ser aproveitados por cerca de cinco safras, mas as varas velhas de bambu devem ser tratadas em soluções com fungicidas para não disseminar doenças. Além disso, o tutoramento cerca-cruzada forma um ambiente mais propício ao desenvolvimento de doenças, e os defensivos não penetram de forma eficiente dentro da "câmara" formada entre as plantas.
  • Tutoramento com fitilho e arame para cultivares de crescimento e indeterminado: feito com um arame com altura de 1,8 metros (bitola 14) na horizontal, em cima das plantas de tomate amarradas a estes com fitilho. Caso a planta seja conduzida com mais de uma haste, usar um fitilho para cada haste. Colocar um bambu a cada 5 plantas, de forma que o arame fique esticado. O arame é fixado nos mourões posicionados nas pontas das ruas.
  • Tutoramento do tipo meia-estaca para cultivares de crescimento determinado: recomendado para cultivares de crescimento determinado de porte baixo. É feito fincando pequenos mourões de madeira ou bambu grossos, com cerca de 10 cm de diâmetro e 1,3 m de altura, nas cabeceiras das ruas de plantio. Posicionar um bambu a cada 5 plantas para manter o arame ereto. Um arame (bitola 14 ou 16) é amarrado ou mourão, colocado na horizontal com altura de cerca de 50 cm, conforme a planta ultrapasse o arame, passar um ou dois fitilhos espaçados de 30 cm na horizontal, paralelo ao arame, envolvendo as plantas para que estas não tombem.

As plantas são amarradas antes que tombem, cerca de 15 a 20 dias após o transplante, continuando conforme vão se desenvolvendo, amarradas com fitilho de polietileno. O amarrio é feito em 8 para não estrangular o caule conforme esse cresce.

 

Desbrota do tomateiro

Para aumentar o peso médio dos frutos de tomate, é feita a desbrota, eliminando os brotos laterais diminuindo o número de ramas e o número de pencas, sendo feita pelo menos uma vez por semana. A desbrota também promove uma melhor circulação de ar na planta, diminuindo a incidência de doenças, reduzindo o custo de produção e melhorando a qualidade dos frutos. A prática pode ser feita quando os brotos ainda são jovens, com 3 a 7 centímetros de comprimento, quebrando o broto rente à axila da folha. O corte não deve ser feito com canivete ou até com a unha, pois pode causar a contaminação de diversas plantas com patógenos.

A retirada dos brotos determina o número de hastes do tomateiro: uma ou duas para cultivares de crescimento indeterminado, ou quatro a seis para cultivares de crescimento determinado.

 

Poda do tomateiro

A poda, conhecida também como "desponta" ou "capação", geralmente é feita no tomateiro de crescimento indeterminado produzido para consumo in natura. Cultivares de crescimento determinado dispensam a poda / capação.

É feita eliminando o broto terminal das hastes do tomateiro, interrompendo o crescimento vertical, mantendo o controle sobre a floração e frutificação, promovendo frutos de maior tamanho. A planta pode ser podada em diferentes alturas, dependendo do sistema de condução, sendo geralmente feita em uma altura de 1,7 a 2 m. Em cultivares do grupo Salada, com crescimento indeterminado, a poda pode ser feita em uma altura de 1,7 a 2 m, após a emissão de 7 a 10 pencas por haste, promovendo o desenvolvimento de frutos graúdos. No tomate adensado, em fileiras duplas, recomenda-se a poda após a quarta haste floral.

A poda das folhas pode ser dispensada no cultivo de tomate em campo aberto, sendo recomendada apenas na produção de tomate em casa de vegetação.

 

Raleio do tomateiro

Os frutos de tomate, conforme se desenvolvem, consomem carboidratos na planta. Ao remover uma parte dos frutos, os fotoassimilados se deslocam para outras partes, promovendo o crescimento vegetativo, e para os frutos restantes, deixando esses com maior tamanho e qualidade, efeito muito importante para a produção de frutos consumidos "in natura". Deve-se eliminar frutos que não estejam bem formados, com anomalias ou atacados por doenças / pragas, deixando na planta os frutos com bom potencial de desenvolvimento.

A intensidade do raleio depende da cultivar. Geralmente o raleio é feito deixando um número maior de frutos nas primeiras pencas, e um número menor nas pencas superiores. Em algumas cultivares ocorre aborto natural de flores, dispensando a necessidade de raleio.

 

Ensacamento dos frutos no tomateiro

É feito nos frutos para o controle de pragas, sendo feito no tomateiro em áreas pequenas e/ou em cultivos orgânicos, controlando pragas dos frutos como a broca-pequena, broca-grande e traça-do-tomateiro. Além disso, o ensacamento dos cachos pode servir como uma barreira física para resíduos de agrotóxicos. Pode-se usar saquinhos feitos de papel manteiga, sacos plásticos, TNT, organza etc. A penca é ensacada quando os dois primeiros frutos da penca estejam iniciando o desenvolvimento, amarrando os saquinhos acima do primeiro fruto da penca, podendo deixar o saco sem fundo, com a região inferior aberta.

 

Cobertura do solo / Mulching no tomateiro

Mulching é a técnica de proteger o solo e o tomateiro de plantas invasoras e agentes atmosféricos. A prática conserva a umidade do solo, mantém o solo mais aquecido à noite e promove o controle de plantas daninhas, resultando em aumento de produtividade.

É feita com filmes opacos que não permitem a passagem de luz. Os filmes branco ou prateado refletem a luz do sol nas plantas, ao passo que o filme preto auxilia no controle de plantas daninhas. Existem também filmes dupla face, brancos na parte superior, que melhoram o fornecimento de luz para as plantas, e pretos na parte inferior, que controlam plantas daninhas.

Para manter a integridade do mulching, deve-se evitar agrotóxicos à base de enxofre, evitar a formação de bolsões de ar (evitando o surgimento de plantas daninhas que perfuram o filme plástico), evitar danos ao plástico, fazer um bom preparo do solo no plantio e adubação adequada para não necessitar retirar o filme no próximo cultivo. 

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

ALVARENGA, M. A. R. Sistemas de produção em campo. In: ALVARENGA, M. A. R. Tomate: Produção em campo, casa de vegetação e hidroponia. 3. ed. Lavras, MG: Editora Universitária de Lavras, 2022. cap. 8, p. 237-267.

CAMPOS, J. P.; BELFORT, C. C.; GALVÃO, J. D.; FONTES, P. C. R. Efeito da poda de haste e da população de plantas sobre a produção do tomateiro. Revista Ceres, Viçosa, v. 34, n. 191, p. 198-208, 1987.

DE ALMEIDA GUIMARÃES, M.; JOSÉ HENRIQUES DA SILVA, D.; CÉZAR REZENDE FONTES; ANDRÉ PUGNAL MATTEDI, P. Produtividade e sabor dos frutos de tomate do grupo salada em função de podas. Bioscience Journal , Uberlândia, MG, v. 24, n. 1, 2008. 

GUIMARÃES, M. A.; SILVA, D. J. H.; FONTES, P. C. R; CALIMAN, F. R. B.; LOOS, R. A.; STRINGHETA, P. C. Produção e sabor dos frutos de tomateiro submetidos à poda apical e de cachos florais. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 25, n. 2, abr-jun 2007.

MARIM, B. G.; SILVA, D. J. H.; GUIMARÃES, M. A.; BELFORT, G. Sistemas de tutoramento e condução do tomateiro visando produção de frutos para consumo in natura. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 23, n. 4, p.951-955, out-dez 2005.

OLIVEIRA, V. R.; CAMPOS, J. P.; FONTES, P. C. R.; REIS, F. P. Efeito do número de hastes por planta e poda apical na produtividade classificada de frutos de tomateiro (Lycopersicon esculentum MILL.). Ciência e Prática, Lavras, v. 19, n. 4, p. 414-419, 1995.

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