Tomate - temperaturas adequadas para o cultivo
Leia sobre a influência da temperatura na produção do tomate.
O tomate é uma planta que sofre grande influência dos fatores climáticos, sendo a temperatura o fator que exerce maior efeito no desenvolvimento e produtividade. Em locais de clima tropical e subtropical, a temperatura média muitas vezes ultrapassa a temperatura adequada para o cultivo do tomate, causando um estresse térmico. As temperaturas extremas causam maiores prejuízos quando ocorrem em estádios críticos de desenvolvimento, como o florescimento e o desenvolvimento dos frutos.
Nestes períodos críticos de desenvolvimento, o tomate pode suportar temperaturas entre 12 e 38ºC, sendo as temperaturas fora dessa faixa prejudiciais à cultura e consequentemente à produtividade final. Geralmente a cultura tem preferência por temperaturas noturnas de 16 a 19ºC à noite, e 24 a 28ºC durante o dia. Porém, esse valor pode variar um pouco conforme o estádio de desenvolvimento da cultura:
Estádio de desenvolvimento | Temperatura (ºC) | ||
Mínima | Ótima | Máxima | |
Germinação | 11 | 20 a 25 | 34 |
Formação de mudas | 20 a 25 | ||
Crescimento vegetativo | 18 | 21 a 24 | 32 |
Pegamento de frutos (dia) | 18 | 19 a 24 | 30 |
Pegamento de frutos (noite) | 10 | 14 a 17 | 20 |
Desenvolvimento da cor vermelha | 10 | 20 a 24 | 30 |
Desenvolvimento da cor amarela | 10 | 21 a 32 | 40 |
Fonte: GEISENBERG & STEWART (1986)
Amplitude térmica
A temperatura possui importante função no controle das reações químicas celulares, que controlam o crescimento e desenvolvimento das plantas. No caso do tomate, a amplitude térmica entre o dia e a noite possui grande importância. O maior crescimento ocorre com temperaturas diurnas de 24 a 28ºC e noturnas de 16 a 19ºC. Temperaturas acima dessas faixas são limitantes para a produção de algumas cultivares menos tolerantes ao calor. Altas temperaturas afetam a fixação de carbono na planta, além de reduzir a taxa fotossintética. Além disso, podem diminuir a taxa de germinação, desenvolvimento e viabilidade do pólen, e causar abortamento de flores e frutos, além de poder causar distúrbios fisiológicos como alteração na síntese de licopeno, formando frutos podres, e reduzir a absorção de água e nutrientes nas raízes. Se o estresse hídrico e altas temperaturas ocorrerem ao mesmo tempo, a planta irá produzir frutos mais frágeis.
A temperatura adequada é fundamental em fases de florescimento e frutificação. No florescimento, temperaturas inadequadas podem prejudicar a meiose e fertilização. Já na frutificação, a temperatura pode afetar a cor do tomate durante o amadurecimento. A melhor temperatura para a formação do licopeno é de 20 a 24ºC. Temperaturas altas reduzem a síntese desse elemento, favorecendo produção de outros carotenóides que deixam o fruto amarelo ou laranja, deixando-os manchados, com o sintoma conhecido como "ombro-verde". Por essa razão, a maioria das plantações ao ar livre são implantadas em climas temperados, entre os paralelos 30 e 40, tanto no hemisfério norte ou sul. Entretanto, com a introdução de variedades modernas, o cultivo de tomate está se tornando cada vez mais comum em condições tropicais de alta temperatura.
Imagem: O ombro amarelo ocorre com mais frequência quando altas temperaturas coincidem com o período de amadurecimento dos frutos. A região em volta do pedúnculo do fruto apresenta manchas irregulares amarelas. As cultivares com "ombros" verdes são mais sensíveis a esse distúrbio.
Fonte: Acervo da Embrapa Hortaliças
Baixas temperaturas também podem ser prejudiciais. Elas podem causar menor crescimento, encurtamento de entrenós, menor quantidade de flores e frutos, deficiências na polinização e menor absorção de nutrientes e água. Quando o solo possui temperaturas abaixo de 11ºC, ocorre menor crescimento das raízes, podendo resultar até na morte da planta.
Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo
Referências:
ALVARENGA, Marco A. R. Tomate: Produção em campo, casa de vegetação e hidroponia. 3. ed. rev. e aum. Lavras, MG: [s. n.], 2022.
GEISENBERG, C.; STEWART, K. Field crop management. ln: ATHERTON, J. C.; RUDICH, J.(Ed.). The tomato crop: a scientific basis for improvement. London: Chapmam and Hall, 1986. p. 511-557.