CI

Podridão apical e escurecimento interno no tomate

Leia sobre as doenças "podridão apical" e "escurecimento interno" no tomateiro.


Foto: Divulgação

Duas doenças fisiológicas possuem bastante importância no tomateiro, pois ambas prejudicam a qualidade dos frutos. São elas a "podridão apical" (conhecida também como "fundo preto") e "escurecimento interno" ("coração negro). Ambas as doenças são causadas pela deficiência de cálcio.

 

Podridão apical / fundo preto no tomate

A podridão apical, causada pela deficiência de cálcio na planta, causa sintomas como manchas pretas, deprimidas, coriáceas, secas e firmes no ápice do fruto. Em casos mais severos de deficiência, podem surgir necrose nas margens e pontas dos folíolos. A parte de baixo das folhas fica com tom roxo, e os folíolos ficam pequenos e deformados, podendo ocorrer a morte dessas estruturas. Já nas raízes, estas se desenvolvem pouco, e apresentam cor amarronzada. Em solos com baixa umidade, pode ocorrer colapso do sistema vascular na base das plantas, causando murchas.A podridão apical é mais comum em solos ácidos e com alto teor de sais.

 

Escurecimento interno (coração negro) no tomateiro

Essa doença também é causada por deficiência de cálcio. Durante a transpiração, a folha recebe mais cálcio do que o fruto, resultando em menos pontes de cálcio e menor rigidez na parede celular, causando algumas complicações. Além disso, a deficiência de cálcio ativa o sistema gerador de etileno, causando senescência precoce na célula, e ocorre o enegrecimento devido à formação de fenóis oxidados.

 

Fatores que favorecem o coração negro e a podridão apical no tomate

O excesso de sais solúveis e/ou a falta de água no solo pode resultar em deficiência de cálcio no tomate. Vamos entender melhor esses fatores:

  • Excesso de sais: sais como potássio, nitrogênio, magnésio, enxofre, sódio e cloro dificultam a absorção de cálcio. O nitrogênio e potássio competem com o cálcio nas ligações químicas, dessa forma, ressaltamos a importância de uma adubação balanceada de nitrogênio e potássio. Além disso, fertilizantes amoniacais, além de competirem com o cálcio nos sítios de absorção da planta, reduzem o pH do solo e absorção de água, diminuindo a velocidade de transpiração, e reduzindo a absorção de cálcio. Observe a tabela abaixo:
     
    Tabela 1. Efeito das quantidades aplicadas de nitrogênio e potássio na incidência de podridão apical em frutos de tomate (% de frutos com lesão) da cultivar Santa Clara (Grupo Santa Cruz).
    N (kg/ha) K2O (kg/ha)
    150 300 600 1200
    100 0 0 0 12,0
    200 0 0 0 13,6
    400 4,7 6,8 13,1 17,4
    800 11,3 10,7 24,7 35,6

     

  • Água no solo: o problema ocorre pois o cálcio depende do fluxo de massa para chegar às raízes e ser absorvido. Assim, o distúrbio pode ocorrer em condições de pouca água no solo e/ou situações de baixa taxa transpiratória. Dessa forma, podem ser feitas irrigações uniformes e parcelamento da adubação de cobertura. Para evitar déficit excessivo de água, podemos observar a turgescência das plantas, que não devem apresentar murcha nos períodos mais frescos do dia.

  • Outros fatores como altas temperaturas, baixa translocação do cálcio, pressão osmótica da solução, salinidade, suscetibilidade das cultivares etc.

Para evitar o problema, recomenda-se realizar a calagem antes do plantio. Caso ocorra a podridão apical no tomateiro, o controle pode ser feito utilizando cloreto de cálcio, na dose de 500g a 600g para 100 litros de água, aplicando a solução nos frutos a cada 5 ou 7 dias. Também podem ser utilizados produtos quelatizados para o controle dessa deficiência.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

ALVARENGA, M. A. R.; LOPES, G.; GUILHERME, L. R. G. Nutrição Mineral. In: ALVARENGA, M. A. R. Tomate: Produção em campo, casa de vegetação e hidroponia. 3. ed. Lavras, MG: [s. n.], 2022. cap. 5, p. 111-181.

ARRUDA JÚNIOR, S. J. de; BEZERRA NETO, E.; BARRETO, L. P.; RESENDE, L. V. PODRIDÃO APICAL E PRODUTIVIDADE DO TOMATEIRO EM FUNÇÃO DOS TEORES DE CÁLCIO E AMÔNIO. Revista Caatinga, Mossoró, ano 2011, v. 24, n. 4, p. 20-26, out-dez 2011.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.