Como controlar doenças fisiológicas no tomate?
Leia sobre o controle das principais doenças fisiológicas do tomateiro.
As doenças fisiológicas são aquelas que não são causadas por parasitas, não sendo também transmissíveis. São causadas por desequilíbrios nutricionais, estresses fisiológicos, condições climáticas etc. Abaixo, vamos ler sobre as principais doenças fisiológicas do tomate e como controlá-las.
Murcha por osmose no tomateiro
A murcha por osmose é causada por alta concentração de fertilizantes com alto poder higroscópico próximos às raízes da planta. O excesso de sais na adubação (nitrogênio, potássio, magnésio, etc.) aumenta a condutividade elétrica da solução nutritiva, podendo resultar na perda de água por osmose do ápice para a base da planta. Assim, recomenda-se:
- Realizar adubação de plantio no sulco, evitando a alta concentração próximo às raízes;
- Parcelar ao máximo as adubações de cobertura com sais de nitrogênio e potássio;
- Caso ocorra a murcha por osmose, realizar irrigação pesada, que causará a lixiviação dos sais dos fertilizantes.
Murcha por asfixia no tomateiro
A murcha por asfixia ocorre quando existe excesso de água junto às raízes do tomateiro, resultando em falta de oxigênio, o que causa uma murcha do ápice para a base da planta. O controle é feito evitando o encharcamento do solo / substrato. Pode-se utilizar canteiros mais altos no campo ou diminuir as irrigações em ambiente protegido.
Queda de flores e frutinhos do tomateiro
A queda das flores e/ou de frutinhos novos ocorre por altas temperaturas, principalmente à noite, durante o florescimento da planta. Quando as temperaturas noturnas são maiores do que 25ºC, ocorre redução da produção e da polinização das flores, o que prejudica o pegamento dos frutos, principalmente em cultivo protegido. Esse problema também pode ocorrer em locais com umidade elevada e bastante vento ou em plantas com deficiência de fósforo e excesso de nitrogênio.
Para o controle, deve-se realizar uma adubação equilibrada, sem déficit nem excessos, e evitar o plantio em épocas muito quentes. Em locais quentes, cultivares com resistência ao calor serão menos afetadas por esse problema.
Arroxeamento das folhas / caule do tomateiro
O arroxeamento do caule e/ou folhas no tomateiro é causado por ventos frios, e é muito semelhante aos sintomas de deficiência de fósforo. Assim, deve-se cuidar para não haver confusão. No caso de ventos frios, o arroxeamento ocorre apenas na face exposta ao vento.
Frutos ocos no tomateiro
Nesse distúrbio, o interior do fruto fica vazio na região entre a polpa e as sementes, e é causado por excesso de nitrogênio associado à deficiência de potássio durante a formação dos frutos. Essa doença reduz o tempo de prateleira dos frutos.
O controle é feito realizando uma adubação de cobertura equilibrada, evitando o excesso de nitrogênio e o déficit de potássio. Recomenda-se uma proporção N/K com relação de 1:2 ou 1:3.
Ombro verde no tomateiro
O ombro verde é caracterizado pelo esverdeamento do fruto na região do pedúnculo, ocorrendo com maior incidência em algumas cultivares de tomate mais sensíveis à doença. O déficit de potássio e excesso de nitrogênio contribuem para essa doença. Em cultivo protegido, o raleio de folhas que favorece a luminosidade reduz o sintoma. Além disso, deve-se realizar uma adubação equilibrada.
Rachaduras no tomateiro
As rachaduras ocorrem próximo ao pedúnculo, e surgem quando ocorre falta de água durante a formação do fruto, com posterior fornecimento de água. O fruto volta a crescer mas a película não acompanha o crescimento rápido, causando a rachadura. As rachaduras não só comprometem totalmente a aparência do fruto, mas também servem como porta de entrada para bactérias e fungos causadores de doenças. Além do desbalanceamento hídrico, a doença ocorre também por variações bruscas de temperatura.
Para o controle do problema, deve-se evitar variações no teor de umidade do solo, e optar por cultivares menos suscetíveis ao problema. Além disso, pode-se aplicar cálcio e giberelinas para amenizar o problema.
Lóculo aberto no tomateiro
O lóculo aberto no tomateiro é caracterizado por uma rachadura profunda no fruto, expondo as sementes e deixando o fruto deformado. É causado pela deficiência de boro, e as cultivares mais suscetíveis são as do grupo Salada. O controle dessa doença é feito com a aplicação de bórax no solo no plantio (15 a 20 kg/ha), misturado com outros adubos. Também pode-se pulverizar ácido bórico (2 a 3 g/L de água) semanalmente, dirigindo a aplicação à penca.
Podridão apical do tomateiro
Conhecida também como fundo preto, ocorre com frequência no plantio de tomate, e é causada por deficiência de cálcio, falta de água e excesso de sais. Além disso, fatores que intensificam a transpiração foliar aumentam a incidência da doença, principalmente durante a frutificação.
Os tomates, ainda verdes, ficam com aparência coriácea, amarronzada, deprimida e seca. Como o cálcio possui baixa mobilidade na planta, assim que os sintomas ocorrem em uma penca, todos os frutos das pencas seguintes terão a deficiência se o controle não for feito a tempo. Além disso, pode ocorrer também o "coração preto", que é o escurecimento interno do fruto.
Para controlar a podridão apical no tomateiro, recomenda-se:
- Realizar calagem adequada, aumentando o teor de cálcio para níveis acima de 4 cmolc/dm-3;
- Manter umidade adequada no solo, principalmente na fase de frutificação;
- Parcelar as adubações de cobertura, evitando excesso de nitrogênio e potássio;
- Usar preferencialmente adubos nitrogenados em forma nítrica;
- Utilizar cultivares tolerantes à deficiência de cálcio;
- Para o controle, realizar aplicação foliar de cloreto de cálcio ou nitrato de cálcio em concentração de 0,6%. O cálcio deve atingir os frutos, preferencialmente na região apical.
Clorose internerval no tomateiro
Essa doença causa uma clorose entre as nervuras das folhas mais velhas, ocorrendo geralmente no início da frutificação, e é causada pela deficiência de magnésio, mas pode ser causada também pela toxidez por herbicidas como a trifluralina.
Escaldadura / queima pelo sol do tomateiro
Como o nome diz, ocorre pela queima causada pela incidência direta de sol no fruto, o que ocorre com a desfolha da planta (seja por ataques de pragas ou doenças, seja pela poda) resultando em manchas amarelo-esbranquiçadas, podendo a epiderme dos frutos ficar enrugada. A morte do tecido facilita a entrada de microrganismos secundários, que podem causar a queda do fruto. O distúrbio é mais frequente no verão, devido à maior intensidade luminosa.
Para o controle, deve-se evitar a perda de folhas, evitando podas drásticas, usando cultivares com área foliar adequada, e fazendo um bom controle de pragas e doenças.
Amadurecimento irregular do tomateiro
O amadurecimento irregular do tomateiro possui como característica a ausência de pigmentação vermelha em algumas partes do fruto de tomate, ficando com uma coloração amarela ou verde-acinzentada. Ocorre que, quando o tomateiro é plantado em temperaturas acima de 30ºC, a síntese do licopeno (pigmento responsável pela coloração vermelha) é interrompida, e ocorre sobreposição do caroteno (pigmento de coloração amarelada), o que causa o amarelecimento do tomate.
Além da temperatura, longos períodos com dias nublados, intensidade de luz inadequada e deficiência de potássio também contribuem para o problema.
O controle é feito através de adubação balanceada, principalmente quanto ao potássio, e realizando o plantio em época adequada.
Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo
Referências:
ALVARENGA, M. A. R. Doenças Fisiológicas. In: ALVARENGA, M. A. R. Tomate: Produção em campo, casa de vegetação e hidroponia. 3. ed. Lavras, MG: Editora Universitária de Lavras, 2022. cap. 13, p. 401-414.
FONTES, P. C. R. Podridão apical do tomate, queima dos bordos das folhas de alface e depressão amarga dos frutos em maçã: deficiência de Ca?. Horticultura Brasileira, v. 21, n. 4, p.144, 2003.
LOPES, C. A.; REIS, A. Doenças do tomateiro cultivado em ambiente protegido. Embrapa - Circular Técnica 100, Brasília, DF, ed. 2, 2011.
LOPES, C. A.; SANTOS, J. R. M. Doenças do tomateiro. Brasília: CNPH/EMBRAPA,SPI, 1994. 67p.