Mercado de sementes enfrenta escassez e desafios econômicos, afirma engenheiro agrônomo
Produtores enfrentam dificuldades de acesso ao crédito, o que limita o investimento
Nos últimos três meses, o mercado de sementes no Brasil tem enfrentado uma série de desafios e avanços, de acordo com Márcio Pacheco Ribeiro, engenheiro agrônomo e sócio da Pacheco Agronegócios. Márcio, que atua há 10 anos no setor de sementes, destacou que a demanda por sementes de alta qualidade continua aquecida, impulsionada por avanços tecnológicos e ganhos genéticos. No entanto, os produtores enfrentam dificuldades de acesso ao crédito, o que limita o investimento em insumos essenciais.
Segundo Márcio, um dos principais problemas enfrentados pelos agricultores é a escassez de cultivares de soja, como Don Mario 66i68, Brasmax Valente, Tec Irga 6070 e Nidera 6601, especialmente no Sul do Rio Grande do Sul. "Os produtores estão sendo forçados a buscar alternativas, enfrentando desafios adicionais na obtenção das sementes desejadas", comenta o especialista.
Além disso, a procura por sementes de milho de menor tecnologia aumentou entre pequenos produtores do Rio Grande do Sul, que já iniciaram o plantio em áreas de rotação com fumo. "Devido às dificuldades financeiras, esses agricultores estão optando por alternativas mais acessíveis para manter a produção, mesmo com recursos limitados", explica Márcio.
O Paraná também enfrenta um cenário desafiador. Apesar do plantio de primeira safra de milho ter atingido 30%, a última safrinha sofreu quebras significativas, e no Mato Grosso do Sul, a produção de milho foi duramente afetada pela seca. Segundo relatórios da Aprosoja-MS, a perda na produção pode chegar a 20%, o que pressiona ainda mais o mercado.
Em relação ao controle de plantas daninhas, as novas tecnologias de Enlist têm se mostrado uma solução eficaz, especialmente em áreas infestadas por Buva no Rio Grande do Sul. Márcio explica que "o Sistema Enlist tem proporcionado um controle mais eficiente, auxiliando os produtores no combate à resistência de herbicidas".
Outro desafio destacado por Márcio Pacheco Ribeiro é o impacto das condições climáticas. Com a transição de El Niño para condições neutras ou La Niña, há previsão de até 400mm de chuva em algumas áreas do Rio Grande do Sul, o que pode retardar o plantio. "Os produtores devem se preparar para adaptar suas culturas às condições climáticas variáveis", afirma Márcio, mencionando relatórios do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).
A colheita de sementes de inverno também não está imune aos desafios. Márcio alerta para as dificuldades na obtenção de sementes de alta qualidade, o que pode representar um obstáculo para a indústria no próximo ano. "Manter os padrões de qualidade será crucial para garantir a competitividade e a sustentabilidade do setor", conclui o engenheiro agrônomo.
Assim, o mercado de sementes no Brasil está em um momento de transição, com avanços tecnológicos e desafios econômicos e climáticos moldando o futuro da produção agrícola.