Atualmente várias táticas de controle da ferrugem asiática da soja estão disponíveis. Entretanto, a maior parte das pesquisas envolve o uso de fungicidas e a resistência da planta hospedeira. A existência de raças dificulta o controle através da resistência vertical. Os fungicidas dos grupos dos triazóis e estrobilurinas têm-se mostrado mais eficientes para o controle da doença, com diferença na eficiência entre princípios ativos dentro de cada grupo.
A presença de plantas voluntárias ainda presentes no início da safra favorecem a manutenção do inóculo (esporos) no campo, e as mesmas devem ser dessecadas. No Paraguai, além da soja, a leguminosa kudzu (Pueraria lobata) é uma importante fonte de inóculo, por ser uma planta perene amplamente estabelecida e altamente suscetível à ferrugem.
A evolução da doença e a severidade final nas cultivares varia em função da época de semeadura. Quando a semeadura é realizada em novembro, a infecção tende a iniciar no estádio da formação da semente (R5), ocorrendo maior severidade no final do ciclo das cultivares. Com semeadura em dezembro, a doença inicia no estádio de início da formação da vagem (R3) e a severidade foi maior na formação da semente (R5).
A quantificação de danos é o ponto chave na definição de qualquer estratégia de controle. Estudos nesse sentido estão sendo desenvolvidos na safra e entressafra, associados com o monitoramento de uredosporos da ferrugem no ar. A proposta é a de quantificar os danos causados pela doença e estudar a influência da densidade de esporos no ar, sua relação com as variáveis climáticas, incidência e severidade da ferrugem asiática da soja em uma região onde a doença ocorre de forma epidêmica.
A disseminação da ferrugem ocorre unicamente através da dispersão dos uredósporos pelo vento. Os uredósporos seguem a direção do vento podendo se deslocar até 96 km por semana. O alastramento da doença dentro da lavoura pode chegar a 3,0 metros por dia. Portanto, variáveis como densidade de plantio, época de plantio, estádio fenológico, espaçamento, variedade, quantidade de inóculo residual, devem ser considerados no manejo da doença. O clima é considerado o fator chave na epidemiologia da ferrugem asiática da soja. Variáveis ambientais são influenciadas pelo macro, meso ou microclima, as quais afetam diferentes processos do ciclo da doença e também influenciam na taxa de progresso e a severidade das epidemias. No campo, a chuva parece ser o fator chave que influencia na severidade da doença em escala regional, sendo que a doença aparece mais tarde e sua dispersão é mais lenta sob condições de seca por período prolongado.
Considerando a gravidade da doença, diversos estados adotaram o “vazio sanitário”, período de 60 a 90 dias sem plantas de soja no campo, como uma estratégia para reduzir a quantidade de inóculo na entressafra, retardando o aparecimento da doença durante a safra de verão.
Outra medida de manejo que pode ser adotada é o escalonamento de semeadura, em relação ao ciclo da cultura. As plantas precoces passam menos tempo no campo, são colhidas mais cedo e, desse modo, podem “escapar” da doença ou serem menos atingidas. Como na maioria das regiões não se tem soja no inverno, nas primeiras semeaduras o fungo iniciaria sua multiplicação, e a tendência é que o inóculo aumente com o evoluir da safra. Desse modo, as semeaduras mais cedo também apresentam um mecanismo de escape quanto à concentração de inóculo.
Outras medidas que podem resultar na melhoria da eficiência do controle são:
a) utilizar cultivares mais precoces semeadas no início da época recomendada para cada região, e assim, evitar o prolongamento do período de semeadura para escapar da maior concentração do inóculo;
b)monitoramento das lavouras;
c) observar as condições de temperatura (15ºC a 28ºC) e período de molhamento acima de 6 horas que são favoráveis à infecção.
A forma ideal de controle da ferrugem é através da resistência genética, porém, até o momento, não há cultivares disponíveis comercialmente. Quando a doença já está ocorrendo, o controle químico com fungicida é, até o momento, a principal medida de controle. A estratégia que tem sido usada com maior frequência é o monitoramento da doença associado ao controle químico. A decisão sobre o momento de aplicação (sintomas iniciais ou preventiva) deve ser técnica, levando em conta os fatores necessários para o aparecimento da ferrugem (presença do fungo na região, idade das plantas e condição climática favorável), a logística de aplicação (disponibilidade de equipamentos e tamanho da propriedade), a presença de outras doenças e o custo do controle.
O atraso na aplicação, após constatados os sintomas iniciais, pode acarretar em redução de produtividade, caso as condições climáticas favoreçam o progresso da doença. O número e a necessidade de reaplicações vão ser determinados pelo estádio em que for identificada a doença na lavoura e pelo período residual dos produtos.
José Luis da Silva Nunes
Eng. Agrº, Dr. em Fitotecnia