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PIB trimestral: melhorou, mas...


O PIB do primeiro trimestre cresceu 0,8% em relação ao trimestre anterior, mostrando-se melhor do que os resultados dos dois trimestres que encerraram 2023. De fato, vínhamos de uma situação de estagnação econômica (0% no terceiro trimestre/23 e -0,1% no quarto trimestre/23). Assim, é positiva a reação deste início de ano. Em 12 meses, finalizados em março/24, o PIB acumula alta de 2,5%.

Colaborou para este comportamento, o consumo das famílias, com crescimento de 1,5% no período, e a recuperação da indústria (2,8%) e dos serviços (3%) em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, a agropecuária registrou queda de 3% nesta mesma comparação. Enfim, os investimentos (FBCF) cresceram 4,1% no trimestre, após muito tempo em queda. Melhoria dos investimentos representa potencial melhora do crescimento futuro. Dito isso, é preciso olhar igualmente para o outro lado da moeda.

O crescimento do primeiro semestre se deu sobre uma base anterior muito fraca. Por outro lado, ele foi menor do que o crescimento do primeiro trimestre de 2023, o qual alcançou 1,3%. Além disso, ele acumula, para efeitos de país, o principal da produção agropecuária. Nos trimestres seguintes, a economia dependerá ainda mais da indústria e serviços, setores que encontram dificuldades, especialmente o primeiro, em se manter em crescimento sustentável.

Soma-se a isso o fato de que o aumento no consumo das famílias se dá, em boa parte, pelo consumo da poupança já que o trimestre representa o período das férias, carnaval e outros eventos de verão. Mesmo que o auxílio público continue, a redução da poupança compromete o consumo futuro. Enfim, a taxa de investimentos, embora a melhoria trimestral, em relação ao PIB recuou para 16,9%, contra 17,1% um ano antes e contra o ideal que seria em torno de 25%. E ainda, no segundo trimestre, que se encerra em 30/06, serão computados os efeitos nocivos das enchentes no Rio Grande do Sul. Assim, não surpreende que a projeção do PIB nacional, até o final do ano, é de desaceleração, com o ano devendo se encerrar entre 1,7% e 2,1%, contra 2,9% no ano passado e 3,0% em 2022. Isso deveria estimular a redução da Selic, porém, tal ação tem o grande empecilho da crise fiscal, cada vez mais evidente, a qual ajuda a desvalorizar a moeda, puxando a inflação para cima.

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