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O que esconde a taxa de de desemprego



O Brasil registra constantes quedas no desemprego geral nos últimos trimestres. O último levantamento do Novo Caged, com dados do trimestre encerrado em agosto/24, informa que a taxa de desemprego nacional caiu para 6,6%. É a menor taxa desde o início da pesquisa, em 2012, sendo que a população desocupada ficou no menor número desde o trimestre encerrado em janeiro de 2015. Uma realidade positiva, que explica, em boa parte, o aumento do consumo das famílias, o qual colabora para puxar para cima o PIB anual (agora estimado entre 2,5% e 3% para 2024).

No entanto, é preciso olhar estes dados com maior profundidade, para não cairmos em euforias irreais. Aliás, situação já vivida em diversos governos anteriores. Por exemplo: estes números e taxas não incluem as pessoas que desistiram de procurar emprego ou trabalham menos do que gostariam. Somente com a inclusão dos trabalhadores subutilizados, cálculo que é feito pela Pnad Contínua, a taxa de desemprego dobraria. Sem considerar que há milhões que desistiram de procurar emprego, parte acomodada com os auxílios públicos e, outro tanto, porque não encontra mesmo emprego em função de sua desqualificação.

Por sua vez, a média brasileira também esconde que certos estados estão em situação pior que outros, e que o desemprego é maior para as mulheres, a população negra e os jovens com idade entre 18 e 24 anos. Ou seja, existe uma forte seleção por gênero, raça e idade. No caso das diferenças estaduais, “enquanto Santa Catarina (3,2%), Mato Grosso (3,3%), Rondônia (3.3%) e Mato Grosso do Sul (3,4%) flertam com o pleno-emprego, a taxa de desocupação é três vezes maior em Pernambuco (11,5%) e na Bahia (11,1%)” (cf. https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2024/09/20/).

Assim, não se pode falar de pleno emprego no país diante de tais distorções, que são históricas. Se não há dúvida de que a situação vem melhorando nos últimos tempos, a tal ponto que “todos esses números combinados indicam que estamos perto do esgotamento de utilização da nossa força de trabalho” (cf. Zylberstajn, H. especialista em mercado de trabalho), também é verdade que ainda estamos longe do ideal, o que nos obriga, como sempre, ao realismo, trabalhando por um país melhor, acima daqueles que alimentam os ranços ideológicos radicais e/ou sem conexão com a verdade.  


 

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